Satyro

SATYRO DE MELO MARQUES

Assina: Satyro n Maceió, AL, 1935.

PINTOR E DESENHISTA

                De formação autodidata, iniciou seus estudos de desenho e de pintura no seu Estado natal. Fez curso de aplicação de cores no Rio de Janeiro, onde permaneceu por dois anos. No Recife, em 1972, com o apoio do cronista José de Souza Alencar (Alex) realiza a sua primeira individual na Galeria Firenze. Antes de se fixar definitivamente no Rio de Janeiro em 1976, realizou exposições em Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

                Walmir Ayala no livro Dicionário de Pintores Brasileiros registrou: “A concentração, disciplina e tenacidade de Satyro Marques, pintor alagoano residente no Rio de Janeiro, ressaltam a qualidade cada vez mais evidente de seus trabalhos, nos quais o refinamento e a transfiguração convivem em perfeito equilíbrio. Apesar da sabedoria com que fixa manchas e transparências, a habilidade com que cria dimensões espaciais de um caráter onírico não distancia este pintor do magnetismo da figura. Esta fatalidade conta ainda como dada de interesse e propriedade, num momento em que mesmo pintores abstracionistas de renome, como Manabu Mabe, tentaram ou tentam uma reaproximação com formas codificadas dentro do plano das imagens figurativas. Satyro nunca se afastou desta referência, construindo sobre a sutil revelação de seus grupos de animais ou pessoas a atmosfera mágica que é o forte de seu testemunho. Ao avançar para uma série unitária dos chamados rituais, ele desenvolve situações de amorosa luta, ou combativo amor, nas quais os personagens permanecem envolvidos numa trama luminosa, forjando um instante exaltado e dionisíaco”. (…)

                O crítico Mário Margutti na análise do trabalho do artista diz que: “… Observando-se atentamente as temáticas preferidas pelo artista, pode-se notar uma rica travessia do regional ao universal. De um lado, as suas raízes brasileiras: rituais de candomblé, bumba-meu-boi, cangaceiros, garimpeiros de Serra Pelada, trabalhadores subterrâneos das Minas Gerais e cenas esportivas. Do outro lado, o mergulho apaixonado na dimensão dos mitos, das lendas e dos arquétipos: Cavaleiros do Apocalipse. Amazonas, pássaros simbólicos em plena metamorfose, guerreiros, peregrinos trilhando misteriosas paisagens. Todas as suas pinturas, apesar da forte presença do abstracionismo, nascem de estudos prévios através do desenho… O artista reconhece que, no campo exclusivo do desenho, a dinâmica gestual vai para um segundo plano. Mas como não admite o desenho convencional, muito definido, o artista acrescenta nos trabalhos a força rítmica das abstrações, abrindo caminho para maior liberdade das formas e da sua rica imaginação”.

                Já na observação de Geraldo Edson de Andrade, da Associação Brasileira de Críticos de Arte: “Satyro Marques não se filia a nenhuma das correntes em voga na pintura brasileira contemporânea, nem tampouco está imbuído de inovações estéticas revolucionárias, objetivando atrair as atenções da crítica especializada… Pintor com obra personalíssima, ele tem se mantido, no decorrer de sua carreira, numa posição discreta, porém reconhecida pelo público, com quem mantém grande empatia. Fiel a figuração, expande-se tematicamente nas aglomerações humanas naqueles instantes do movimento, jamais na imobilidade do gesto puro e simples. Dessa maneira, jogadores de pólo, lanceiros, saltadores de obstáculos, tanto quanto garimpeiros e personagens ligados aos cultos afro-brasileiros convivem nas suas telas. Sua pintura reflete um refinamento criativo que é uma de suas qualidades como artista”.

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