Chalita

PIERRE GABRIEL NAJM CHALITA

Assina: CHALITA 4Maceió, AL, 30/01/1930.


PINTOR
, DECORADOR, ARQUITETO E PROFESSOR.

                Diplomado pela Faculdade Nacional de Arquitetura da antiga Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, onde terminou o curso iniciado em 1950, na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.  Foi professor nessa mesma Escola, de Técnicas de Composição Artística no curso de professorado do Desenho.

                No início de sua carreira, a par de revelar gosto pela pintura, estudou técnica de piano, tornando-se intérprete de Bach, Chopin e Schumann.

                Estudante de arquitetura na Escola de Belas Artes do Recife recebeu o apoio do pintor Murilo La Greca, que o influenciou no sentimento da forma e da cor.  Ainda estudante de arquitetura e já no Rio de Janeiro, pintou num velho deposito do prédio da Reitoria da então Universidade do Brasil, o quadro “Mulher de Baalbeck”, que despertou o interesse do Reitor, enviando-o por seis meses à Madri, por intermédio do Instituto de Cultura Hispânica.  Chalita então levou para a Espanha a sua série de pinturas “Baile do Teatro João Caetano”, cuja exibição não pôde ser feita. Tentando pela segunda vez expor essa série nas “Cuevas de Cezano”, por ocasião do concurso literário anual promovido pelo proprietário, esta mostra mais uma vez foi impraticável, visto que o concurso havia atraido ao local considerável número de pessoas.  Ainda na Espanha, sob impressões adquiridas na sua visita ao Museu do Prado, pintou a “Crucificação”, óleo sobre tela de 3 x 2 metros, que enviou para a Exposição de Arte e Cultura sul-americana, realizada no Colégio Nossa Senhora de Guadalupe.  Não se fez, porém, sua apresentação.

                Depois de estudar sob a orientação do pintor Valverde, da Academia Real de Santiago, transferiu-se para Paris, onde, em 1958, estudou na Escola de Belas Artes sob a orientação de Chapelain-Mydi.  Em 1959, foi contratado como decorador-chefe do filme de longa-metragem “Un jour comme les autres”, de Paul Bordry e, em 1960, do filme “Les mines orienteaux et occidentaux”, de Jean Doat e Bordry, para a UNESCO.  Ainda em Paris, realizou exposição na Galeria Nord, inaugurada pelo Embaixador André-François Pancel, da Academia Francesa e presidente da Cruz Vermelha da França. Em 1961, realizou exposição em Beirut, no Líbano e fez uma palestra sobre a arte em geral e arquitetura no Brasil, através da televisão francesa.

                Chalita volta ao Brasil em 1962, assumindo a Cadeira de Composição de Pintura na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife, passando depois, a reger a Cadeira de Técnica do Curso de Professorado de Desenho da mesma Escola. Apesar de morar em Macei’/Alagoas, manteve por longo período um atelier na Rua Camboa do Carmo, em Recife, onde ministrou aulas de pintura para muitos alunos, entre os quais, hoje alguns participantes ativos e de destaque no cenário das artes plásticas.

                 Jean Labathe publica em Paris no La Depeche du Midi, em 1958: “O pintor, de grande sensibilidade, não busca o escândalo. Quis somente exprimir o que viu, tanto o chocou, e de que conserva cruel recordação. Seus quadros se caracterizam pela espontaneidade e sinceridade. São realistas, mas com tendência Expressionista. Chalita é um trágico”.                José Roberto Teixeira Leite, escreveu em 1969: “Há nele alguma coisa de um romântico e muito de um barroco, pertencendo o nosso artista aquela nobre estirpe a que se filiaram entre tantos Rubens e Delacroix. Sua execução é rápida e nervosa limitando o artista a um mínimo possível seus meios materiais, tanto assim que joga com duas ou três cores somente, criando todo um mundo de nuanças, e utiliza o suporte em branco como valioso elemento cromático. Não sem motivo interessou-se ele no inicio da carreira, pela música, e não sem razão já foi dito que toda a arte aspira a condição da música”.

                Ruy Sampaio escreveu: “Desde os seus começos, o trabalho desse alagoano é dividido em duas séries: O BAILE e O PARAÍSO. Na primeira, temos uma determinada categoria de indivíduos retratada na tortura de duas verdades existenciais em choque com as meias verdades do Estabelecido. Na segunda temos questionado esse ordenamento de conceitos passados em julgado, que uma civilização, por inércia, sancionou como valores”. 

               “No Baile, em princípio, os tons são quentes, há a elétrica vibração de um phatos acentuada pela composição diagonal e a larga pincelada dos barrocos; aí é forte, nas fisionomias, como nos fundos enigmáticos, a presença do expressionismo. No Paraíso, de maneira geral, estão os verdes, os violetas, os azuis, tons frios de uma pureza inútil, de uma harmonia estéril, de uma bem-aventurança estereotipada em que anjos com asas de morcego se acotovelam com curas de batinas e chapelões vieux jeu; trata-se de uma série de inegável estilo satírico, onde a ironia põe requebros na Respeitabilidade, traveste a Beatitude, maquia a Ordem e faz falar em falsete a Hierarquia”.

                “Em termos ontológicos a primeira série é um registro do drama do homem enquanto circunstância pessoal; na segunda esse registro questiona os valores do espaço cultural em que essa tragédia se move. É altamente enriquecedor esse processo, na medida em que, de uma a outra série, o artista contextualiza seus personagens numa problemática que os transcende enquanto visão meramente individual e os coloca diante das propostas, das perplexidades, dos impasses do nosso tempo. Nesse sentido é importante notar que há, no mínimo, uma simplificação (e todos sabemos quanto são elas perigosas em estética) na corrente que pretende para a obra de Chalita uma simbologia ao nível da simples crônica das minorias eróticas. Creio, pelo contrário, que, nesse trabalho, fiel aos mesmos motivos temáticos há mais de 20 anos, essas minorias mais servem do que são. Ao advogar para elas posição de pura referência fabular, eu diria, por exemplo, que Pierre utiliza sodomitas como Hitchcock utilizou pássaros. Aliás essa será talvez a maior qualidade de sua obra: exigir nossas capacidades de analogia e mimese”. (…) 

               “Denso e tenso no seu exercício de ironia e indagação, ele conduz, como um meneur circense, a maneira de Fellini, os personagens de sua saga sem heróis, camuflada em burlesco ou em provinciana crônica de costumes, mas na verdade, portadora de uma carga de contestação muito mais poderosa que essas descomprometidas aparências.  Saga menos que da facilidade dos adjetivos, merecedora de discussões e repensagens”.PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES: 1954: ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1961: BEIRUT, (LÍBANO) 1962: TEATRO SANTA ISABEL, ESCOLA DE BELAS ARTES e GALERIA DO ROSÁRIO, em RECIFE (PE); GALERIA DA RIBEIRA, OLINDA (PE); TEATRO DEODORO DA FONSECA, MACEIÓ (AL); GALERIA QUIRINO, SALVADOR (BA) 1967: TEATRO POPULAR DO NORDESTE, RECIFE (PE) 1968: MIRANTE DAS ARTES, SÃO PAULO (SP) 1969:  GALERIA CONTEMPORÂNEA, RECIFE (PE); GALERIA OCA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1970: FUNDAÇÃO ALVARES PENTEADO, “RETROSPECTIVA” e GALERIA PORTAL, SÃO PAULO (SP) 1971: MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE PERNAMBUCO, OLINDA (PE); GALERIA IPANEMA, RIO DE JANEIRO (RJ); BRASÍLIA (DF) 1972: SUCATA DECORAÇÕES, RECIFE (PE); GALERIA RECANTO DO OURO PRETO, FORTALEZA (CE) 1973: MUSEU DE ARTE SACRA, SALVADOR (BA); ESCOLA DE ARTE DA UFPE, RECIFE (PE); FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, NATAL (RN); GALERIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA, JOÃO PESSOA (PB) 1974: MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1975: MAC/PE, “I SALÃO DE NUS ARTÍSTICOS”, OLINDA (PE) 1976: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “INAUGURAÇÃO”, RECIFE (PE); GALERIA SETA, SÃO PAULO (SP) 1977: MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PARANÁ, CURITIBA (PR) 1978: RANULPHO GALERIA DE ARTE e RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “ACRÍLICOS”, RECIFE (PE) 1979: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “30 ANOS DE CHALITA”, RECIFE (PE) 1983: GALERIA DE ARTE DA CASA DO BRASIL (EMBAIXADA DO BRASIL), ROMA (ITÁLIA); GALERIA HONTAKT-ZENTRUM, VIENA (ÁUSTRIA); CASA DO BRASIL, MADRI (ESPANHA); EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DA PAZ, ASSIS (ITÁLIA) 1985: GALERIA GAMELA, JOÃO PESSOA (PB); FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, NATAL (RN); GALERIA METROPOLITANA ALOISIO MAGALHÃES, RECIFE (PE) 1988: GALERIA CEZANNE, “O TRANSEXPRESSIONISMO DE CHALITA”, RECIFE (PE); FUNDAÇÃO ESPAÇO CULTURAL DA PARAIBA, “RETROSPECTIVA”, JOÃO PESSOA (PB) 1989: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, MACEIÓ (AL); PINACOTECA DE SÃO PAULO, “SURREALISTAS BRASILEIROS”, SÃO PAULO (SP); GALERIA PORTOFOLIO, BRASÍLIA (DF) 1990: GALERIA BETTY BARRETO, SÃO PAULO (SP); CENTRO DE ESTUDOS BRASILEIROS, BUENOS AIRES (ARGENTINA) 1991: GALERIA PERFORMANCE, BRASÍLIA (DF).

PARTICIPAÇÕES: 1955: Conclui o curso de Arquitetura na FACULDADE NACIONAL DO RIO DE JANEIRO. 1957: Estuda com o mestre VALVERDE, na REAL ACADEMIA DE SÃO FERNANDO, Madri, Espanha. 1958: Trabalha em pintura na ESCOLA DE BELAS ARTES DE PARIS, sob a orientação de Chapelain-Mydi. 1959: Realiza a cenografia do filme “UN JOUR COMME LES AUTRES”,  longa-metragem de  PAUL BORDRY,  em Limoges e Paris. 1960: Realiza a cenografia do filme “LES MINES ORIENTEAUX ET OCCIDENTAUX”, de BORDRY e JEAN DOAT, em Paris. 1962: Volta ao Brasil como Professor Catedrático da ESCOLA DE BELAS ARTES da UFPE, em Recife/PE. 1968: Projeta e restaura o PALÁCIO DO BARÃO DE JARAGUÁ, em Maceió/AL. 1971: É nomeado presidente da SOCIEDADE DE CULTURA ARTÍSTICA, em Maceió/AL. 1972: Funda o MUSEU PIERRE CHALITA, Maceió/AL. 1973: Como arquiteto, restaura a ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de Maceió/AL e foi autor do projeto de RESTAURAÇÃO DAS CIDADES HISTÓRICAS DE ALAGOAS. 1974: Arquiteto-restaurador do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESTADO DE ALAGOAS e Recebe o título de Sócio-Benemérito do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESTADO DE ALAGOAS. 1977: Ilustra o livro “PEQUENOS POEMAS EM PROSA”, de BAUDELAIRE, traduzido por AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. 1978: Profere palestra sobre “ARTE IMPRESSIONISTA”, na Rodrigues Galeria de Artes, Recife/PE. 1979: Recebe a Comenda “Pedro Alvares Cabral” da SOCIEDADE GEOGRÁFICA DE SÃO PAULO/SP e é eleito presidente da ASSOCIAÇÃO DE CULTURA FRANCO-BRASILEIRA, em Maceió/AL. 1980: Preside o V Encontro de Trabalho no 1º ENCONTRO DE ARTISTAS PLÁSTICOS PROFISSIONAIS, Rio de Janeiro, Cria a FUNDAÇÃO PIERRE CHALITA, Maceió/AL, Pinta um retrato do Papa JOÃO PAULO II, para a Coleção do Museu do Vaticano, Itália. Expõe suas pinturas dos Monumentos Históricos e Artísticos de Alagoas, em São Paulo e Rio de Janeiro e Coordena a exposição “DEZ PINTORES DA FUNDAÇÃO PIERRE CHALITA”, no Museu do Estado de Pernambuco. 1982: É nomeado professor da UNIVERSIDADE FEDERAL, Maceió/AL e Ilustra o livro “ANTOLOGIA CONTISTAS ALAGOANOS”, editado por RICARDO RAMOS, São Paulo/SP. 1983: Representa o Brasil na EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DA PAZ, em Assis/Itália. 1986: A convite da UNIVERSIDADE DE ROMA, profere palestra sobre a ARQUITETURA BRASILEIRA, em Roma/Itália. 1987: Lança  nacionalmente o livro “UM ANJO NO GALINHEIRO”, ilustrado com suas pinturas e texto de MIGUEL JORGE, publicado pela Barlendis & Vertecchia Editores e inaugura o MUSEU DE ARTE da FUNDAÇÃO PIERRE CHALITA, em Maceió/AL.

BIBLIOGRAFIAS

Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil. Júlio Louzada, São Paulo, v.3 e 5, p.259 e 235.Anuário Ernani de Arte. Léo Christiano Editorial, Rio de Janeiro, Edição 1984, p.52 e 259.Cavalcanti, Carlos. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Inst.Nac.do Livro/MEC, Brasília, v.1, p.399.Ayala, Walmir. Dicionário de Pintores Brasileiros. Spala Editora, Rio de Janeiro, v.1, p.195. 

Obs: Dados Biográficos colhidos no Século XX.

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