Ana Silvestre

ANA MARIA ARAUJO SILVESTRE

Assina: Ana Silvestre 4 Arcoverde, PE, 11/02/1942.

PINTORA

            Natural de Arcoverde, Ana veio para Recife ainda menina, sempre com tendência para as artes plásticas.   Autodidata, há mais de dez anos aplica a sua criatividade em desenhos e pinturas.

            O mistério da vida e da terra onde símbolos se completam e se confundem numa paisagem. Uma mensagem onde se observa a beleza da natureza, mas, principalmente, o resultado do sentir da artista, que expressa de forma orgânica e transcendental os seus modos de pensar e de saber, os seus valores culturais – a sua arte. Ana Silvestre como ninguém, sabe captar a flora, a fauna, o ar, a água, o céu e a luz, através de sua criatividade, e, é assim que ela revela o seu momento mágico e também se encontra consigo mesmo e com todos nós.

            Psicóloga da linha psicanalítica, a partir de 1978 dedicou-se também a arte plástica e como autodidata utiliza a técnica do desenho e da pintura. Suas obras atraem quem as vê, resultado da habilidade especial com que pincela as superfícies de seus quadros e o cromatismo equilibrado que emprega. Pintando durante todo esse tempo para o seu próprio mundo, Ana resistiu por mais de uma década às mais diversas propostas para aquisição dos seus trabalhos, conseguindo dessa forma acumular uma interessantíssima coleção, através de uma série de bico-de-pena sobre papel, acrílica sobre tela e técnica mista, com uma temática prioritariamente voltada para o floral, além de composições surrealistas. Hoje, já ocupa um lugar de destaque no metier das artes.

            Sua primeira mostra individual, reunindo cerca de 50 cinqüenta trabalhos selecionados do seu acervo e preconizados pelos críticos que já os viram, foram expostos na Rodrigues Galeria de Artes no dia 22 de Setembro de 1993, com bastante sucesso.

            Participa em 1994, de um curso ministrado pelo artista plástico Flávio Gadêlha, na Escolinha de Arte do Recife.

            Francisco Bandeira de Melo, em 1993, ilustrou o seu convite com a seguinte crítica: “Observa-se instantaneamente, nos quadros de Ana Silvestre, uma luta obsessiva dos elementos da natureza, transfigurada pelos estados brutos da alma. Trata-se, a meu ver, ainda, de uma artista espontânea, de uma espécie de naive atormentada, que fez não propriamente do desenho, mas das tintas a sua forma (ou força) de expressão. Se tivéssemos, todavia, de aproximá-la de alguém nos quadros da pintura, poderíamos situá-la nas vizinhanças do expressionismo – seja de um Van Gogh com suas flores e cores enlouquecidas, seja de um Munch com suas manchas de vida sombria. Ambos, no entanto, talvez matizados pela singeleza discreta e delicada de (mero exemplo) uma Marie Lurencin. A de Ana Silvestre, enfim, é uma pintura que busca o seu próprio caminho e, nele, o chamado domínio do metier, que nada mais é do que o rigor obstinado – mas que, nela, desde já transborda, jorra e até fulgura com muita força vital”.

            Amélia Medeiros de Oliveira e Silva, Psicanalista, escreveu: “O título da exposição de Ana‚ um significante privilegiado que se investe de particular importância, sobretudo porque um patronímico aí perpassa”.

            “Um nome que se assina – SILVESTRE – nas linhas, no movimento, nas cores, na fragrância, restos de luz e sombra dessa natureza que Ana na polivalência do seu pincel sutilmente transforma em veredas: dom, possibilidade e desafio à dialética do olhar”.

            “Efeito de seu próprio ato criador, o artista engendra-se a si mesmo no que há de singular único e irrepetível em que seu trabalho recebe nome. Que é um nome? /  Nome não dá : nome recebe”.  (Guimarães Rosa – Grande Sertão Veredas)

            Jomard Muniz de Britto registrou em 27 de Agosto de 1993:Impunemente pressinto que Clarice Lispector desejaria fruir essas outras flores que não cabem nos catálogos da crítica nem da botânica. Pressentir é mais do que imaginar ou conceber. Vale como sinal de adivinhação saboreada construtivamente. Por isso, de Clarice, assumo apropriações, também impunes, jamais isentas: ‘talvez o ar despojado, a delicadeza de coisa vivida e depois revivida, e não certo arrojo dos que não sabem. ’ E se fantasiam de malabaristas da artevida”.

            “Por Ana, esse delicado despojamento das flores‚ tão visceral, orgânico, e singularmente, tão fonte significante das mais silvestres e plurais sublimações. De algo, plena carência, vivida e revivida entre o real, o imaginário e o cultural sem barras. Do visível, da utopia concreta e da clandestina felicidade que nos redesenha e reaproxima. Pelo avesso dos rótulos e estilos consagrados. A medula da sagração do primaveril como gesto. A desmedida do suavemente finito por destino. A pulsante memória da infância perturbadora”.

            “Outra vez, relendo no entrelugar de Clarice: tanto em pintura como em música e literatura, tantas vezes o que chamam de figurativo me parece o abstrato de uma realidade mais delicada e dilacerante, mais inefável e perigosa. Portanto, essas outras flores, brasilíricas, de tão despojadas, delicadas e silvestres. Selvagens na singeleza do despojamento de Ana. Sutis por necessidade vital, afetiva e espetacular. Situação-limite da abstração ao concreto, do fugaz ao intemporal, da carnalidade do mundo… mais terna sublimidade das paixões criativas. São flores de flores de outros pássaros narcisamente silvestres, alados, abissais e vertiginosos. Pelos vestígios da caosmose… produção de novas subjetividades”.

 

iFalta atualizar.

Deixe um comentário

Language »
× Fale conosco pelo WhatsApp?