Miguel dos Santos – “Cavaleiro”

Miguel dos Santos (PE) – “Cavaleiro” – Serigrafia s/Papel – c/mold – Ass.cid1983 –

MIGUEL DOMINGOS DOS SANTOS

Assina: Miguel dos Santos – Caruaru, PE, 03/11/1944.

PINTOR E CERAMISTA

Os bonecos de Vitalino foram seus brinquedos na sua infância em Caruaru. Seu primeiro contato com a arte aconteceu nas agitadas feiras semanais, repletas de artistas populares. Miguel dos Santos se tornou pintor, escultor e desenhista sem nunca abandonar esse universo estruturado em raízes brasileiras. Inicialmente pintor, dedicou-se também a cerâmica em 1967. Autodidata, vivendo em João Pessoa desde 1960, participou da primeira mostra coletiva no Teatro Santa Rosa, na Paraíba. Na trajetória de seu trabalho realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior.

O crítico de arte Frederico Morais escreveu: “Vistas em conjunto, as peças sugerem uma espécie de procissão ou ritual, cuja origem e significado se perdem na geografia do tempo ou por aqui mesmo naquelas míticas e mágicas terras do sertão nordestino. Enfim, cada peça de cerâmica de Miguel dos Santos tem um toque pessoal e diferente, e o artista, com desenvoltura e imaginação, surpreende continuamente. Sobre Brennand disse certa vez que sua pintura tem cheiro e cor de terra. Acho que posso dizer o mesmo de Miguel dos Santos. Ambos retratam o meio natural, com toda sua força bruta, a vida vivida intensamente, de corpo presente. Mas se Brennand, nas cores e temas representa, sobretudo, a Zona da Mata, com sua exuberância tropical, a mesa posta e farta, Miguel é muito mais um sertão, seco e áspero, cortante e despojado”.

Disse o escritor Ariano Suassuna: “Os nordestinos vão levando adiante seu trabalho criador de modo cada vez mais atuante, mais profundo, mais ligado às raízes da Cultura Brasileira. O melhor, porém, é que escritores ou artistas como Miguel dos Santos, para ficar só no seu caso não se contentam em repetir o que os regionalistas e modernistas fizeram: vão adiante, abrindo novos caminhos ou levando outros no sentido diferente. Como se pode ver pelo trabalho de Miguel dos Santos, a diferença principal entre nós escritores e artistas atuais do Nordeste – e os anteriores, o que nos caracteriza e distingue mais, é a ligação com o realismo mágico do Romanceiro popular nordestino. Realismo mágico – brasileiro nordestino e de raiz popular – e não surrealismo. Veja-se bem que existe uma diferença bastante acentuada entre os pintores surrealistas, ou ligados aos precursores do surrealismo e um pintor como Miguel dos Santos, cuja garra popular e cuja força brasileira são as mesmas dos folhetos e xilogravuras do Romanceiro popular nordestino. É verdade que sou suspeito para falar assim, porque é à mesma linhagem de Miguel dos Santos ou de Gilvan Samico que eu pertenço, tanto em minha poesia, como em meu Teatro, ou no meu Romance A Pedra do Reino. Mas, só sei falar com entusiasmo daquilo que realmente me toca – e a pintura de Miguel dos Santos é algo que me entusiasma, povoando seus quadros a óleo, ou cerâmicas, de bichos estranhos: dragões, metamorfoses, cachorros endemoninhados, santos, mitos e demônios – uma obra tão ligada ao Romanceiro e por isso mesmo, tão expressiva da visão tragicamente fatalista, cruelmente alegre e miticamente verdadeira que o povo brasileiro tem do real”.

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