Reynaldo

REYNALDO DE AQUINO FONSECA

Assina: REYNALDO – Recife, PE, 31/01/1925.

PINTOR, DESENHISTA, GRAVADOR E PROFESSOR.

                Ainda muito jovem, freqüentou a Escola de Belas Artes do Recife, primeiramente como aluno livre, fazendo depois o curso de professorado de desenho, chegando a Professor Catedrático da Escola de Artes da Universidade Federal de Pernambuco, na categoria de Desenho Artístico.

                Em 1943, realiza sua primeira individual de pintura na cidade do Recife. No ano seguinte, fixa-se por seis meses no Rio de Janeiro, onde estuda com Cândido Portinari, participando do Salão Nacional com um quadro à óleo.

Em 1948, participou da fundação da Sociedade de Arte Moderna do Recife, viajando em seguida para a Europa, onde pesquisa sobre tendências, cores e formas de pintura.  No ano seguinte, no seu retorno, passou três anos no Rio de Janeiro, onde fez o Curso Gravura em Metal no Liceu de Artes e Ofícios, tendo por mestre Henrique Oswald. Entre 1949/1950, expõe trabalhos de gravura e desenho no Salão Nacional, obtendo medalhas de bronze, nas sessões de pintura, desenho e gravura, respectivamente.

                Em 1952, volta ao Recife, assumindo na Escola de Belas Artes a função de professor catedrático de Desenho Artístico e freqüenta o Ateliê Coletivo fundado por Abelardo da Hora. Em 1954 e 1956, ilustra dos livros de Edilberto Coutinho. Recebe em 1956 o Primeiro Prêmio de Pintura no Salão do Museu do Estado de Pernambuco. Em 1967, participa com gravura em madeira da IX Bienal de São Paulo, e em 1969 retorna ao Rio de Janeiro e expõe na Galeria Bonino, firmando-se desde então como um dos artistas mais fascinantes da nova pintura brasileira, no conceito da crítica e do público. Em 1973, apresenta seus trabalhos na mostra Panorama de Arte Atual Brasileira. Em 1974, retrata o general Abreu e Lima num trabalho encomendado pelo governo, para ser colocado no “Monumento dos Próceres da Independência”, em Caracas/Venezuela. Em 1980, ilustra um livro de João Cabral de Mello Neto.

O ápice do seu sucesso veio com o contrato de exclusividade firmado com a Galeria Ipanema, passando a expor alternadamente entre o Rio e São Paulo.

                Reynaldo disse a respeito da atmosfera dos seus trabalhos, em resposta ao questionário incluído no livro A Criação Plástica em Questão, (Editora Vozes): “Para conseguir a atmosfera de mistério e nostalgia que pretendo dar aos meus quadros, uso com freqüência, como assunto, velhas fotografias e gravuras. Tecnicamente parto do antigo (por encontrar nele os elementos necessários ao que quero expressar) tratando de dar uma construção pessoal, portanto atual”.

                O crítico Walmir Ayala escreveu: “Uma liberdade inconsútil e secreta, que repudia a qualquer conchavo para fundar-se no exercício perigoso da beleza. A esta categoria pertence o pintor pernambucano Reynaldo Fonseca, que especula o divino equilíbrio, numa linha de pintura francamente abeberada na vertente da renascença e na configuração dos mestres flamengos. Personagens, perspectivas, objetos, gestos, se sucedem para criar uma nítida versão de mundo – que se aliena na circunstância, na medida em que compreende a grandeza de fuga maior: a do milagre, da levitação, da faina familiar, do supra-real, o descanso dos gatos, uma dança maliciosa da demonologia enraizada nas coisas que passam, e se transformam”.

                Roberto Pontual fez a seguinte crítica: (…) ”Reynaldo recupera o passado da existência humana e da própria pintura; com o domínio técnico que se lhe reconhece e a parcela de ironia na insistência de uma assinatura a modo remoto, ele mergulhou, a semelhança do norte-americano Grant Wood, nas raízes setoriais de grande vertente da pintura ocidental nos últimos séculos. No seu paciente retorno irônico, Reynaldo tem se valído de pintores de linhagem e épocas diversas, embora aproximadas por uma mesma atmosfera a meio caminho entre o real fluente e o real que um instante pôs em suspenso: Vermeer, Frans Hals, Velazquez, Zurbaran, Magritte, Hopper, Balthus. Se na sua pintura percebemos abandono progressivo da ambiência nordestina de origem, notamos também, na que ‚ mais recente, a substituição de certo envolvimento balthusiano fundamental pela nitidez das coisas intactamente deslocadas de sua mornidão cotidiana, no sentido do súbito inusitado que nos conduz até Magritte. Há uma levitação, oclusa ou clara, de objetos límpidos – precisamente os mesmos de nosso contato diário, porém sob novas áreas de luz inesperadas, no centro de uma membrana que pulsa em suspensão fotográfica”.

                Ariano Suassuna, afirmou: “O mundo de Reynaldo Fonseca é fechado, mas, por isso mesmo, povoado de sonhos e de mitos… é um mundo oblíquo e dissimulado o desse pintor, que é bastante sábio e refinado para esmaltar sua cor em transparências que parece ter herdado dos homens mais ilustres da tradição renascentista, ou pré-renascentista e, ao mesmo tempo, bastante primitivo para se deslumbrar com isto, como qualquer homem do povo que se extasia com o bem pintado”.

                José Roberto Teixeira Leite registrou: (…) “Reynaldo Fonseca mantém-se deliberadamente apartado das correntes que buscam renovar a arte brasileira ou contribuir com qualquer inovação estilística para o seu desenvolvimento. Dotado de boa técnica, fazendo uso de sólido desenho e de colorido suave e sensível, consegue por vezes incluir em seus personagens e objetos alguma coisa de inefável, certa nostálgica carga de poesia e silêncio, que em seus mais frágeis momentos roça o piegas, mas nos melhores adquire conotação transcendental”.

 

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