SEBASTIÃO WILSON FERREIRA DE AMORIM
Assina: TIAGO AMORIM Limoeiro, PE, 08/01/1943.
PINTOR, DESENHISTA, ESCULTOR, CERAMISTA, GRAVADOR E PESQUISADOR.
Decorrente de uma educação restritiva, Tiago Amorim desde criança se viu envolvido com a criatividade, colecionando cacos de porcelana para junto com Dora, sua irmã, fazer composições ou classificações e grupamentos. Dora compunha com tecidos sempre combinando com Tiago. No Grupo Escolar Sigismundo Gonçalves organizava com Cory Campos o Grêmio Literário e toda programação de cartazes e faixas para realização dos eventos escolares. No Colégio São Bento colaborava nas sessões de cinema e apresentações cênicas. Neste colégio, teve um trabalho em modelagem escolhido para uma exposição na Alemanha. Tendo entrado no mosteiro para ser monge, ativou as oficinas de cerâmica, tapeçaria, pintura, encadernação, atraindo mestres populares como José Rodrigues e Manoel Inácio, discípulos do mestre Vitalino. Nesta mesma época recebeu aulas de técnica com o ceramista português Alberto Santos. Aprendeu a manusear os pinceis e tintas a óleo, preparações de telas e composição de paisagens acadêmicas com o mestre Rubens Sacramento, tendo o substituído ao tempo de sua viagem a Bahia. Frequentou o curso livre da Escola de Belas Artes tendo aprendido com Reynaldo Fonseca o uso de vernizes e aprimoramento dos suportes. Em 1959 encontrou Montez Magno e Anchises Azevedo, que iniciavam o trabalho de ateliers em Olinda, fazendo pinturas abstratas. Com Montez Magno aprendeu outras técnicas e passou a ver outras dimensões da arte, com influências da cibernética, da cinética e da Pop-Arte. Em 1962 expôs no Atelier São Bento juntamente com Xistiano, promovidos por Dom Gerardo Martins. Em 1964, tendo saído do Mosteiro de São Bento participa da formação do grupo que fundou o Mercado da Ribeira com Adão Pinheiro, Guita Charifker, José Tavares, Roberto Amorim, João Câmara, José Barbosa, Ypiranga Filho e Dulce Araújo. Expõe na extinta Galeria de Arte do Recife, estimulado por Ney Quadros, onde com o apoio do então Cônsul da França Marcel Mourin e do cronista José de Souza Alencar vende todos os vinte e oito trabalhos expostos. Em sua formação recebeu grande ajuda de Humberto Magno, Fernando e Silvia Barreto. Em 1965, após fundar o Movimento da Ribeira, participou com doze artistas do bloco que enfrentou a VIII Bienal de São Paulo, tendo sido aceito com Maria Carmen e Anchises. Por questões políticas, o grupo foi expulso da Ribeira, fundando a Oficina 154. Nessa época vários artistas convergiram para Olinda, onde surgiram inúmeros ateliês. Delano, Raul Córdula, Silvia Pontual, Roberto Lúcio, Marisa Lacerda, Maria Carmen, foram alguns dos muitos artistas a se instalarem na cidade. Ao lado de Ladjane Bandeira, Guita, Adão, trabalharam junto a Assis Chateaubriand para a formação do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco. Participa do Momento 68 da Rhodia. Desenvolve com Adão Pinheiro e José Barbosa uma escola de entalhes com base no equilíbrio simétrico dos renascentistas, sintonizando o barroco dos altares com o corte da xilogravura popular. Executa vários painéis em madeira, tendo se destacado o do Banco Bamerindus, na Avenida Paulista, em São Paulo. A partir de 1970 começa a trabalhar oficialmente junto as Prefeituras e Secretarias de Governo no sentido de otimizar a produção artesanal da região. Participou da formação do Sistema de Incentivo da Cultura do Estado.
Tiago em 1989, participou da mostra de Pintura Mural Coletiva, obtendo o 1º. lugar no Salão do Museu do Estado. Do seu ateliê participaram vários artistas pernambucanos de destaque, podendo citar entre eles: Luciano Pinheiro, José Carlos Viana, Gil Vicente e Ricardo Gonçalves. Tiago Amorim integra-se a projetos através do PAB (Programa do Artesanato Brasileiro), do Ministério de Ação Social, falido após a extinção do P.N.D.A. Passa a participar do SIC-Sistema de Incentivo à Cultura, em busca de verbas para que os artesãos possam usufruir de maior autonomia, podendo até participar de micro-empresas. Tudo isso representando uma conquista do artista brasileiro, engrandecendo o cenário das artes plásticas.
Tiago Amorim tem como bagagem inúmeras exposições individuais, coletivas, salões e bienais no Brasil e no exterior. Além de um grande número de obras produzidas em cerâmica, realizou vários painéis e murais, recebendo inúmeras premiações e honrarias. Ocupou cargos públicos como o de Diretor de Cultura da Fundação de Cultura Turismo e Esportes de Olinda (1991), sendo também atuante a sua participação em inúmeros seminários, encontros e jornadas relacionados à cultura. Em 1996/7 ocupa a diretoria de Cultura do Município de Tracunhaém/PE. Em 1997 volta a ocupar o cargo de Diretor da Cultura da Secretaria de Patrimônio Cultural de Olinda. Ele participou de decorações para o carnaval, Natal e Ciclo Junino do Recife e Olinda.
Bernardo Dimenstein formulou sobre o artista a seguinte crítica: (…) “É preciso olhar com firmeza as obras de Tiago, indagando-se principalmente a origem de tudo que ele faz. É importante também penetrar na sua simbologia, tão bem manipulada e igualmente mística. Reconhecidamente Tiago consegue mesclar sua vida com sua obra, influindo sobre a região que atua, afinando-se com o meio físico com esta flexibilidade que tem de ser menino, pedra ou árvore, este moldar de formas virando o barro em peixe, boi ou gato, este traço beirando a perfeição nos seus desenhos gestuais (…) oferecendo um exemplo a todos os artistas da região por exercer com tanto amor e com natural liberdade, seu ofício”.
Em 19 de maio de 1979, Dom Helder Câmara afirmou: “Ninguém melhor do que Tiago para o cicerone em Tracunhaém. Que Tiago” ?…
“Aquele que já era grande como pintor e entalhador em Olinda. Quando ele descobriu Tracunhaém vendeu o pouco que possuía – e o muito que poderia possuir, mudando-se para o qualquer grande Centro, como Rio e São Paulo – e foi morar em Tracunhaém”.
“Hoje a cidade inteira tem o seu grande animador. Ele com a esposa e um grupo de artesãos, tem em sua casa plantas e criações de barro das mais belas que encontrei em Tracunhaém. Mas ele tem o maior gosto de levar a gente de casa em casa. Ele conhece todo o mundo e todo o mundo quer bem a ele… parece a alma da cidade”! (…)
“Tiago de que? Qual sobrenome”?
“Basta o nome Tiago, todo o mundo o conhece. Tiago e basta. Se faz muita questão de sobrenome chame Tiago de Tracunhaém”.
Montez Magno fez-lhe as seguintes referências: “O pontilhismo de Tiago vem da necessidade de preencher o espaço com outros espaços menores, uma vez que, estes têm vida autônoma sobre o quadro. Se nos espaços maiores, a energia se expande em placas de cores fortes e luminosas, nos pontos ou fragmentos de linha, a energia está contida na multiplicação de um mesmo elemento, com sua cor repetida infinitamente, criando desta maneira, um dinamismo vibrátil. É evidente na sua pintura o lirismo policromático, a ausência do mórbido e do trágico. A sua visão demasiado objetiva rejeita automaticamente, qualquer negativismo emocional ou sentimental”.
Ladjane Bandeira escreveu: “Em Tiago, a obsessão pela recriação das figuras verdes, tornou-se poesia surreal. Agindo sob um certo automatismo psíquico, nos dá uma obra homogênea, imaginosa e vivaz”.
INDIVIDUAIS: 1963: ATELIER DE ARTE SACRA SÃO BENTO, “PINTURA E CERÂMICA COM XTIANO”, RECIFE (PE) 1964: GALERIA DE ARTE DO RECIFE, RECIFE (PE) 1968: GALERIA SETA, SÃO PAULO (SP) 1970: GALERIA NEGA FULÔ, RECIFE (PE) 1973 a 1975: GALERIA 3 GALERAS, OLINDA (PE) 1980: CENTRO CULTURAL E DESPORTIVO DO SESC-VILA NOVA, “PANO E POVO”, SÃO PAULO (SP) 1981: MUSEU DO HOMEM DO NORDESTE, RECIFE (PE); VILA NARO, “CERÂMICAS DE TIAGO AMORIM”, RECIFE (PE); ASTRA – ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, “EXPOSIÇÃO DE CERÂMICAS”, RECIFE (PE) 1987: ESPAÇO DE ESCULTURAS ABELARDO DA HORA, “CERÂMICA”, RECIFE (PE) 1998: HOTEL SETE COLINAS, “7X7 CERÂMICAS DE TIAGO AMORIM”, OLINDA (PE).
COLETIVAS: 1963: ATELIER E GALERIA DA RIBEIRA, “COLETIVA”, OLINDA (PE) 1964: MOSTEIRO DE SÃO BENTO, “MOSTRA NO ATELIER DE ARTE SACRA”, OLINDA (PE) 1965: GALERIA DE ARTE DO RECIFE, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE); MAM/RJ, “SALÃO ESSO DE ARTISTAS JOVENS”, RIO DE JANEIRO (RJ); MAM/SP, “VIII BIENAL”, SÃO PAULO (SP); MEPE, “XXIV SALÃO ANUAL DE PINTURA”, 4º.PRÊMIO, RECIFE (PE) 1966: TEATRO POPULAR DO NORDESTE (TPN), “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE); MAM/BA, “I BIENAL NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”, SALVADOR (BA); MEPE, “XXV SALÃO ANUAL DE PINTURA”, 2º PRÊMIO, RECIFE (PE) 1967: GALERIA ONIX, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE); GOVERNO ALUISIO ALVES, “PANORAMA DOS ARTISTAS DO NORDESTE”, NATAL e PATOS (RN); FOP, “PANORÂMICA DE ARTE PERNAMBUCANA”, RECIFE (PE); GALERIA O SOBRADO 7, “EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS” (Doação ao Museu de Artes das Alagoas), OLINDA (PE) 1968: TEATRO SANTA ISABEL/ DEC-PMR, “PINTORES PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1969: CENTRO CULTURAL, “SALÃO DE JUNDIAÍ”, JUNDIAÍ (SP); GALERIA TRÊS GALERAS, “21 DESENHOS”, OLINDA (PE) 1970: MAM/RJ, “XIX SALÃO NACIONAL DE ARTE MODERNA”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1972: CASA DO ARTISTA/ P.M.I., “EXPOSIÇÃO COLETIVA”, IGARASSU (PE) 1974: GALERIA TRÊS GALERAS, “COLETIVA 7 X 4”, OLINDA (PE); 1976: SENDER GALERIA DE ARTES, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE) 1978: GALERIA TRÊS GALERAS, “7 DESENHISTAS PERNAMBUCANOS”, OLINDA (PE); GALERIA NEGA FULÔ, “MÚLTIPLO”, RECIFE (PE) 1979: GALERIA RODRIGO MELLO FRANCO/FUNARTE, “12 ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1980: CENTRO CULTURAL DESPORTIVO CARLOS DE SOUZA NAZARETH (GALERIA VILLA BUARQUE), “IMAGENS E BICHOS”, SÃO PAULO (SP); TAPEÇART, “ARTISTAS DO BARRO E ARTISTAS DO FIO” (INAUGURAÇÃO), SÃO PAULO (SP) 1981: UNESCO – SALLE DES PAS PERDU, “HOMAGE À BAJADO”, PARIS (FRANÇA); OFICINA 154, “GERAÇÃO 65 – PINTURA & POESIA”, OLINDA (PE) 1985: PALÁCIO DOS GOVERNADORES / P.M.O., “A VERTENTE DOS SONHOS”, OLINDA (PE); MUSEU DE ARTE BRASILEIRA/ FAAP, “ARTISTAS DE PERNAMBUCO – ACERVO MAC/PE”, SÃO PAULO (SP) 1986: MAC/PE / CCPE, “XXIX CONGRESSO COTAL (MOSTRA OBRAS DO ACERVO)”, OLINDA (PE) 1989: MEPE, “I SALÃO OFICIAL DE ARTE MURAL”, 1º PRÊMIO, RECIFE (PE) 1991: GOVERNO DO ESTADO, “PROJETO – 3 VISÕES DE FERNANDO DE NORONHA”, ILHA DE FERNANDO DE NORONHA (PE) 1995: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “RECIFE- NA ERA DO CINEMA PERNAMBUCANO”, RECIFE (PE); ESPAÇO DE ARTE FRANZ POST, “I COLETIVA DE GRANDES ARTISTAS EM OLINDA”, OLINDA (PE) 1999: MEPE, “VERÃO TOTAL”, RECIFE (PE); GALERIA DO SHOPPING CASA FORTE, “LANCEIROS”, RECIFE (PE); CLUBE PAULISTANO, “PERNAMBUCANOS EM SÃO PAULO”, SÃO PAULO (SP); SHOPPING DA CIDADE DO PORTO, “SEMANA DE PERNAMBUCO”, PAINEL CENTRAL DA MOSTRA, PORTO (PORTUGAL); SHOPPING CENTER RECIFE, “PROJETO – 3 VISÕES DE NORONHA”, RECIFE (PE). 2022: XXI EXPO DE ARTES DO IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira) / FAF (Fundação Alice Figueira); MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO, Recife (PE)
ACERVOS: BANCO DO BRASIL-AG.7 DE SETEMBRO, RECIFE; TRIBUNAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO, RECIFE; HOTEL SÃO DOMINGOS, RECIFE; CANTO DA BARRA, BARRA DE JANGADA, JABOATÃO DOS GUARARAPES; CINE ROYAL, SÃO LOURENÇO DA MATA, (PE); BANCO BAMERINDUS – AG. PAULISTA, SÃO PAULO (SP); MUSEU DO HOMEM DO NORDESTE, RECIFE (PE).
PRODUÇÃO GRÁFICA: CAPAS DE DISCO: “A FEIRA” (Com programação para o Quinteto Violado); “ESTAÇÃO DO FREVO” (Carlos Fernando); “INTUIÇÃO” (Teca de Carvalho); “ESTAÇÃO DA LUZ” (Encarte com ilustração – Alceu Valença).
CAPAS DE LIVRO: “VOCAÇÃO E COMPROMISSO” (Senador Marco Maciel); “ALCEU VALENÇA FRENTE E VERSO” (Ana Amélia Maciel); Ilustrações para livro de LUIS DA CÂMARA CASCUDO; Participação no Calendário 2000, da Companhia Editora de Pernambuco / Diário Oficial .