Jornal do Commercio Recife – 28.11.2000

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ARTES PLÁSTICAS
Corbiniano desafia o equilíbrio com suas mulheres esguias e ousadas

Antes de passar para o metal, Corbiniano modela suas mulheres em isopor e só depois passa para o alumínio, mais fácil de retocar. Ele desafia qualquer um a descobrir emendas nas obras

por LUIZ JOAQUIM

Especial para o JC

Novas formas de sensualidade feminina esculpidas por Corbiniano Lins, e novas pinceladas delicadas de Lenira Regueira sobre a cultura pernambucana surgem hoje para o público. Na exposição Cores e Volumes, que a Rodrigues Galeria de Arte inaugura às 19h, Corbiniano apresenta 15 peças de alumínio unindo rusticidade à elegância de suas mulheres esguias e ousadas. Já Lenira, recorre ao óleo sobre eucatex em 18 quadros, para transpor os folguedos, as paisagens e o povo de sua terra.

Mais uma vez Corbiniano Lins (ou CL, como, por vezes, assina) concebe crias esculturais multiformes, com possibilidade múltiplas de apreciação, usando o corpo feminino como tema principal. Anatomicamente, suas obras têm disfunções, mas o interesse do artista não está no classicismo e sim no desafio de experimentar os limites da gravidade. Se em uma mesma peça ele apresenta três possibilidades distintas de pôr a escultura de pé, em uma outra ele exibe curvaturas impossíveis de serem flexionadas por qualquer atleta, mas que compõe uma beleza pictórica singular em seu trabalho.

Antes de passar para o metal, Corbiniano modelou suas mulheres em isopor. Só depois de terminada ele passou para o alumínio. “O alumínio é mais leve, e se for preciso retocar, basta usar sua própria limalha do metal, que não revela as correções”, diz o artista septuagenário, que desafia qualquer um a descobrir emendas nas obras.

Presente em mais de meio século da história das artes plásticas em Pernambuco, Corbiniano iniciou seu apreço pela arte ainda estudante da Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco, (depois, Escola Técnica e, hoje, Centro de Formação Tecnológica de Pernambuco). O autor do Troféu Cristina Tavares de Melo de Jornalismo, exerceu importante papel em 1952 no cenário artístico local quando, junto a Abelardo da Hora, Reynaldo Fonseca, Samico e Celina Lima Verde, entre outros, compunha a Sociedade de Arte Moderna do Recife.

IGUALDADE – Lenira Regueira gosta de deixar claro que a força-motriz que impulsiona suas criações é a emoção. Encantada pela explosão de cores e movimentos do folclore nordestino (em particular o revelado no Carnaval), esta senhora dedicou boa parte da exposição a ícones do gênero, como o bumba-meu-boi, o maracatu, e os folguedos infantis. “O Carnaval é fascinante não só por sua beleza visual, mas por ser uma festa igualitária, livre de distinção de classe”, diz a artista, a respeito de sua maior fonte de inspiração.

Também em Cores e Volumes, Lenira explora, com doçura e leveza, a a ingenuidade e inocência de crianças felizes, sempre envoltas por uma flora exuberante. “A presença constante da natureza é um reflexo do lugar onde moro: um sítio com árvores centenárias”, explica.

Dentro do traços figurativos com tendência impressionista, ainda há espaço para a artista retratar o Rio Capibaribe, a Igreja de Jaguaribe, em Itamaracá, a Igreja de São Pedro, em Olinda, e a paisagem da Enseada dos Golfinhos, entre outros pontos marcantes do Estado.

Serviço

Vernissage da exposição Cores e Volumes, de Corbiniano Lins e Lenira Regueira Rodrigues Galeria de Arte, Rua Prof. Othon Paraíso, 430. Torreão. Fone: 241.3358. Até 12 de dezembro. Visitação: de segunda a sexta, das 10h às 12h, e das 14h às 19h. No sábado, das 10h às 17h.

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