Ascal (CE)

Ascal (CE)

ÁTILA DA SILVA CALVET
Assina: ASCAL. Fortaleza, CE, 20/06/1943.
PINTOR, GRAVADOR E ESCULTOR.

Apesar de cearense de Fortaleza, suas incursões pelo Recife são tão constantes que se integrou na nossa cidade. Grande parte de sua produção faz parte dos acervos de pernambucanos, sem contar com obras que estão em várias partes do mundo, como; França, Alemanha, Japão, Estados Unidos, Portugal e Espanha. Sua pintura denota uma fatura pessoal, caracterizada através da textura e do cromatismo bem peculiar. Sua escultura se apresenta geralmente em formas geometrizadas, através de metais, pedras, madeiras e resinas, representadas por configurações absolutamente criativas e inusitadas. Trabalhos desse porte fazem parte de diversos logradouros de sua cidade natal.

Paulo Henrique Saraiva Leão escreveu: (…) “O cometimento artístico será compreensível, agradável ou não, por não depender da obra de arte em si, mas dos conceitos e preconceitos do observador. Em arte é belo todo produto que atua emocionalmente no espectador, e muitas vezes irrelevante a representação objetiva, mas fundamental a significação formal. O grande bardo inglês do Romantismo oitocentista, John Keats (1795-1821) (‘a beleza é a verdade, a verdade é a beleza’) também disse: uma coisa bela é uma alegria para sempre. A beleza é realmente inefável.”
“Assim, bela é a pintura pluridimensional de Ascal, o artista resistente às kodakianas tentações do fácil. Para ele a tela é um crisol, uma retorta, e o produto final emana de um cadinho de deslumbramentos gerados pela interação plástica dos seus materiais. Aqui arte é criação, e do interlúdio entre a imagem e a realidade envolve o objeto correlato, prêt-a-porter, para ser consumido com os olhos e transubstanciado em emoção, resultando sua contemplação em experiência sensorial. `L’art pour l’art´, e não arte útil, arte boa, fútil ou má, arte inútil. A arte não tem função utilitária! Arte é ou não é. Ponto.”
“Sua arte, do início impressionista ao expressionismo atual resulta do sopro inovador que lhe imprime. A pintura aqui é consensual, e mesmo a tela é prelibada, como o agricultor amanhã ara sua terra para semear. Inexistem concessões aos cânones, aos estereótipos. Arte, ascaliana, é liberdade, inconformação, é descoberta. Não o descobrimento serendipitoso, fortuito, não o sinal feliz para a nau sem rumo, mas o achado perseguido, conspícuo, responsável, numa espontaneidade vigiada, concisa, despreocupada de escolas, mas com espírito universal.”
“Observa-se em Ascal a extraordinarização do ordinário, a caleidoscópica eternização do dia-a-dia. Não satisfeito apenas com o desenhar e pintar formas, Ascal passou a desvendá-las com as mãos, amalgamá-las com transpiração, materializando suas imagens pictóricas. Sua escultura é uma pintura sem caixilho, alada. É o gesto em liberdade. E a busca do cinzel é a mesma do pincel: a fixação da emoção, do instante real, ou da realidade onírica, gaivotas capturadas antes do vôo. Mas, antes que se ponha o sol, voltemos aos / nos seus barcos, naus que não ancoram nas suas dunas, pois sempre em demanda do infinito, mesmo quando em repouso postas. Se, como quer Dorival Caymmi, ´é doce morrer no mar`, dulcíssimo será morrer nos barcos… de Ascal.”

Milton Dias registrou: (…) “Onde foi que ASCAL aprendeu estes verdes, onde foi que descobriu estes amarelos tão pessoais, tão diferentes dos anteriores, onde foi buscar este azul antigo da linha do horizonte, e este colorido suave das casas humildes que se encolhem, discretas, para deixar bem ressaltados os botes do primeiro plano? A convivência do pintor com o seu tema o conduzem a uma intimidade maior e o leva a descobrir e a valorizar detalhes: um pedaço de canoa lhe oferece elementos para uma composição de surpreendente grandeza na sua economia de linhas que as cores suprem vigorosamente. De repente descubro dois pequenos barcos num abandono de sonho, como se tivessem perdido seu ânimo viageiro e brincassem gozando os ócios da feliz aposentadoria. Tudo tão iluminado de sugestão, tudo tão tranqüilo, tão poético, tão lírico tão bonito mesmo, que dá vontade de embarcar num deles, à procura das famosas ilhas anônimas do poeta, que as geografias nunca registraram.”

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES: 1964: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA (CE) 1965: AMÉRICA FUTEBOL CLUBE, FORTALEZA (CE) 1966: SALÃO PAROQUIAL DO CRISTO REI, FORTALEZA (CE) 1967: PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, “XVII SALÃO DE ABRIL”, FORTALEZA (CE) 1969: PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, “XIX SALÃO DE ABRIL”, FORTALEZA (CE) 1971: PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, “XXI SALÃO DE ABRIL”, FORTALEZA (CE); GALERIA PAÇO DAS ARTES, SÃO PAULO (SP); GALERIA GAUGUIN, FORTALEZA (CE); PALÁCIO DA ABOLIÇÃO, PRÊMIO, FORTALEZA (CE); MUSEU DE ARTE DA UFCE, “III SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”, PRÊMIO, FORTALEZA (CE) 1972: PALÁCIO DA JUSTIÇA, BRASÍLIA (DF); PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, “XXII SALÃO DE ABRIL”, PRÊMIO, FORTALEZA (CE); CASA DE CULTURA RAIMUNDO CELA, FORTALEZA (CE); GALERIA GAUGUIN, FORTALEZA (CE); SALÃO DA ABOLIÇÃO, PRÊMIO, FORTALEZA (CE); VI CONGRESSO DE ASSEMBLÉIAS LEGISLATIVAS, FORTALEZA (CE) 1973: PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, “XXIII SALÃO DE ABRIL”, FORTALEZA (CE); UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, “UNIFOR PLÁSTICA 73”, FORTALEZA (CE); MOSTRA DE ARTE / JOGOS UNIVERSITÁRIOS, PRÊMIO, FORTALEZA (CE); GALERIA MARINA, FORTALEZA (CE); CASA DE CULTURA RAIMUNDO CELA, FORTALEZA (CE) 1974: UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, “UNIFOR PLÁSTICA 74”, FORTALEZA (CE); GALERIA MARINA, FORTALEZA (CE); HOLANDA ARTE INTERIOR, FORTALEZA (CE) 1975: CASA DE CULTURA RAIMUNDO CELA, FORTALEZA (CE); IDEAL CLUBE, FORTALEZA (CE) 1976: EUCATEXPO, RIO DE JANEIRO (RJ); SAMARTE, RIO DE JANEIRO (RJ) 1977: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, RECIFE (PE) 1979: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, RECIFE (PE) 1980: IDEAL CLUBE, FORTALEZA (CE) 1981: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, RECIFE (PE) 1982: GALERIA VICTOR KURSANCEW, JOINVILLE (SC) 1983: GALERIA CÉZANNE, FORTALEZA (CE); RODRIGUES GALERIA DE ARTES, RECIFE (PE) 1984: UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, “UNIFOR PLÁSTICA ANO 10”, FORTALEZA (CE); DOMUS GALERIA, FLORIANÓPOLIS (SC); GALERIA VICTOR KURSANCEW, JOINVILLE (SC) 1985: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, MACEIÓ (AL) 1986: GALERIA GAMELA, JOÃO PESSOA (PB); GALERIA KARANDASH, MACEIÓ (AL); UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, “UNIFOR PLÁSTICA”, FORTALEZA (CE) 1987: GALERIA MARINHO, FORTALEZA (CE) 1988: MUSEU DE ARTE- UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA (CE); PROJETO ESPAÇO CULTURAL TELECEARÁ, FORTALEZA (CE); UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, “UNIFOR PLÁSTICA”, FORTALEZA (CE) 1989: GALERIA IGNEZ FIÚZA, FORTALEZA (CE); GALERIA GAMELA, JOÃO PESSOA (PB); GALERIA KARANDASH, MACEIÓ (AL); PROJETO ESPAÇO CULTURAL TELECEARÁ, FORTALEZA (CE); UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, “UNIFOR PLÁSTICA”, FORTALEZA (CE) 1990: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, RECIFE (PE); GALERIA IGNEZ FIÚZA, FORTALEZA (CE); DOMINI GALERIA, FORTALEZA (CE); 1991: DESTAQUE BRAHMA 91, PRÊMIO, FORTALEZA (CE); GALERIA IGNEZ FIÚZA, FORTALEZA (CE); GALERIA VICTOR KURSANCEW, JOINVILLE (SC) 1992: MUSEU DE ARTE ASSIS CHATEAUBRIAND, CAMPINA GRANDE (PB); GALERIA KARANDASH, MACEIÓ (AL); RODRIGUES GALERIA DE ARTES, RECIFE (PE); ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA DO BANCO DO BRASIL, FORTALEZA (CE); GALERIA GAMELA, JOÃO PESSOA (PB); GALERIA VICTOR KURSANCEW, JOINVILLE (SC); RODRIGUES GALERIA DE ARTES/ Clube Português e Ass. Dos Amigos Do Porto, “PANORÂMICA DE NATAL”, RECIFE (PE) 1993: TABA GALERIA, NATAL (RN); DESTAQUE BRAHMA 93, PRÊMIO, FORTALEZA (CE); HOTEL SHERATON, “III EXPOSIÇÃO DE ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, PORTO (PORTUGAL) 1994: UNIVERSIDADE DE MADRI, MADRI (ESPANHA); ESPAÇO CULTURAL BANCO DO BRASIL, FORTALEZA (CE) 1995: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “ASCAL- 20 ANOS DE ESCULTURA”, RECIFE (PE) 1996: GALERIA CASAS D’ARTE, FORTALEZA (CE) 1997: MAM/SC, FLORIANÓPOLIS (SC) 1998: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “ASCAL- 35 ANOS FAZENDO ARTE”, RECIFE (PE); NORIS ESPAÇO DE ARTE, CURITIBA (PR) 1999: MAC/PR, CURITIBA (PR) 2000: CASAS D’ARTE, FORTALEZA (CE).
ACERVOS: (PINTURAS) PINACOTECA DO PAÇO MUNICIPAL, FORTALEZA (CE)  PINACOTECA DO MAUC/UFC, FORTALEZA (CE)  PINACOTECA DA EMCETUR, FORTALEZA (CE)  PINACOTECA DO PALÁCIO DA JUSTIÇA, FORTALEZA (CE) (ESCULTURAS) PALÁCIO DA JUSTIÇA, FORTALEZA (CE)  PRAÇA LUIZ ASSUNÇÃO, FORTALEZA (CE)  PRAIA DE IRACEMA, FORTALEZA (CE)  PALÁCIO DO GOVERNO, MACEIÓ (AL).

BIBLIOGRAFIA
Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil 89. Inter/Arte/Brasil, São Paulo, 1988 = V.3, 1989.
Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil 94. Júlio Louzada Participações, São Paulo, 1994 = V.6, 1994.
Rodrigues Galeria de Artes. Setor de Pesquisa – Arquivo, Recife, 2000.

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