BALTHAZAR JOSÉ ESTEVÃO DORNELLAS DA CÂMARA
Assina: BALTHAZAR Recife, PE, 02/08/1890-05/1984.
PINTOR e PROFESSOR
Pintor e professor ativo em Pernambuco na primeira metade do século XX. Para aprimorar-se na pintura, transferiu-se para o Rio de Janeiro, ingressando na antiga Escola Nacional de Belas-Artes, sendo discípulo de Carlos Chambelland. Estudou ainda com o pintor Franz Hoepper e com o gravador Carlos Fiedder.
Desde 1925, revela preferência pelos temas regionais e pelo retrato. Foi professor de pintura da Escola de Belas-Artes do Recife. Francisco Acquarone e A. de Queiroz Vieira reproduziram no seu livro “Primores da Pintura no Brasil” a obra “Feira Sertaneja”, composição na qual entre influências do realismo acadêmico, revela sugestões luminosas do impressionismo. Já em “Artistas Pintores no Brasil” de Teodoro Braga, destacam-se os retratos de Estácio Coimbra e de Ana Amélia de Queirós Carneiro de Mendonça, com o qual Balthazar recebeu o Prêmio Medalha de Bronze em 1927. Em 1929, faz viagem de estudos à Europa “para tomar também apontamentos, riscar croquis, que o levassem a produzir uma gigantesca tela, na qual estivesse a representação da rendição holandesa e firmasse o episódio da entrega das chaves dos próprios da Cidade para a posteridade de Pernambuco e do Brasil”. Assim, no Recife, realizaria sua obra prima: “RENDIÇAO DOS HOLANDESES DE 27 DE JANEIRO DE 1654”.
No ano de 1926, é agraciado com Menção Honrosa de 1º grau com o quadro “Mãe e Pátria”. Em 1930, recebe Medalha de Prata com o quadro “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. Todas as medalhas foram recebidas do Conselho Superior de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em 1931, participa do Salão Revolucionário na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro com o quadro “Henrique Dias”. No Palácio do Campo das Princesas, no Recife, existe a Galeria dos Governadores, onde dentre muitos retratos vários são de autoria de Balthazar. São eles os retratos de: Sérgio Loreto, pintado em 1944, de Cid Sampaio, em 1961, de Miguel Arraes, em 1963, de Paulo Guerra em 1964, de Cordeiro de Farias em 1966, de Agamenon Magalhães, em 1966, de Estácio Coimbra, em 1966, de Barbosa Lima Sobrinho, em 1966, de Carlos de Lima Cavalcanti, em 1966, de Etelvino Lins, em 1967, de Nilo de Souza Coelho, em 1971, de Eraldo Gueiros Leite, em 1975, de Antônio Correia da Silva, em 1980. Do riquíssimo acervo desse pintor, ainda destacamos: ”Visita do Rei Abutre”, “Auto-Retrato”, “Jesus Menino, ensinando aos doutores”, “O Grito de Bernardo Vieira de Melo”, “A Feira”, entre outros. Quando o pintor Balthazar da Câmara completou noventa anos, o Governador do Estado de Pernambuco, por iniciativa do então Governador Marco Antônio Maciel, que em boa hora – promoveu – uma exposição retrospectiva sobre a obra do consagrado pintor, realizada no Palácio do Campo das Princesas, em 1980.
Marcos Vinicios Vilaça, em novembro de 1980, escreveu: (…) “O que Balthazar da Câmara nos tem oferecido‚ é a oportunidade de explorar o avesso de suas telas, pelo que existe atrás dela de história, de sociologia, algumas vezes, do registro documentativo. E com uma gratificação pernambucana: sua vida de artista ‚ longa no tempo e curta no espaço, como se quisesse ser intensivamente nossa, apenas nossa. Por tudo isto, nas suas pinturas, Balthazar da Câmara ‚ à parte e ‚ o todo, pelo que se envolve nas tintas, nas linhas, na apreensão psicológica dos tipos representados”.
“Nos retratos nada abstratos, vemos um Pernambuco e um Brasil concretos, com o que há de indeferido e concedido pela história. Enigmas do tempo, do tempo que leva… vida. Na leitura simples de sua vida e de sua obra, penso que há uma legenda – versos de Fernando Pessoa – que Balthazar da Câmara cultiva: Não me arrependo do que fui outrora/ Porque ainda o sou”.
Lucilo Varejão registrou: “Balthasar da Câmara, pouco cingido à paisagem, tem se revelado o apreensor primeiro e inimitável das nossas feiras. É nessa especialização, embora difícil, que ele se vem impondo como dono de um senso justo dos volumes. Seus matutos são palpitantes e há, por – isso – mesmo, de perdurar”.
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES: 1925: ENBA, 32ª EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1926: MNBA, 33ª EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES, PRÊMIO: MENÇÃO HONROSA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1927:34ª EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES, MEDALHA DE BRONZE, RIO DE JANEIRO (RJ) 1928: 35ª EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1929: 36ª EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1930: 37ª EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES, MEDALHAS DE BRONZE E PRATA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1931: ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES, “EXPOSIÇÃO GERAL DE BELAS ARTES (SALÃO REVOLUCIONÁRIO)”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1936: MNBA, “SALÃO NACIONAL”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1941: MNBA, “SALÃO NACIONAL”, RIO DE JANEIRO (RJ); MOSTRA INDIVIDUAL, RECIFE, (PE); MOSTRA INDIVIDUAL, SÃO PAULO (SP) 1944: MNBA, “I EXPOSIÇÃO DE AUTO-RETRATOS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1949: SALÃO BAIANO DE BELAS ARTES, SALVADOR (BA) 1965: SEMINÁRIO DE OLINDA / ACF – RECIFE E CANADÁ, “FEIRA DE ARTE”, OLINDA (PE) 1968: TEATRO SANTA ISABEL/ DEC-PMR, “PINTORES PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1977: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “II ARTE BRASILEIRA NO NORDESTE” (LEILÃO), RECIFE (PE) 1981: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO, “ARTISTAS BRASILEIROS DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX”, MACEIÓ (AL).
ACERVO: Trabalhos seus fazem parte da pinacoteca dos Estados do Pará, Amazonas e Pernambuco. A Prefeitura da Cidade do Recife adquiriu uma coleção de suas obras. Painéis sacros nas Igrejas da Madre de Deus, Matriz de Boa Vista, Basílica do Carmo e Seminário de Olinda.
BIBLIOGRAFIA
Acquarone, Francisco e VIEIRA, A. de Queiroz. Primores da Pintura no Brasil, 1941.
Braga, Teodoro. Artistas e Pintores no Brasil, 1942.
Cavalcanti, Carlos. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Inst.Nacional do Livro/MEC, Brasília, 1973, v.1, p.327
Louzada, Julio. Artes Plásticas – Seu Mercado Seus Leilões. Julio Louzada, São Paulo, 1985, v.1, p.175.
Louzada, Júlio. Artes Plásticas – seu mercado, seus leilões. Júlio Louzada, São Paulo, 1985, v.1 p.61.
Reinaux, Marcílio. A Rendição dos Holandeses. Secretaria de Educação e Cultura da P.C.R., Recife, 1983.
Rodrigues Galeria de Artes. Depto.de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.