BERNARDO DIMENSTEIN
Assina: BERNARDO. Recife, PE, 28/09/1937.
DESENHISTA, PINTOR, GRAVADOR E ARQUITETO.
De mãe paraense e pai argentino, Bernardo nasceu em Recife. Desde cedo se mostra interessado pelas artes plásticas ingressando no Curso de Desenho da Sociedade de Arte Moderna do Recife, sob a orientação de Abelardo da Hora, participando em seguida do Atelier Coletivo desta mesma Sociedade.
Ele fez ainda o Curso Livre de Desenho e Pintura na Escola de Belas Artes com os professores Fedora do Rêgo Monteiro, Lula Cardoso Ayres e Vicente do Rêgo Monteiro. Forma-se em arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco em 1963, participando nesta época de cursos de férias no Atelier do Museu de Arte Moderna de São Paulo com o professor Wolgfan Pfiffer e de palestras no Museu de Arte de São Paulo (MASP), com o professor Pietro Maria Bardi. Em 1971, junto com Lúcia Pimentel Palácio e seu irmão Elias Gabbay Dimenstein, funda a Galeria Officina, com a finalidade de confeccionar molduras e promover exposições e vendas de obras de arte, tendo lançado alguns nomes que hoje representam o maior destaque no cenário artístico do Recife. Em 1978, viaja à Europa permanecendo por maior tempo em Barcelona, na Espanha.
Dedica-se entre suas atividades ao desenho para espetáculo, figurinos e cenários, iniciando-se com trabalhos para o TEIP-Teatro de Estudantes Israelita de Pernambuco e, estendendo essa ocupação a inúmeros conjuntos teatrais do Estado. Desenhou ainda inúmeros cenários para programas e comerciais da televisão participando ainda, da criação de figurinos e direção de arte da co-produção Brasil-EUA “O Pescador e Sua Alma”. Como arquiteto, projetou inúmeras edificações, varias em parceria com o arquiteto Adauto Ferreira. Nesta área continua atuando principalmente em projetos de Arquitetura e Interior, Estética Comercial e desenho de Móveis. Atua também na área de murais para edifícios. Atua ainda na área de ensino; ministrando cenografia teatral e, desenho e pintura.
Nas artes plásticas, desenvolve o trabalho das “caixas”, onde montagens inusitadas com desenhos, pinturas, objetos, impressos antigos, etc, se fundem numa idéia central, ligando-se ao inconsciente coletivo ou a uma pessoa ou instituição.
D. Gerardo Martins, em junho de 1972, registrou: “Não é fácil, nem cômodo, descobrir os mistérios da arte. Menos ainda particularidades num artista. Aí a complexidade cresce, e os caminhos poderão ser desvios. Situo Bernardo Dimenstein, no espírito, a que ele não poderia fugir, daqueles de sua raça: um Chaim Soutine, um Chagall, um Modigliani. Uma arte-linguagem que nada tem a ver com a linguagem coloquial e/ou literária. Mas extremamente plástica e comunicativa. Reveladora de um mundo poético, manso e ardente e de uma inquietação metafísica, muito própria aos de alma judia, mas que não se despoja das realidades terrestres”.
Wellington Virgolino, em julho de 1988, escreveu: “Eu vivi o Recife dos quadros de Bernardo Dimenstein. Era um Recife limpo, cheirando a pitanga, caju, cajá e sapoti. Tempo de cadeiras na calçada e conversa amiga, de seriados no Politeama e de banhos no Capibaribe, de mocinhas na janela e novelas de rádio. Foi nesse Recife que conheci Bernardo, garoto ainda, lá por volta de 1954, quando ele foi levado a estudar desenho no Atelier Coletivo, na Rua Velha, onde eu já engatinhava a minha carreira de pintor. Daquela época para cá cresceu o menino e cresceu sua pintura. Olhando hoje o “desenhinho de Bernardo” reproduzido na página 65 do livro de José Cláudio “Memórias do Atelier Coletivo”, e comparando com o que vi hoje, percebo admirado o tamanho do caminho que ele percorreu. Hoje sua pintura, seu desenho, suas armações, suas misteriosas caixas e as corajosas naturezas-mortas, são veementes e conscientes auto-retratos. Bernardo fala dele mesmo, sem narcisismo, o tempo todo. É ele e suas mulheres, silenciosas e mandonas, seus austeros homens, seus casais em passeio de namoro, e, sobretudo as crianças, as donas das caixas – verdadeiras gavetas de recordações – abarrotadas de lembranças, pertences amados de outros tempos, guardados com carinho e ciúme. Criador de um estilo personalíssimo, Bernardo conquistou o privilégio de ser reconhecido e admirado, através de um trabalho descontraído e sem falsos apelos vanguardistas” (…)
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1972: GALERIA 86 (RILDO FONSECA), RECIFE (PE) 1973: GALERIA OFFICINA, RECIFE (PE) 1976: GALERIA OFFICINA, RECIFE (PE) 1977: GALERIA DEBRET, “CAFÉ DA MANHÔ, RECIFE (PE) 1978: GALERIA SUCATA, MACEIÓ (AL) 1982: GALERIA OFFICINA, “SETE REVELAÇÕES”, RECIFE (PE) 1988: GALERIA OFFICINA, “PINTURA – DESENHO – CAIXAS”, RECIFE (PE) 1995: ESPAÇO CULTURAL BANDEPE, “CAIXAS”, RECIFE (PE).
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1954: MEPE, (COM ESCULTURA), “XIII SALÃO ANUAL DE PINTURA, RECIFE (PE) 1962: MEPE, (COM DESENHOS), “XXI SALÃO ANUAL DE PINTURA”, RECIFE (PE) 1963: MEPE, (COM PINTURA), “XXII SALÃO ANUAL DE PINTURA”, RECIFE (PE) 1968: IGREJA DO ROSÁRIO DOS PRETOS, (D.GERARDO MARTINS), “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE) 1973: GALERIA IDA-ANITA, “MOSTRA COLETIVA”, CURITIBA (PR) 1974: MAC/PE, “I SALÃO DE ARTE GLOBAL”, PRÊMIO DE AQUISIÇÃO, OLINDA (PE) 1975: MAC/PE, “COLETIVA DE DESENHO”, OLINDA (PE); RANULPHO GALERIA DE ARTE, “COLETIVA DE ABERTURA”, RECIFE (PE) 1976: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “COLETIVA DE INAUGURAÇÃO”, RECIFE (PE) 1977: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “II LEILÃO – ARTE BRASILEIRA NO NORDESTE”, RECIFE (PE) 1978: “XITIANO & MICHEL, MIRELLA ANDREOTTI e BERNARDO”, OLINDA (PE); GALERIA OFFICINA, “OFFICINA 01 – DESENHOS E GRAVURAS”, RECIFE (PE); GALERIA DA IGREJA ROSÁRIO DOS PRETOS, “ÁLBUM DE SERIGRAFIAS”, RECIFE (PE) 1979: GALERIA OFFICINA, “ÁLBUM DE DESENHOS REPRODUZIDOS”, RECIFE (PE); GALERIA RODRIGO MELLO FRANCO DE ANDRADE / FUNARTE, “PROJETO ARCO-IRIS – 12 ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, RIO DE JANEIRO (RJ); INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL-PE, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE) 1980: GALERIA LAUTRÉAMONT, “MOSTRA COLETIVA”, OLINDA (PE); MAC/PE, “MOSTRA DE PAISAGENS”, OLINDA (PE) 1981: GALERIA VILA RICA, “COLETIVA DE MAIO”, RECIFE (PE) 1982: GALERIA 3 GALERAS, “SETE ARTISTAS”, OLINDA (PE) 1984: PALÁCIO CAMPO DAS PRINCESAS, “I ARTES PLÁSTICAS – CRUZADA DE AÇÃO SOCIAL”, RECIFE (PE); RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “PINTORES BRASILEIROS”, RECIFE (PE) 1985: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “PINTORES BRASILEIROS”, RECIFE (PE); MUSEU DE ARTE BRASILEIRA/ FAAP, “ARTISTAS DE PERNAMBUCO – ACERVO MAC/PE”, SÃO PAULO (SP) 1986: GALERIA LULA CARDOSO AYRES – P.C.R., “I PANORAMICA PERNAMBUCANA DA ESCULTURA E DO OBJETO”, RECIFE (PE); MAC/PE / CCPE, “XXIX CONGRESSO COTAL (MOSTRA OBRAS DO ACERVO)”, OLINDA (PE) 1989: CENTRO DE CONVENÇÕES DE PERNAMBUCO, “EXPOSIÇÃO ACERVO BANDEPE”, OLINDA (PE) 1991 e 1993: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “DESENHOS E GRAVURAS DE MESTRES E CONTEMPORÂNEOS” e “RECIFE NA DÉCADA DE 30”, RECIFE (PE); ESTAÇÃO DE ARTE, “MINIATURAS”, RECIFE (PE) 1994: SHOPPING CENTER RECIFE, “UM ANO DA ARTEFORTE”, RECIFE (PE); BANCO BAMERINDUS, “MULTIPROPOSTA”, RECIFE (PE); TEATRO APOLO, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE); SHOPPING CENTER GUARARAPES, “EXPOARTE”, JAB. GUARARAPES (PE) 1995: ESPAÇO CULTURAL ARTEFORTE, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE); MEPE, “MORTE À VIDA SEVERINA”, RECIFE (PE); GALERIA BAOBÁ/ FUNDAJ, “AS CORES DO CARNAVAL”, RECIFE (PE) 1999: GALERIA OFFICINA, “4 NA OFICINA – BERNARDO, IONALDO, G.BARBOSA e CLÁUDIO MANUEL”, RECIFE (PE).
BIBLIOGRAFIA
Ayala, Walmir. Dicionário de Pintores Brasileiros. Spala Editora, Rio De Janeiro, 1986. Vol.I, p. 257.
Chacon, Vamireh. O Poço do Passado. Editora Nova Fronteira.
José Cláudio da Silva. Artistas de Pernambuco. Governo do Estado de Pernambuco.
José Cláudio da Silva. Memória do Atelier Coletivo. Edição Artespaço (Renato Magalhães Gouveia).
José Cláudio da Silva. Tratos da Arte de Pernambuco. Governo do Estado de Pernambuco.
José Cláudio da Silva. Revista Cultura Nº.30. p. 65.
Rodrigues Galeria de Artes. Depto.de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.
Teixeira Leite, José Roberto. Dicionário Crítico da Pintura no Brasil, Artelivre, Rio de Janeiro, 1988, p. 163.
Faleceu em 01/04/2006