CELINA LIMA VERDE DE CARVALHO
Assina: Celina. Fortaleza, CE, 1940.
DESENHISTA E PINTORA
Transferiu-se com sua família para o Recife em 1942, onde viveu e trabalhou até 1964. Em 1954, integrou-se ao Atelier Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, onde começou a desenhar sob a orientação de Abelardo da Hora. Trabalhou intensamente conquistando em 1956 um Prêmio Especial de Desenho e três primeiros Prêmios de Desenho no Salão do Museu do Estado em 1957, 1959 e 1960. A partir daí, sua realização e participação em exposições individuais e coletivas tornou-se uma constante. Em 1964 mudou-se para São Paulo onde reside e trabalha. Executou ilustrações para livros e revistas, trabalhando na Editora Abril no período entre 1964 e 1976.
Em 1963, a jornalista e crítica de arte, Ladjane Bandeira publica no Diário da Noite de 09.07.63 uma matéria sobre o seu trabalho: (…) “Os que ainda se recordam dos desenhos de Celina – parece-nos que nunca tentou a pintura – o que ressalta de imediato nessa recordação, é, sem dúvida a solidez da estrutura, a ordenação geométrica das ligações, ora em retas e ângulos, ora em curvas, dando o toque afirmativo da abstração que caracteriza seu desenho figurativo. Um trabalho de Celina, seja qual for o tema abordado – mulheres rendeiras, bordadeiras, mulheres fazendo o toalete, etc. – assemelha-se pelo tratamento a cristais de várias faces e irradiações sem que alcancem um tridimensionalismo aéreo. Mesmo porque, para Celina a figura é suficientemente digna de atenção para estar ligada a qualquer outro elemento além dela mesma. Desse modo, não a interessam os acessórios paisagísticos, carregando, todavia, nas linhas acessórias estruturais geometrizantes, construindo cada figura de um emaranhado de linhas com direções definidas e evidentemente intencionais”. (…)
Em 17/05/76, o crítico Jacob Klintowitz escreveu para o Estado de São Paulo: “A desenhista Celina Lima Verde junta linhas e espaços na procura de delicadas descrições da realidade. O refinamento de sua sensibilidade se expressa na construção de figuras míticas, na quais os reinos da natureza integram-se no mesmo tempo inicial. Vegetal, mineral e animal são matérias-primas para uma construção básica que é a consideração do tempo e do começo. Essa artista medita sobre a explosão inicial que deu origem aos seres e coisas. E um trabalho sobre a criação primeira.
A poética da artista estabelece numa sintaxe composta de ousadas linhas que cortam o espaço e na identificação dos existentes: o pássaro e a pedra, a folha e o homem, o anjo e o homem, todos os organismos fundamentalmente idênticos em determinado momento do espaço. E o espaço, para a artista, tem a mesma significação do tempo.
E por isso que os seus personagens fundem-se com o espaço e a sua descrição e movimentos são distribuídos sem ordem prioritária. A natureza delicada da expressividade da artista é evidente. Da mesma maneira que a sua facilidade de lidar com a composição e o espaço. O que é menos evidente é o uso que a artista faz, por vezes, dessas qualidades tão raras.” (…)
Léo Gilson Ribeiro escreveu: “O traço artístico de Celina é fundamente nostálgico, suas figuras dialogam com mistério, envolta numa bruma toda feita de memória, de evocação, de saudade. Imagens que o Tempo cristaliza em prismas de finíssima coloração filigranada, os anjos e seres humanos se miram, se interrogam mutuamente, se enlaçam num arrebatamento audaz. Fiel a tantos e tantos anos de dedicação a pintura, ao desenho, a artista parece agora ter transposto, com coragem, uma nova fronteira. Com isso suas criações não têm o acabamento de uma obra estática: adquirem uma dimensão maior – a do serenamente inacabado.” (…)
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1958: INSTITUTO DOS ARQUITETOS DO BRASIL – SECÇÃO DE PERNAMBUCO, RECIFE (PE) 1964: GALERIA DE ARTE DO RECIFE, RECIFE (PE) 1965: CASA DO ARTISTA PLÁSTICO, SÃO PAULO (SP) 1969: GALERIA AZULÃO, SÃO PAULO (SP) 1971: TORA IPANEMA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1972: GALERIA O SOBRADO, SÃO PAULO (SP) 1976: GALERIA EMY BONFIM, SÃO PAULO (SP) 1982: GALERIA GEROT, SÃO PAULO (SP) 1989: EVASION ARTE, SÃO PAULO (SP).
EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1956: MEPE, “XV SALÃO ANUAL DE PINTURA”, PRÊMIO ESPECIAL DE DESENHO, RECIFE (PE) 1957: MEPE, “XVI SALÃO ANUAL DE PINTURA”, PRIMEIRO PRÊMIO DE DESENHO, RECIFE (PE) 1958: CABANGA IATE CLUBE, “I PANORÂMICA DE ARTES PLÁSTICAS EM PERNAMBUCO”, RECIFE (PE); SOCIEDADE DE ARTE MODERNA DO RECIFE, “I FEIRA DE ARTE”, RECIFE (PE) 1959: MEPE, “XVIII SALÃO ANUAL DE PINTURA”, PRIMEIRO PRÊMIO, RECIFE (PE) 1960: MEPE, “XIX SALÃO ANUAL DE PINTURA”, PRIMEIRO PRÊMIO, RECIFE (PE) 1962: GALERIA DE ARTE DO RECIFE, “III EXPOSIÇÃO COLETIVA DE ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1963: CABANGA IATE CLUBE, “II PANORÂMICA DE ARTES PLÁSTICAS EM PERNAMBUCO”, RECIFE (PE) 1964: CABANGA IATE CLUBE, “III PANORÂMICA DE ARTES PLÁSTICAS EM PERNAMBUCO”, RECIFE (PE) 1965: MAC/SP, “II EXPOSIÇÃO DO JOVEM DESENHO NACIONAL”, SÃO PAULO (SP); MAC/CAMP, “I SALÃO DE ARTE CONTEMPORANEA”, CAMPINAS (SP); SEMINÁRIO DE OLINDA / ACF – RECIFE E CANADÁ, “FEIRA DE ARTE”, OLINDA (PE) 1966: SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO, “XV SALÃO PAULISTA DE ARTE MODERNA”, SÃO PAULO (SP); MAC/CAMP, “II SALÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA, CAMPINAS (SP) 1967: MAC/CAMP, “MOSTRA COLETIVA”, CAMPINAS (SP); MAM/SP, “IX BIENAL DE SÃO PAULO”, SÃO PAULO (SP); SEC/PR, “SALÃO DE CURITIBA”, CURITIBA (PR); MUSEU DE ARTE DA PREFEITURA, “SALÃO DE BELO HORIZONTE”, BELO HORIZONTE (MG); CIRCULO ITALIANO, “MOSTRA COLETIVA”, 1º PRÊMIO DE DESENHO, SÃO PAULO (SP) 1968: GALERIA AZULÃO, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO, “XVII SALÃO PAULISTA DE ARTE MODERNA”, SÃO PAULO (SP); MAM/BA, “II BIENAL NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”, SALVADOR (BA) 1969: PREFEITURA MUNICIPAL, “I ENCONTRO DE ARTE”, 1º PRÊMIO DE DESENHO, JUNDIAÍ (SP) 1970: MAM/SP, “PRÉ-BIENAL DE SÃO PAULO”, SÃO PAULO (SP) 1972: MAM/SP, “PRÉ-BIENAL NACIONAL”, SÃO PAULO (SP) 1974: MAM/SP, “PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA”, SÃO PAULO (SP); MAC/CAMPINAS, “SALÃO DO DESENHO BRASILEIRO”, CAMPINAS (SP) 1975: PREFEITURA MUNICIPAL, “VI ENCONTRO JUNDIAENSE”, JUNDIAÍ (SP); GALERIA AZULÃO, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); GALERIA CASA GRANDE, “MOSTRA COLETIVA”, S.JOSÉ DO RIO PRETO (SP); ESPAÇO CULTURAL SHARP, “SHOW ROOM DA SHARP”, S.JOSÉ DO RIO PRETO (SP) 1977: MAM/SP, “PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA”, SÃO PAULO (SP) 1978: GALERIA EUCATEXPO, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); GALERIA A CASA GRANDE, “MOSTRA COLETIVA”, S.JOSÉ DO RIO PRETO (SP) 1979: CASA DA CULTURA DE ISRAEL, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP) 1980: GALERIA AZULÃO, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); CLUBE PAULISTANO, “SOCIARTE”, SÃO PAULO (SP) 1981: GALERIA AZULÃO, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); GALERIA CASA NOVA, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); GALERIA VASP, “MOSTRA COLETIVA”, BRASÍLIA (DF); CLUBE MONTE LÍBANO, “SOCIARTE”, SÃO PAULO (SP); GALERIA BAHIARTE, “MOSTRA COLETIVA”, LONDRINA (PR); GALERIA FLEXOR, “MOSTRA COLETIVA”, MARILIA (SP) 1982: GALERIA BAHIARTE, “MOSTRA COLETIVA”, LONDRINA (PR) 1983: CHAPEL SCHOOL MARY IMACULATE, “ARTE SHOW”, SÃO PAULO (SP) 1984: GALERIA MOVIMENTO DAS ARTES, “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); CHAPEL SCHOOL MARY IMACULATE, “ARTE SHOW”, SÃO PAULO (SP); GALERIA BAHIARTE, “MOSTRA COLETIVA”, LONDRINA (PR) 1985: CLUBE PINHEIROS, “4 TENDÊNCIAS”, SÃO PAULO (SP); SOCIARTE (SEDE), “MOSTRA COLETIVA”, SÃO PAULO (SP); CHAPEL SCHOOL MARY IMACULATE, “ARTE SHOW”, SÃO PAULO (SP) 1986: HILTON – PROJETO CULTURAL, “5 ESTRELAS DA LITOGRAFIA”, SÃO PAULO (SP) 1988: FACULDADE SANTA MARCELINA, “I SALÃO NACIONAL DE AQUARELA”, SÃO PAULO (SP) 1989: MAC/CAMPINAS, “AQUARELAS- TRANSPARENCIA E COR”, SÃO PAULO (SP) 1990: TEATRO MUNICIPAL, “COLETIVA SOCIARTE”, MARIANA (MG) 1991 a 1999: CLUBE MONTE LÍBANO, “COLETIVA SOCIARTE”, SÃO PAULO (SP); CHAPEL SCHOOL MARY IMACULATE, “ARTE SHOW”, SÃO PAULO (SP).
EXPOSIÇÕES NO EXTERIOR: 1975: CERTAMEN INTERNACIONAL DO DIBUJO JOAN MIRÓ, BARCELONA (ESPANHA) 1981: ART EXPORT ARMORY, WASHINGTON DC (USA) 1985: GALERIA DE ARTE DO CASSINO DO ESTORIL, “GRAVURA LUSO-BRASILEIRA”, (PORTUGAL) 1986: EXPO – PORTUGUESES D’ALEM MAR, “FEIRA INTERNACIONAL DE LISBOA”, (PORTUGAL).
PARTICIPAÇÃO GRÁFICA: Ilustrou com aquarelas o livro “Praia de Sonetos” do poeta Paulo Bomfim – edição de Massao Ohno Ilustrou com aquarelas o livro “Pássaros da Madrugada” de Margarida Américo dos Reis – edição de Roswita Kempf Ilustrou com aquarelas a edição especial de Contos Eróticos da revista Status – Editora Três.
BIBLIOGRAFIA
Pontual, Roberto. Dicionário das Artes Plásticas no Brasil. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1969, p.113.
Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil 87. Inter/Arte/Brasil, São Paulo, 1986, V.2, p.261.
Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil 88. Inter/Arte/Brasil, São Paulo, 1988, V.3, p.251.
Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil 90. Inter/Arte/Brasil, São Paulo, 1990, V.4, p.246.
Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil 92. Inter/Arte/Brasil, São Paulo, 1992, V.5, p.229.
Cláudio da Silva, José. Artistas de Pernambuco. Governo do Estado de Pernambuco, Recife, 1982, (reprodução 332)
Cláudio da Silva, José. Memória do Atelier Coletivo. Edição Artespaço, 1979.
Diário da Noite, Coluna Arte – Ladjane Bandeira – “Que é feito de Celina?”, Recife, 09.07.63.
O Estado de São Paulo, artigo de Jacob Klintowitz – “Um desenho sensível e requintado, com…”, São Paulo, 17.05.76.