JOSÉ CORBINIANO LINS
Assina: CORBINIANO ou CL – Olinda, PE, 02/03/1924. – 10/03/2018
ESCULTOR, DESENHISTA E PINTOR.
Estudou na Escola Técnica Federal de Pernambuco onde fez cursos de Artes Gráficas e Artes Decorativas, começando a pintar em 1949. Em 1952, ingressa no atelier coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, dirigida pelo escultor Abelardo da Hora, fundando, nessa Sociedade, juntamente com outros artistas, o Clube de Gravura.
Foi membro do Conselho Municipal de Cultura do Recife e nos últimos anos ilustrou diversos livros, participando ainda de Comissões Julgadoras, assim como de exposições individuais e coletivas em cidades como Recife, São Paulo, Rio de janeiro, Salvador e ainda na Europa e América Latina.
Decorou com suas obras a Capela e o prédio da Reitoria da Universidade de João Pessoa da Paraíba.
É membro jubilado da Academia de Artes e Letras de Pernambuco.
O profundo relacionamento com materiais escolhidos para o seu trabalho e, mais, a ação criadora inerente a sua personalidade, o colocam entre os melhores talentos no cenário das artes plásticas. Painéis, esculturas, pinturas, talhas e gravuras, representam a multiplicidade bem-elaborada da produção de Corbiniano. Entretanto, as esculturas destacam-se como núcleo de sua imaginação privilegiada. Da madeira, ele aproveita os vários recursos da arte de entalhar, as sutilezas, a vitalidade e a infinita riqueza da trama. E, com a sua mão de mestre, gera figuras inimitáveis do folclore e dos costumes nordestinos, voltados predominantemente para a época colonial: as varandas das casas grandes de engenho, as Sinhás e as Mucamas, entre outras. Do metal, através de novas técnicas entre as quais se incluem ligas, soldas e, obviamente uma nova sistemática construtiva, desenvolve formas esculturais multiformes, tridimensionais, através de múltiplos. Seu trabalho com esse material provocou-lhe a mais rica, complexa e excitante experiência, verificada nas suas obras representadas na maior parte por figuras femininas repletas de sensualidade.
Em Março de 1970, José Cláudio fez-lhe as seguintes referências: (…) “O seu goticismo aparente, o seu ogivalismo, a sua elegância, no sentido vulgar de correção de linhas, de acabamento limpo, de discrição e equilíbrio na distribuição dos elementos da composição da obra, não escondem uma forte dose de sensualismo, de quentura negra, e de rusticidade. Ante a elegância, o escorreito, das figuras de Corbiniano, me dá vontade de perguntar como o rei, muito lusitanamente, ao amigo beberrão: ‘Por baixo desse louro, a quanto vale a canada? ’. Imaginoso, dessa imaginação sem espalhafatos, as suas cenas de xangô, estéticas, as suas figuras fixadas diante do horizonte total em que somente a lua‚ digna de aparecer, parece procurar respostas, ou melhor: fazer interrogações no campo da metafísica. Mesmo uma cena sem nenhuma implicação religiosa inicial, ele transforma num altar em que alguma coisa se imola, como nessa prancha do comedor de melancia: a melancia ‚ uma oferenda, ou uma hóstia, o sangue da conquém, do casal de pombos ou do bode que o filho-de-santo bebe‚ ou com que se banha o Pegi, ou o sangue do cordeiro divino sob as espécies da polpa rubi da talhada de fruta qual novo ‘Pão dos Anjos’.
Os abebés de Iemanjá, o machado de Xang, ele sabe apresentar como objetos sagrados e não apenas anotações para iconografia. O documental não lhe interessa. A anotação detalhada de tipos, ou de indumentária, porque, impregnado, talvez sem o saber, da seita, ele faz de suas figuras o seu herói, a sua projeção, a sua versão, criada por ele próprio para poder ser por ele próprio contemplada. Daí então o seu caráter ‘ingênuo’, não quanto ao aspecto de educação visual ou de execução, que ‚ de artista erudito, ou quanto ao aspecto exterior da obra, mas psíquica ou filosoficamente falando: ele crê no transe e crê que os outros crêem, mesmo que essa sua crença não ultrapasse o instante fugaz da criação da obra”. (…)
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1959: GALERIA LEMAC, INSTITUTO DOS ARQUITETOS e TEATRO DO PARQUE, RECIFE (PE); CLUBE DOS ARTISTAS, SÃO PAULO (SP) 1971: SOBRADO GALERIAS DE ARTE, “EXPOSIÇÃO DE TALHAS”, SÃO PAULO (SP) 1979: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “ESCULTURAS, TALHAS E SERIGRAFIAS”, RECIFE (PE) 1994: CCPE, “AFRO-BRASILEIRISMO”, OLINDA (PE) 1999: SHERATON RECIFE HOTEL, “ESCULTURAS”, JAB.GUARARAPES (PE).
EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1950: MEPE, “IX SALÃO ANUAL DE PINTURA”, RECIFE (PE) 1952: MEPE, “XI SALÃO ANUAL DE PINTURA”, (MENÇÃO HONROSA), RECIFE (PE) 1954: MEPE, “XIII SALÃO ANUAL DE PINTURA”, (PREMIADO), RECIFE (PE); SAMR, “I EXPOSIÇÃO DO ATELIER COLETIVO”, (PREMIADO), RECIFE (PE); “1° CONGRESSO NACIONAL DE INTELECTUAIS”, GOIANA, (GO); “GRAVURAS BRASILEIRAS”, (REALIZADA EM OITO PAÍSES DA EUROPA, NA ARGENTINA E NA MONGÓLIA) 1955: MEPE, “XIV SALÃO OFICIAL DE PINTURA” (PREMIADO) e SAMR, (PATROCINA EXPOSIÇÃO EM ISRAEL), RECIFE (PE) 1957: MEPE, “XVI SALÃO OFICIAL DE PINTURA”, (1° PRÊMIO EM ESCULTURA) e CLUBE DA GRAVURA DA SAMR, (LANÇAMENTO DE ÁLBUM JUNTO COM WELLINGTON VIRGOLINO E WILTON DE SOUZA), RECIFE (PE) 1958: MEPE, “XVII SALÃO OFICIAL DE PINTURA”, (1° PRÊMIO-GRAVURAS), RECIFE (PE) 1962: BB – AGÊNCIA CENTRO, “CONCURSO”, (1° PRÊMIO-ESCULTURA), RECIFE (PE) 1963: ARTENE-ARTESANATO DO NORDESTE, “CONCURSO DE CARTAZES”, (1° PRÊMIO), RECIFE (PE) 1966: MAM/BA, “I BIENAL NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”, SALVADOR (BA) 1967: GALERIA O SOBRADO 7, “EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS” (Doação ao Museu de Artes das Alagoas), OLINDA (PE) 1969: MAM/SP, “PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA”, SÃO PAULO (SP) 1972: MAM/SP, “PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA”, SÃO PAULO (SP) 1975: MAM/SP, “PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA”, SÃO PAULO (SP); MAC/PE, “I SALÃO DE NUS ARTÍSTICOS”, OLINDA (PE) 1977: LANSING ART GALLERY, “MOSTRA COLETIVA”, MICHIGAM (EUA); SENDER GALERIA DE ARTE, “COLETIVA 77”, RECIFE (PE) 1978: BB – AGÊNCIA SANTO ANTÔNIO, “CONCURSO”, (1° PRÊMIO-ESCULTURA), RECIFE (PE); MAM/SP, “PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA”, SÃO PAULO (SP) 1992: “I SALÃO LATINO-AMERICANO DE PINTURA RELIGIOSA”, ROSÁRIO (ARGENTINA); RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “HOMENAGEM AO RECIFE”, RECIFE (PE) 1993: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “INTEGRAÇÃO”, RECIFE, (PE).
PRODUÇÃO GRÁFICA: Além de ilustrar contos do livro “O Urbanismo na Literatura” de autores pernambucanos e fazer diversas capas de discos, CORBINIANO executou vários álbuns de gravuras, entre os quais: “GRAVURAS DE CORBINIANO/ WELLINGTON/ WILTON”, (1957); “10 XILOGRAVURAS”, (1960); “GRAVURAS EM CORES”, (1961); “XANGÔ I”, EM SERIGRAFIA, (1970); “XANGÔ II”, EM SERIGRAFIA e “XILOGRAVURAS”, (1973); “NUS”, EM SERIGRAFIA, (1977) e “ELA”, EM SERIGRAFIA, (1991).
ACERVOS: As obras de Corbiniano fazem parte de diversos acervos de instituições públicas e privadas e, de colecionadores no Brasil e no exterior, entre os quais podemos citar: MONUMENTO DO 1° CENTENÁRIO – Campina Grande/PB SEREIA DO MIRANTE – Maceió/AL PAINEL para o EDIFÍCIO FÓRUM – Campina Grande/PB FIGURA-SÍMBOLO do CLUBE DO TRABALHADOR – Campina Grande/PB MONUMENTO DO VAQUEIRO – Fortaleza/CE MONUMENTO DE IRACEMA – Fortaleza/CE, ESCULTURA DE IRACEMA – Ipu/CE PORTÃO MURAL do EDIFÍCIO SANTO ANTÔNIO – Recife/PE PAINÉIS EM AZULEJOS- “REVOLUÇÕES PERNAMBUCANAS (1817-1848)” e ESCULTURA DE SANTO AMARO, na BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SANTO AMARO – Recife/PE MONUMENTO AO TRABALHADOR – Paulo Afonso/PE DECORAÇÃO DA CATEDRAL – Floresta de Navios/PE ESCULTURA DO BANCO DO BRASIL-AG.CENTRO – Recife/PE ESCULTURA DO BANCO DO BRASIL-AG.SANTO ANTÔNIO – Recife/PE TRABALHOS no MUSEU DE ARTE MODERNA – São Paulo/SP ESCULTURA NO BANCO DO BRASIL – Luxemburgo /BÉLGICA, Barcelona /ESPANHA, Londres /INGLATERRA e Otawa/CANADÁ TRABALHOS no acervo do colecionador HENDRIK ZWARENSTEIN – EUA MONUMENTO “IPUTINGA BAIRRO DOS ARTISTAS” – Recife/PE ESCULTURA DE GRANDE PORTE no SHOPPING CENTER RECIFE e na CELPE – Recife/PE ESCULTURAS em todas as Lojas (Supermercados) do GRUPO BOMPREÇO – Recife/PE 2 Esculturas na Praça das Esculturas do SHOPPINGCENTER RECIFE – Recife/PE Painel do prédio da Reitoria, UNIPE – João Pessoa/PB Peças decorando a Capela e Monumento ao Estudante no Campus Universitário da UNIPE – João Pessoa/PB 1º. Lugar no concurso de Esculturas, orla marítima de Olinda – Olinda/PE.
BIBLIOGRAFIA
Cavalcanti, Carlos. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Instituto Nacional do Livro/MEC, Brasília, 1974, p.484
Grinberg, Cyma e Kanner, Tânia. Catálogo/Convite Expos.”Talhas de Corbiniano”. Sobrado Galerias de Arte, São Paulo, 05/10/1971.
Rodrigues, Galeria de Arte. Departamento de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.