Elezier Xavier (PE)

Elezier Xavier (PE)

ELEZIER XAVIER BEZERRA
Assina: E.XAVIER / ELEZIER XAVIER- Triunfo, PE, 05/02/1907 – Recife, PE, 18/06/1998.
PINTOR (AQUARELISTA) E PROFESSOR

Realizou estudos no Colégio Diocesano e depois no Colégio Marista, quando se transferiu para o Recife e em 1926, ingressou no mundo artístico quando o poeta Craveiro Leite o apresentou a Mário Nunes e Balthasar da Câmara. Por intermédio destes conheceu Henrique Eliot, que foi seu mestre em lições de desenho. Convidado por Mário Nunes realiza junto com ele e Álvaro Amorim, na mesma época, cenários para peças no Teatro Santa Isabel.

Em 1927, conheceu Gilberto Freyre, então oficial de gabinete do Governo do Estado, que o apresentou ao irmão Ulisses Freyre de quem recebeu uma carta apresentando-o a Manuel Bandeira, que ficou satisfeito em conhecê-lo e com quem fez uma grande amizade. Este fato ocorreu em 1928, na sua viagem ao Rio de Janeiro. No ano seguinte, matricula-se no Liceu de Artes e Ofícios daquela cidade, sendo aluno do professor Eurico Alves. Por esta época Manuel Bandeira o apresenta à Cândido Portinari e através deste conhece Teruz, Edson Mota, Olegário Mariano, Luiz Abreu e outros.
Todos jovens, entusiasmados, se reuniam com freqüência em frente ao Palace Hotel, sempre à tarde, formalizando um encontro de artistas e intelectuais. Ainda neste mesmo ano, participa do Salão dos Artistas Brasileiros, tomando parte como único artista pernambucano.

Em fins de 1931, regressa a Pernambuco e no ano seguinte, passa à ensinar desenho nos melhores colégios da capital, entre os quais podemos citar: Escola Técnica Prof.Agamenon Magalhães (hoje CIPAM), Escola Normal Oficial do Estado (hoje IEP), Brigada Militar de Pernambuco no curso de preparação de Oficiais (hoje Polícia Militar de Pernambuco) e ainda, nos colégios Pedro Augusto, Padre Felix, Porto Carreiro, Nossa Senhora do Carmo e Escola Normal Pinto Júnior.

Sempre dedicado à pintura, se junta com Carlos de Hollanda, Augusto Rodrigues, Hélio Feijó, Bibiano Silva, Nestor Silva, Percy Lau, J.Pimentel, Danilo Ramires, Manoel Bandeira e outros, fundando o Grupo dos Independentes, em 1933, do qual foi o idealizador, representando a primeira tentativa de um movimento artístico estruturado em Pernambuco. Este grupo mobilizou-se pelo interesse nos movimentos de arte moderna que aconteciam no panorama mundial, trazendo um sentido de renovação e de novos caminhos para a arte.
O I Salão dos Independentes foi realizado na Biblioteca Pública, na Rua do Imperador, onde hoje se encontra o Arquivo Público. Foi inaugurado pelo então governador (Interventor Federal) Carlos de Lima Cavalcanti, constituindo um sucesso nos meios artísticos e intelectuais da época, com ampla divulgação da imprensa. A partir de então o Café Lafayette (na esquina da 1° de Março com rua do Imperador) passou a ser um ponto de encontro dos artistas e intelectuais. O II Salão dos Independentes foi realizado no Sindicato dos Empregados do Comércio, na Rua da Imperatriz, com muito êxito.

A partir de 1940, Elezier dedica-se quase que exclusivamente a aquarela, técnica que o conquistou pelos efeitos de transparência e luminosidade. Passa a ser um excelente iconógrafo das cidades do Recife e Olinda, num trabalho incessante, transferindo para o papel os encantos que maravilhavam seus olhos. Através dos pincéis, documentou com extrema fidelidade os bairros repletos de lirismo, com suas igrejas, velhos casarões e tudo aquilo que os rodeavam, incluindo-se as históricas pontes sobre os rios Capibaribe e Beberibe. E, como disse Deus Sobrinho: “Pelas tintas de suas aquarelas, o mundo inteiro conhece hoje as relíquias de nosso passado. Velhos Solares, Monumentos históricos, a vida que ficou, o passado que não passou”.

Em 12 de setembro de 1984, o Departamento de Cultura do Estado de Pernambuco tomou-o como Patrono da sua sala de exposições, apondo no local uma placa alusiva. No dia 10 de setembro de 1986, o Museu da Imagem e do Som, da Empetur, grava o seu depoimento, dando prosseguimento a coleta de depoimentos de personalidades de destaque dos mais diversos setores sócio-político-culturais de Pernambuco. Na ocasião, os entrevistadores de Elezier foram o acadêmico Nilo Pereira, o professor Potiguar Matos e o então presidente da Empetur, Ricardo Costa Pinto.

Manuel Bandeira escreveu: “Fui a MAISON DE FRANCE assistir à abertura da exposição de grande pintor pernambucano, que desde 49 não se exibia no Rio: Elezier Xavier. Mas essa exposição não representava para mim apenas uma esplêndida coleção de aquarelas suscitadora de raras emoções estéticas. Era isso, e era ainda uma volta ao Recife. Porque aquelas soberbas pontes, reproduzidas por Xavier com tanta força, tanta verdade e tanta poesia, não estavam ali ligando tão-somente as duas margens do Capibaribe e do Beberibe; estavam também e, sobretudo ligando-me ao Recife da minha infância, e assim restaurando a infância dentro de meu coração tão machucado. Aquelas pontes, aqueles sobrados e telhados, aquelas Igrejas, aquelas cenas do folclore pernambucano – maracatus e pastoris – fizeram cantar de novo a cotoviazinha do meu poema”.

Gilberto Freyre fez-lhe a seguinte crítica: “(…) Xavier não é nenhum antiprogressista a querer o Recife parado em tempos arcaicamente românticos. Mas não lhe falta o ânimo lírico para fazer de um Recife que desaparece nas suas formas concretas, inspirações ideais para o Recife que venha a reaparecer com o seu caráter de sempre unido a arrojos de modernidade ou de futuridade. Elezier Xavier, esse arquiteto magistral, é um pintor pernambucano, pernambucaníssimo”.

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1949: CÂMARA DO DISTRITO FEDERAL – SALÃO NOBRE, RIO DE JANEIRO (RJ) 1962: MAISON DE FRANCE, RIO DE JANEIRO (RJ) 1977: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “MEIO SÉCULO DE PINTURA”, RECIFE (PE) 1987: GALERIA VICENTE DO REGO MONTEIRO, “RETROSPECTIVA-62 ANOS DE PINTURA”, RECIFE, (PE) 1996: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “RETROSPECTIVA- DA DÉCADA DE 30 À 90”, RECIFE (PE).

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1929: “II SALÃO DOS ARTISTAS BRASILEIROS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1930: “III SALÃO DOS ARTISTAS BRASILEIROS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1933: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO, “I SALÃO INDEPENDENTE DE ARTE”, RECIFE (PE) 1936: SINDICATO DOS EMPREGADOS DO COMÉRCIO, “II SALÃO INDEPENDENTE DE ARTE”, RECIFE (PE) 1942: MEPE, “I SALÃO ANUAL DE PINTURA”, (MENÇÃO HONROSA), RECIFE (PE) 1943: MEPE, “II SALÃO ANUAL DE PINTURA”, (MEDALHA DE PRATA), RECIFE (PE) 1948: “SALÃO DOS ARTISTAS NACIONAIS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1952: MEPE, “XI SALÃO ANUAL DE PINTURA”, (PRÊMIO UNIVERSIDADE DO RECIFE), RECIFE (PE) 1953: MEPE, “XII SALÃO ANUAL DE PINTURA”, (PRÊMIO UNIVERSIDADE DO RECIFE), RECIFE (PE) 1959: CLUBE DOS ARTISTAS E AMIGOS DA ARTE, SÃO PAULO (SP); “X SALÃO ALA”, SALVADOR (BA); GALERIA DE ARTES DO RECIFE, “I EXPOSIÇÃO COLETIVA”, RECIFE (PE) 1967: GALERIA O SOBRADO 7, “EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS” (Doação ao Museu de Artes das Alagoas), OLINDA (PE) 1968: TEATRO SANTA ISABEL/ DEC-PMR, “PINTORES PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1972: CASA DO ARTISTA/ P.M.I., “EXPOSIÇÃO COLETIVA”, IGARASSU (PE) 1974: “SALÃO DE JULHO”, RIO DE JANEIRO, (RJ) 1975: MAC/PE, “I SALÃO DE NUS ARTÍSTICOS”, OLINDA (PE) 1977: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “II ARTE BRASILEIRA NO NORDESTE – LEILÃO”, RECIFE (PE) 1980: MAC/PE, “MOSTRA DE PAISAGENS”, OLINDA (PE) 1985: MAB-FAAP, “ARTISTAS DE PERNAMBUCO – ACERVO MAC/PE”, SÃO PAULO (SP) 1986: MAC/PE / CCPE, “XXIX CONGRESSO COTAL (MOSTRA OBRAS DO ACERVO)”, OLINDA (PE) 1991: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “DESENHOS E GRAVURAS”, RECIFE (PE) 1992: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “HOMENAGEM AO RECIFE”, RECIFE, (PE) 1997: HERA SAGITÁRIO, “HOMENAGEM AO ARTISTA PLÁSTICO PAULO NEVES”, RECIFE (PE).

PRODUÇÃO GRÁFICA: ÁLBUM DO RECIFE – Impresso em preto e branco pela EFPE; RECIFE/OLINDA/IGARASSÚ E ITAMARACÁ – Edição do Governo de Pernambuco (em policromia); ÁLBUM COM REPRODUÇÕES DE 12 QUADROS SOBRE O RECIFE – Edição do Autor (em policromia); RELATÓRIO DOS GRANDES MOINHOS DO BRASIL – Ilustrações com motivos de Engenhos pernambucanos; LIVRO: “APIPUCOS – QUE HÁ NUM NOME?” – de Gilberto Freyre, (Ilustrações).

BIBLIOGRAFIA
Convite Da Exposição “Retrospectiva 62 Anos de Pintura”. Galeria Vicente do Rego Monteiro, 1987.
Revista: Notícias do D.E.R, N°102, Nov/Dez/77.
Revista: Quadra. Texto de Deus Sobrinho. Julho, 1981.
Rodrigues Galeria de Artes. Setor de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.

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