Hansen Bahia (Alemanha)

Hansen Bahia (Alemanha)

Karl Heinz Hansen – 1915: Hamburgo, Alemanha – 1978: São Paulo, SP+
Gravador, escultor, pintor, ilustrador, poeta, escritor, cineasta e professor.
Assina: Hansen Bahia

Alemão de nascimento, Hansen Bahia foi desses artistas especiais que adotou a Bahia como sua nova terra, transformando-a em fonte de inspiração para a sua produção artística. A importância da obra de Hansen no cenário mundial da arte é inquestionável. Seu nome consta em vários dicionários de arte europeus, na Enciclopédia Delta Larousse e no Dicionário de Artes Plásticas do Brasil, de Roberto Pontual; no Bahia de Todos os Santos – Guia de Ruas e Mistérios de Jorge Amado (Ed. Record, 27ª Edição, 1977, Págs. 313 a 361.).

Karl Heinz Hansen nasceu em 19 de abril de 1915 em Hamburgo, Alemanha. Foi marinheiro, escultor, poeta, escritor, cineasta, pintor e xilógrafo. Seus primeiros trabalhos artísticos surgiram no início dos anos 40. Dono de espírito e idéias progressistas, sempre lutou pelo bem-estar do homem; participou da Segunda Guerra Mundial denunciando-a no seu famoso “Drama do Calvário”. Saiu da Alemanha em 1950 e veio conhecer o Brasil. Morou em São Paulo onde teve o seu primeiro emprego como decorador na Companhia de Melhoramentos até o ano de 1955, período em que desenvolveu criativamente uma série de xilogravuras. Neste mesmo ano veio para a Bahia expor na antiga Galeria Oxumaré. A temática da boa terra o seduziu e resolveu abandonar tudo em São Paulo para morar em Salvador. Naturalizou-se e adotou a Bahia como sua terra e como nome de batismo. Em 1975, Hansen Bahia e sua mulher Ilse conhecem as cidades de Cachoeira e São Félix.

Cidadão brasileiro, baiano mais exatamente, Karl Heinz Hansen ficou conhecido profissionalmente como Hansen Bahia. Quando chegou ao Brasil, sua formação técnica e artística já era bastante completa, apesar de jovem. Mas foi no Brasil que ele floresceu; foi na Bahia que ele desabrochou. Do encontro de sua herança adquirida no país de origem com a revelação e o potencial encontrados em sua terra de adoção, nasceria uma arte matizada, rica, povoada de mulatas, embebidas pela natureza, fortalecida por pescadores e homens do povo, iluminada pelo Sol, diferenciada por uma técnica feita de virtuosidade cada vez maior. E quando chegou a hora de ele reinterpretar os mitos gregos e os temas bíblicos, para lá convergiu a totalidade de sua experiência de vida e de sua bagagem artística, plasmando em várias de suas séries de gravuras o humanismo de quem vê a morte e o apocalipse na figura de Hitler, o Mal sem redenção, e na beleza da vida e na incondicionalidade do amor, a única possibilidade de redenção. Embora consumado em várias técnicas(marinheiro, escultor, poeta, escritor, cineasta e pintor), foi na xilogravura que encontrou a melhor adequação para o conteúdo de seus temas, e nela tornou-se um mestre.

Entre suas obras as mais conhecidas são os livros de gravuras ou xilografias inspiradas em temas bíblicos e nos escritos de Jorge Amado, Castro Alves, Luís Viana Filho e François Villon.
Cronologia
1935-36 – Trabalhou como marinheiro, em Hamburgo.
1936-45 – Serviu como soldado na Segunda Guerra Mundial . Atuou também como ilustrador de histórias infantis.
1946-1948 – Realizou suas primeiras xilogravuras.
1950 – Emigrou para o Brasil, onde fixou residência em São Paulo, SP, onde passou a trabalhar para a Companhia Melhoramentos. 1955 – Deixou a Melhoramentos e mudou-se para Salvador, BA.
1957 – Ilustrou a publicação Flor de São Miguel, com textos de Jorge Amado, Vinícius de Moraes e também de sua autoria.
1958 – Fez ilustrações para o Navio Negreiro, de Castro Alves.
1959-63 – Retornou à Alemanha. Nesse período trabalhou no ateliê de gravura fundado por ele mesmo no castelo de Tittmoning. 1961 – Realizou ilustrações para a publicação Songs aus der Dreigroschenoper, de Bertolt Brecht.
1963-66 – Viveu na Etiópia, onde ajudou a fundar a Escola de Belas Artes da cidade de Addis-Abeba. Ainda nesse período, retornou a Salvador.
1966 – Naturalizou-se brasileiro, adotando o nome artístico de Hansen Bahia.
1967 – Tornou-se professor de artes gráficas da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia.
1970 – Transferiu-se para São Félix, BA.
1971 – Realizou ilustrações para a publicação Die Hetärengespräche, de Luquiano. 1976 – Doou em testamento sua produção artística para a cidade de Cachoeira, BA, onde foi criada a Fundação Hansen Bahia. 1976 – Ilustrou a publicação Knie Nieder Wenn Du Kannst Ein Kreuzweg Unserer Zeit, com texto de sua autoria.

Realizou as seguintes exposições individuais:
1950 – Museu de Arte de São Paulo, São Paulo. 1952 – Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. 1953 – Museu de Arte de São Paulo, São Paulo. 1955 – Museu de Arte Moderna, São Paulo. 1956 – Hansen Bahia, Museu de Arte Moderna, São Paulo. 1964, 66 – Museu de Arte Moderna, São Paulo. 1971 – Brasília, DF. 1975 – Hansen Bahia, Museu de Arte Brasileira, Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo. Participou das seguintes exposições coletivas: 1951-61 – I Bienal Internacional de São Paulo, Pavilhão do Trianon, São Paulo. 1952,54 e 55 – II, III e IV Salão Paulista de Arte Moderna, Galeria Prestes Maia, São Paulo. 1957 – Artistas da Bahia, Museu de Arte Moderna, São Paulo. 1969 – I Panorama de Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna, São Paulo. 1970 – II Bienal Internacional de Artes Gráficas, Buenos Aires, Argentina, prêmio América; A Gravura Brasileira, Paço das Artes, São Paulo.

Postumamente, participou, entre outras, das seguintes exposições: 1984 – A Xilogravura na História da Arte Brasileira, Casa Romário Martins, Curitiba, PR; Galeria Sérgio Milliet, Funarte, Rio de Janeiro. 1985 – 18ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo. 1992 – Gravura de Arte no Brasil: proposta para um mapeamento, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. 1993 – Xilogravura: do cordel à galeria, Fundação Espaço Cultural da Paraíba, João Pessoa, PB. 1998 – Hansen Bahia: 20 anos depois, Galeria Solar Ferrão, Salvador. 1999 – Hansen Bahia, Galeria do ICBA, Salvador. 2000 – Hansen Viver Bahia, Galeria Solar Ferrão Salvador; Hansen Bahia: retrospectiva, Conjunto Cultural da Caixa, São Paulo. 2003 – Entre Aberto, Gravura Brasileira, São Paulo.

GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apres. Ricardo Ribenboim, textos de Leon Kossovitch et al. Itaú Cultural/Cosac & Naif, São Paulo, 2000. HANSEN Bahia, Mulheres. Apres. Paulo Gaudenzi, textos de Augusto Leciague Régis Neto et al. Fundação Hansen Bahia, 1997. HANSEN Bahia, Retrospectiva. Conjunto Cultural da Caixa, São Paulo, 2000. PFEIFFER, Wolfgang. Artistas alemães e o Brasil. Empresa das Artes, São Paulo, 1996.

Fontes Fundacao Hansen e RGA depto pesquisas.

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