JIM (José Inacio Marini) (SP)

JIM (José Inacio Marini) (SP)

JOSÉ INÁCIO MARINI
Assina: JIM. Pindamonhangaba, SP, 07/12/1946.
DESENHISTA

Desde criança dedicou-se ao desenho a lápis e nanquim sem receber nenhum incentivo. Em 1965, aos dezenove anos, mudou-se para a capital onde passa a tomar contato visual com obras de outros artistas, participando de exposições coletivas e sendo agraciado com vários prêmios que fortalecem seu empenho e dedicação à arte do desenho, na qual é um mestre.

Em 1969 viaja para Pernambuco passando a morar em Cruz de Rebouças. Em 1971, fixa residência em Olinda, integrando-se ao movimento artístico local. Em 1974 viaja para a Holanda onde permanece por um período de cinco anos, ajudando os movimentos libertadores da América Latina e realizando cartazes para grupos de exilados do Brasil, Chile, Uruguai e Argentina. Trabalhou também na execução de figurinos e cartazes para o Canibal Theatre e New Uruguayan Theater. O governo Holandês, através do Ministério da Cultura, adquire importantes trabalhos de Jim, promovendo exposições em Den Haag/ Amsterdam e na França.
Nesta época, foi acometido de glaucoma e miopia, agravado pela intensidade do seu trabalho artístico de execução altamente minuciosa, levando-o a ser operado dos olhos. Retorna ao Brasil em 1979, executando figurinos, cartazes e ilustrações literárias para grupos de dança como Mônica Japiassu, Vernot Sanches e Vivencial. Suas obras fazem parte de coleções particulares na Argentina, Holanda, Portugal, Estados Unidos, França, México e Uruguai. Fazem também parte do acervo do MAMAM, MEP e MAC de Pernambuco.

O crítico Paulo Azevedo Chaves registrou: “Da época pré-Europa a atual, os desenhos de Jim, sempre embasados uma sólida técnica, apresentam mudanças sensíveis nos assuntos e nas preocupações neles abordados. A ênfase erótica num clima por vezes fantástico, no final da década de 60 e inicio dos anos 70, é substituída hoje por um desenho mais voltado para a crítica social, com figuras grotescas, pomposamente vestidas, como metáforas do poder e da burguesia dominante contrastando com a perfeição de seus nus, quase sempre andróginos ou masculinos, de forte sensualidade e plasticidade em seu delineamento e postura, às vezes agrupados numa dimensão cósmica, da época pré 74.
Mais recentemente, Jim realiza desenhos que integram uma série denominada Naturezas Mortas, em que coloca elementos diversos em relações inesperadas, objetos de épocas e origens diferentes agrupados numa situação intemporal e numa dimensão metafísica”.

Gastão de Holanda escreveu: “A sua arte está circunscrita ao realismo fantástico, escola que requer um rigoroso domínio do figurativo e uma imaginação sem limites. Jim conhece a anatomia, os segredos do corpo humano. Os animais o sensibilizam de modo especial. A tudo isso ele associa uma riqueza de pormenores quase microscópicos, que vêm atestar a força de seu trabalho. Criando pacientemente, ele consegue provar, mesmo numa época de expressão cinética ou psicodélica, que o desenho não está morto. Ainda há muito que dizer. O grotesco (que aproxima Jim de grandes artistas como Fucs), certa sensualidade insólita, símbolos fálicos, o inelutável mistério da poesia, atributos mitológicos, ecos de culturas antigas, são algumas das qualidades desse surpreendente desenho a nanquim. O que há de desconcertante no realismo fantástico de Jim, está compensado pela obrigatória e demorada contemplação do desenho, onde sempre novas formas surgem das sombras, como movidas por um estranho movimento. Outros pormenores nos parecem vindos das telas de Bosch. Sutilezas que formam um riquíssimo tecido lembram as gravuras de Dürer. Jim criou uma linguagem nova dentro de um meio de expressão antigo. Sua composição às vezes é heráldica. Sua simetria quase bilateral compõe uma estrutura de extremo rigor artístico”.

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1972: LOJINHA 38 (INTERNATIONAL WOMEN’S CLUB), RECIFE (PE) 1973: MAC/PE, OLINDA (PE) 1974: GALERIA NEGA FULÔ, RECIFE (PE) 1976: GALERIE D’ART, DEN HAAG (HOLANDA) 1984: GALERIA LAUTREAMONT, “RETROSPECTIVA”, OLINDA (PE) 1988: CENTRO CULTURAL ADALGISA FALCÃO, RECIFE (PE).

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1969: I SALÃO ANCHIETA DE JOVENS, PREMIADO, SÃO PAULO 1970: III SALÃO MUNICIPAL DE ATIBAIA, PREMIADO, SÃO PAULO; III SALÃO DE SANTO ANDRÉ, SÃO PAULO; MAM/SP, “PRÉ-BIENAL DE SÃO PAULO”, SÃO PAULO (SP); GALERIA SETA, “REALISMO FANTÁSTICO”, SÃO PAULO (SP) 1971: GALERIA DE ARTE – CENTRO CULTURAL DE GARANHUNS, “MOSTRA COLETIVA”, GARANHUNS (PE); GALERIA DO ROSÁRIO (IGREJA DO ROSÁRIO DOS PRETOS), “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE) 1972: BIBLIOTECA PÚBLICA PRES. CASTELO BRANCO, “MOSTRA DE ARTE- SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA”, PREMIADO, RECIFE (PE); GALERIA FLORINDA, “MOSTRA COLETIVA”, FORTALEZA (CE); GALERIA BELA AURORA (SOBRADO LARANJA), “PINTORES PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1973: GALERIA 25, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE); MUSEU DE ARTE DA UFCE, “IV SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS DO CEARÁ”, PREMIADO, FORTALEZA (CE); MAC/PE, “COLETIVA NATALINA”, OLINDA (PE) 1974: MAC/PE, “I SALÃO DE ARTE GLOBAL DE PERNAMBUCO”, PRÊMIO: AQUISIÇÃO, OLINDA (PE); MAC/PE, “PANORÂMICA DA ARTE RELIGIOSA”, OLINDA (PE); LIVRO 7 – ESPAÇO CULTURAL, “MOSTRA COLETIVA PRÉ INAUGURAL”, RECIFE (PE) 1976: MINISTÉRIO DE CULTURA, PRÊMIO: AQUISIÇÃO, AMSTERDAM (HOLANDA) 1978: CENTRO CULTURAL, “IMAGES MESSAGES V’AMÉRIQUE LATINE”, VILLEPARISIS, PARIS (FRANÇA) 1979: ESPAÇO CULTURAL BANDEPE, “ARTE SOBRE PAPEL”, RECIFE (PE) 1981: GALERIA TRÊS GALERAS, “GRANDE LEILÃO 81”, OLINDA (PE) 1982: GALERIA LULA CARDOSO AYRES/PCR, “PANORÂMICA DA ARTE ATUAL”, RECIFE (PE); GALERIA LAUTREAMONT, “COLETIVA DE NATAL”, OLINDA (PE) 1983: TEATRO GUAÍRA/ SECRETARIA DE CULTURA, “V MOSTRA ANUAL DO DESENHO BRASILEIRO”, CURITIBA (PR) 1985: MAC/PE, “OLINDA, 450 ANOS”, OLINDA (PE) 1986: GALERIA LAUTRÉAMONT, “OLINDA TERRA DE SONHOS”, OLINDA (PE); GALERIA LAUTRÉAMONT, “COLETIVA DE NATAL”, OLINDA (PE) 1988: MAC/PE, “GERAÇÃO 70 – ARTES E ARTISTAS”, OLINDA (PE); GALERIA LAUTREAMONT, “NO COTIDIANO – PINTURAS E DESENHOS”, OLINDA (PE).

BIBLIOGRAFIA
Rodrigues Galeria de Artes. Setor de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.

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