MAURÍCIO ARRAES DE ALENCAR
Assina: M. ARRAES ou MAURÍCIO ARRAES Recife, PE, 03/07/1956.
DESENHISTA, PINTOR E CENÓGRAFO.
Quando de sua estada na Europa entre 1973 e 1977, Maurício Arraes executou seus primeiros desenhos, aquarelas e pinturas como autodidata. Neste período fez Curso de História na Universidade de Paris VII (Jessieu) e Curso de Sociologia da Arte na Escola Prática de Altos Estudos, também na capital francesa. Retornando ao Brasil em 1978, realizou sua primeira individual na Galeria Ipanema, no Rio de Janeiro, e logo em seguida na de São Paulo.
Sua pintura e desenho refletem cenas do cotidiano urbano, num tracejado (ou pincelada) rápido, utilizando com propriedade o coberto e o descoberto na superfície da tela, como se o mundo que ele reflete estivesse com os nervos à flor da pele.
Além de tomar parte de inúmeras coletivas em vários estados brasileiros, realizou trabalhos gráficos e cenários para as peças “A Ópera do Malandro” de Chico Buarque de Holanda no Teatro Ginástico, Rio de Janeiro (1978); “A Ópera do Malandro” de Chico Buarque de Holanda no Teatro São Pedro, em São Paulo (1979); Montagem da peça “O Percevejo” de Maiakovsky, no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro (1980); Cartaz do espetáculo musical “Ornitorrinco” canta Brecht e Weil, no Tablado, Rio de Janeiro (1981); Cenário e cartaz do filme curta-metragem “Deus Lhe Pague”, de Maria Letícia, baseado numa tela de Maurício Arraes (1981); Cartaz da peça “A Mente Capta”, de Mário Rasi, no Teatro da Praia, Rio de Janeiro (1982); Telões para a peça “Leonce e Lênia”, de Buchner, no Tablado, Rio de Janeiro (1982); Cenários do show “Tempo Tempero”, de Geraldo Azevedo, no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro (1984); Cenário e cartaz da peça “Dois Perdidos numa Noite Suja”, de Plínio Marcos, com direção de Anselmo Vasconcelos, no Teatro Delfin, no Rio de Janeiro (1985); Cenário da peça “Maroquinhas Fru-Fru”, de Maria Clara Machado, no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro (1989); Cenário e cartaz da peça “O Marinheiro” de Fernando Pessoa, no Teatro Plenário, no Rio de Janeiro (1989); Participação na montagem da peça “O Homem e o Cavalo” de Oswald de Andrade, no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro (1991).
A jornalista Fernanda d’Oliveira, na reportagem feita para o Diário de Pernambuco (Caderno Viver), de 29/10/97, escreveu: “(…) Autodidata nas artes plásticas, Maurício Arraes pinta desde a adolescência, mas só veio a fazer sua primeira exposição aos 21 anos. De lá para cá, são mais de vinte individuais entre Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília e Curitiba. Em Paris, participou de duas coletivas. Vivendo exclusivamente da pintura, há mais de vinte anos no Rio de Janeiro, vem ao Recife a trabalho e para rever a família. (…) Nestes vinte anos de pintura, Maurício, como qualquer artista que vive testando novas técnicas e temáticas, confirma que seu trabalho vem mudando.
Alguns temas permanecem como o figurativo, mas a maneira de pintar mudou muito, tornou-se mais pessoal. ‘Adquiri um estilo e isso é muito bom’, diz ele”.
Como nesta sua nova fase, de figuras solitárias: ‘Comecei a pintar meus mais recentes quadros aqui e viajei a Paris para pintar e desenhar. Depois vi que as figuras estavam sozinhas na cena urbana, que mostrava uma cidade ou uma estátua. Isto é o que tenho de novo no figurativo. Antes, multidão. Hoje, solidão’, filosofa Arraes, que é formado em História e Sociologia da Arte, na França. “Ele define sua pintura como pernambucana, pela presença constante do nosso regional em suas telas, bem distante da sua arte inicial”.
O jornalista João Luiz Vieira, registrou na reportagem publicada no Caderno C do Jornal do Commercio de 29/01/97: “Maurício Arraes morou na Argélia, na França e há vinte anos está instalado no Rio de Janeiro. Foi para Argel ainda garoto, acompanhando o pai, exilado político. Era 1965 e o país tinha acabado de conquistar a independência da França, depois de uma violenta guerra civil e um milhão de argelinos mortos. ‘Apesar da tensão, Argel era linda, tinha um clima maravilhoso e, por incrível que pareça, era mais tranqüila para se viver que hoje em dia. Havia um clima hostil com os franceses, mas quando descobriam que éramos brasileiros, a situação melhorava muito’. Maurício já pintava neste clima. Pouco depois passou num ‘vestibular’ e foi estudar História em Paris. Sua primeira influência como artista plástico foi o surrealismo, a pop art e o hiperrealismo. ‘Mesmo antes de me profissionalizar, costumava viajar nas férias escolares para museus na Europa, e isso me influenciou muito também’”.
“Em Paris, dividiu um estúdio com o irmão Guel – diretor de programas na Rede Globo -, e realizou suas primeiras exposições coletivas. Como não conseguia viver de pintura na França, decidiu voltar ao Brasil em 1977. ‘Optei pelo Rio, que nem conhecia, por ter saído de uma grande metrópole e achei que poderia ter dificuldades no Recife’. Conheceu um curador de galeria e, depois de alguns contatos prosseguiu firmando sua carreira, entre exposições de quadros, cartazes e cenografias para espetáculos de teatro”. (…)
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1978: GALERIA DE ARTE IPANEMA, “DESENHOS E PINTURAS”, RIO DE JANEIRO (RJ); GALERIA DE ARTE IPANEMA, “DESENHOS E PINTURAS”, SÃO PAULO (SP) 1980: GALERIA DE ARTE IPANEMA, RIO DE JANEIRO (RJ); CASA DA CRIANÇA DE OLINDA / EDIÇÕES PIRATA, OLINDA (PE) 1981: GALERIA FUTURO 25, RECIFE (PE) 1982: GALERIA ESTAMPA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1983: GALERIA DAS ARTES DO CIRCO VOADOR, “ELAS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1984: MUSEU GUIDO VIARO, CURITIBA (PR) 1985: GALERIA MASSANGANA / FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO, “TRABALHOS GRÁFICOS, ROTEIROS E OUTROS”, RECIFE (PE) 1987: GALERIA ARTESPAÇO, “DESENHOS”, RECIFE (PE) 1988: GALERIA DE ARTE CLEYDE WADERLEY, RIO DE JANEIRO (RJ) 1989: UNIVERSIDADE ESTADUAL, “MAURÍCIO ARRAES”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1990: PALLON GALERIA DE ARTE, RECIFE (PE) 1992: UERJ, “DESENHOS E PINTURAS, RIO DE JANEIRO (RJ) 1994: BOOKMAKERS, “MAURÍCIO ARRAES – PINTURAS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1995: ESPAÇO VIVO, RECIFE (PE) 1996: GÁVEA TRADE CENTER / DE BOSCAN E ERASMO ROCHA, “PERNAMBUCO, RIO, PARIS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1997: GALERIA ESPAÇO VIVO, “PARIS, MARACATU, PERNAMBUCO – PINTURAS”, RECIFE (PE); ARTE GALERIA FRAZÃO, “MAURÍCIO ARRAES”, SALVADOR (BA) 1998: GÁVEA TRADE CENTER / DE BOSCAN E ERASMO ROCHA, “CENAS”, RIO DE JANEIRO (RJ).
EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1978: MAM/RJ, “I SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS- FUNARTE”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1979: GALERIA ARTESPAÇO, “SETE ARTISTAS EM FOCO”, RECIFE (PE); CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UFPE, “GRUPO GUAIANASES”, RECIFE (PE); FUNDAÇÃO CULTURAL / MUSEU GUIDO VIARO, “GUAIANASES II”, CURITIBA (PR); GALERIA GRAVURA BRASILEIRA, “GUAIANASES III”, RIO DE JANEIRO (RJ); OFICINA GUAIANASES DE GRAVURA, “LITOGRAFIA BRASILEIRA”, OLINDA (PE); GALERIA PALÁCIO DAS ARTES, “PANORAMA DA GRAVURA BRASILEIRA”, BELO HORIZONTE (MG); MAM/RJ, “II SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS- FUNARTE”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1981: MAM/RJ, “IV SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”, PRÊMIO DE AQUISIÇÃO, RIO DE JANEIRO (RJ) 1982: “SALÃO CARIOCA”, RIO DE JANEIRO (RJ); MEPE, “XXXV SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS”, PRÊMIO DE AQUISIÇÃO, RECIFE (PE) 1984: ESPAÇO LATINO AMERICANO, “DEZ ARTISTAS DO RECIFE”, PARIS (FRANÇA) 1985: PARQUE LAGE, “COMO VAI VOCÊ, GERAÇÃO 80”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1986: GALERIA ARTESPAÇO, “PAINÉIS”, RECIFE (PE) 1988: GALERIA OFFICINA, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE) 1989: GALERIA BELO-BELO, “MOSTRA COLETIVA”, RECIFE (PE) 1991: GALERIA FUTURO 25, “MULHERES”, RECIFE (PE). 2022: XXI EXPO DE ARTES DO IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira) / FAF (Fundação Alice Figueira); MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO, Recife (PE) 2022: XXI EXPO DE ARTES DO IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira) / FAF (Fundação Alice Figueira); MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO, Recife (PE)
BIBLIOGRAFIA
CLÁUDIO DA SILVA, José. Artistas de Pernambuco. Governo do Estado de Pernambuco, 1982.
d’OLIVEIRA, Fernanda. Diário de Pernambuco – Caderno Viver, Recife, 29 de Outubro de 1997. p.1
ESPAÇO VIVO, Galeria. Catálogo da exposição “Paris, Maracatu, Pernambuco”, Recife, 29 de Outubro de 1997.
VIEIRA, João Luiz. Jornal do Commercio – Caderno C, Recife, 29 de Outubro de 1997. p.1