Miguel dos Santos (PE)

Miguel dos Santos (PE)

MIGUEL DOMINGOS DOS SANTOS
Assina: Miguel dos Santos Caruaru, PE, 03/11/1944.
PINTOR E CERAMISTA

Os bonecos de Vitalino foram seus brinquedos na sua infância em Caruaru. Seu primeiro contato com a arte aconteceu nas agitadas feiras semanais, repletas de artistas populares. Miguel dos Santos se tornou pintor, escultor e desenhista sem nunca abandonar esse universo estruturado em raízes brasileiras. Inicialmente pintor, dedicou-se também a cerâmica em 1967.
Autodidata, vivendo em João Pessoa desde 1960, participou da primeira mostra coletiva no Teatro Santa Rosa, na Paraíba. Na trajetória de seu trabalho realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior.

O crítico de arte Frederico Morais escreveu: “Vistas em conjunto, as peças sugerem uma espécie de procissão ou ritual, cuja origem e significado se perdem na geografia do tempo ou por aqui mesmo naquelas míticas e mágicas terras do sertão nordestino. Enfim, cada peça de cerâmica de Miguel dos Santos tem um toque pessoal e diferente, e o artista, com desenvoltura e imaginação, surpreende continuamente. Sobre Brennand disse certa vez que sua pintura tem cheiro e cor de terra. Acho que posso dizer o mesmo de Miguel dos Santos. Ambos retratam o meio natural, com toda sua força bruta, a vida vivida intensamente, de corpo presente. Mas se Brennand, nas cores e temas representa, sobretudo, a Zona da Mata, com sua exuberância tropical, a mesa posta e farta, Miguel é muito mais um sertão, seco e áspero, cortante e despojado”.

Disse o escritor Ariano Suassuna: “Os nordestinos vão levando adiante seu trabalho criador de modo cada vez mais atuante, mais profundo, mais ligado às raízes da Cultura Brasileira.
O melhor, porém, é que escritores ou artistas como Miguel dos Santos, para ficar só no seu caso não se contentam em repetir o que os regionalistas e modernistas fizeram: vão adiante, abrindo novos caminhos ou levando outros no sentido diferente.
Como se pode ver pelo trabalho de Miguel dos Santos, a diferença principal entre nós escritores e artistas atuais do Nordeste – e os anteriores, o que nos caracteriza e distingue mais, é a ligação com o realismo mágico do Romanceiro popular nordestino.
Realismo mágico – brasileiro nordestino e de raiz popular – e não surrealismo. Veja-se bem que existe uma diferença bastante acentuada entre os pintores surrealistas, ou ligados aos precursores do surrealismo e um pintor como Miguel dos Santos, cuja garra popular e cuja força brasileira são as mesmas dos folhetos e xilogravuras do Romanceiro popular nordestino.
É verdade que sou suspeito para falar assim, porque é à mesma linhagem de Miguel dos Santos ou de Gilvan Samico que eu pertenço, tanto em minha poesia, como em meu Teatro, ou no meu Romance A Pedra do Reino.
Mas, só sei falar com entusiasmo daquilo que realmente me toca – e a pintura de Miguel dos Santos é algo que me entusiasma, povoando seus quadros a óleo, ou cerâmicas, de bichos estranhos: dragões, metamorfoses, cachorros endemoninhados, santos, mitos e demônios – uma obra tão ligada ao Romanceiro e por isso mesmo, tão expressiva da visão tragicamente fatalista, cruelmente alegre e miticamente verdadeira que o povo brasileiro tem do real”.

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1967: MOSTRA EM CONNECTICUT (USA) 1968: DEPARTAMENTO CULTURAL DA UFPB, JOÃO PESSOA (PB) 1970: GALERIA NEGA FULÔ, RECIFE (PE) 1971: GALERIA JANELAS VERDES, “PINTURAS E CERÂMICAS”, JOÃO PESSOA (PB) 1972: GALERIA BONINO, “MIGUEL DOS SANTOS – PINTURAS E CERÂMICAS”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1975: GALERIA BONINO, RIO DE JANEIRO (RJ) 1976: GALERIA PICASSO, RECIFE (PE); GALERIA SETA, SÃO PAULO (SP) 1978: GALERIA BONINO, RIO DE JANEIRO (RJ) 1980: GALERIA BONINO, RIO DE JANEIRO (RJ) 1982: RANULPHO GALERIA DE ARTE, SÃO PAULO (SP) e RECIFE (PE).

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1961: GALERIA TEATRO SANTA ROSA, JOÃO PESSOA (PB) 1970: GALERIA DO ROSÁRIO, RECIFE (PE) 1971: REITORIA DA UFPB, “50 ANOS DE PINTURA”, JOÃO PESSOA (PB) 1972: PALÁCIO DOS ARCOS, “O ESPÍRITO CRIADOR DO POVO BRASILEIRO”, BRASÍLIA (DF); DIVISÃO DE EXTENSÃO ARTÍSTICA DA UFPB, JOÃO PESSOA (PB) 1973: MAM/RJ, “XXII SALÃO NACIONAL DE ARTE MODERNA”, RIO DE JANEIRO (RJ); MANHATTAN CENTER, “IMAGE DU BRÉSIL” (ORGANIZADO PELO MASP-SP), BRUXELAS (BÉLGICA); RANULPHO GALERIA DE ARTE, “COLETIVA FRANCISCANA”, RECIFE (PE) 1974: RANULPHO GALERIA DE ARTE, “COLETIVA DE VERÃO”, RECIFE (PE); REITORIA DA UFPE, “O NORDESTE E SUAS RAÍZES CULTURAIS”, RECIFE (PE) 1976: MAM/RJ, “SALÃO ARTE AGORA”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1977: “II FESTIVAL MUNDIAL DE ARTE NEGRA”, LAGOS (NIGÉRIA); MAM/SP, “XIV BIENAL INTERNACIONAL”, SÃO PAULO (SP) 1980: MASP, “5 SÉCULOS DE ARTE NO BRASIL”, SÃO PAULO (SP); “20 PINTORES BRASILEIROS”, SANTIAGO (CHILE); GALERIA GAMELA, JOÃO PESSOA (PB) 1981: MUSEU DE ARTE MODERNA, “DEZ ARTISTAS BRASILEIROS”, BOGOTÁ (COLOMBIA); GALERIA VILA RICA, “COLETIVA DE MAIO”, RECIFE (PE) 1990: OFICINA GUAIANASES DE GRAVURA / MERCADO DA RIBEIRA, “GRANDE LEILÃO DE ARTE”, OLINDA (PE) 1999: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “SÉCULO XX”, RECIFE (PE).

BIBLIOGRAFIA
Ayala, Walmir. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. MEC-Intituto Nacional do Livro, Brasília, 1980 = V.4, Q a Z, p.186
Ayala, Walmir. Dicionário de Pintores Brasileiros. Spala Editora Ltda., Rio de Janeiro, 1986 = V.2, M a Z, p. 298/299
Teixeira Leite, José Roberto. Dicionário Crítico da Pintura no Brasil. Artlivre, Rio de Janeiro, 1988, p. 462

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