Netinha Rodrigues (PE)

Netinha Rodrigues (PE)

Maria Antonieta Rodrigues Guedes Pereira –

Netinha Rodrigues  – 29/01/1915 – 07/10/1994

DESENHISTA, PINTORA E POETISA.
Cursou a Escolinha de Arte do Recife e a Escolinha de arte do Brasil, no Rio de Janeiro, mas, a raiz do seu trabalho está na sua infância e adolescência. Tempo em que aprendeu com seu pai a sentir e amar a arte, em todas as suas modalidades. Integrada a uma família de artistas, entre os quais os seus irmãos Augusto Rodrigues (pintor, desenhista, educador, poeta e jornalista), Abelardo Rodrigues (paisagista e colecionador de antiguidades) e Fernando Rodrigues (incentivador das artes plásticas) e mais, inúmeros outros parentes rodriguianos como Nelson, Roberto, Mário Filho, Eliane, Sérgio, Sandra e Cafí, e tantos outros, Netinha não fugiu a regra, dedicando-se na década de 70, com profissionalismo, ao desenho e a pintura. Em longo período vivido no Rio de Janeiro, aprimorou em muito a técnica de elaboração do seu trabalho na convivência cotidiana com o grande mestre, seu irmão Augusto Rodrigues.
Netinha pintou na justa medida da sua emoção. O papel recebia a sua imensa necessidade de comunicação. Deu importância a tudo que fez, despojada de interesse financeiro e vaidade. Contudo sempre ficou muito feliz, quando o seu trabalho agradava. Isso representava para ela o verdadeiro sentido da vida. Nos seus últimos dias de vida, acreditou chegar onde se propunha, com o mesmo entusiasmo que marcou todos os seus envolvimentos artísticos. Sempre buscando uma maior perfeição e sempre tentando corresponder à tradição cultural de sua terra.
O crítico de arte Germano Blum, registrou no Correio Brasiliense e 26/02/1982: “Certa vez, Pablo Picasso declarou que tudo o que tinha feito em arte era resultado das coisas por ele vista ou vividas. Essa afirmação é muito importante para que possamos acompanhar o trabalho de Netinha Rodrigues. A artista forjou a sua personalidade dentro de uma atmosfera familiar, rica de discussões sobre os valores sensíveis do Homem e suas diversas formas de manifestação artística”.
“Junto com os irmãos em Pernambuco, reunia-se em torno do pai, para permanentes noitadas de poesia, literatura, música, formando nesse clima, seus conceitos artísticos e filosóficos. Foi armazenando suas emoções num baú espiritual que abriria um dia, para dele retirar a sua própria expressão artística e sua experiência acumulada de vida, a sua visão do mundo”.
“Seguindo os passos dos irmãos Abelardo e Augusto, ela encontrou-se também com o desenho e a pintura. Se em Netinha a necessidade de expressar o grafismo e a cor chegou depois de seus irmãos, nem por isso estaria ela interiormente num estágio inferior ao deles. Isso se explica em parte por fatores, circunstâncias que determinaram a hora e a vez da deflagração do processo liberador que lança o artista no permanente trabalho de criação. Convicta de suas potencialidades, Netinha, solta as mãos e a mente para contatos com a realidade maior e com a fantasia. Como numa autobiografia, a artista vai revendo imagens que povoam seu mundo interior impregnado no romantismo e poesia. As atitudes, os gestos, os estados oníricos, os comportamentos de seus personagens são captados com rara sensibilidade, nos predispõem a uma relação intensa com as figuras, flagradas em sua ingenuidade, em sua espontaneidade, em sua sensualidade e em seu espanto”.
“Netinha Rodrigues passa-nos uma gratificante sensação estética que aumenta de quadro para quadro, e nos dá, um belo recado de amor, que o recebemos, cúmplices de seus sentimentos e de sua maneira de tratar o ser humano que ela tão generosamente revela para aqueles que amam a vida”.
A jornalista Graça Gouveia escreveu no Diário de Pernambuco de 16/10/1988: (…) “os seus quadros, as suas adolescentes retratam, se não o físico atual de Netinha, o seu espírito jovem, sua disposição para usufruir o belo, o prazer das coisas e do momento. E é este ela que motiva as pessoas que vão falar de sua arte. Num dos catálogos, preparados para uma exposição na Maison de France, em 1981, dois peritos se rendem aos seus encantos e dão seu veredicto”.
“Amei Netinha Rodrigues logo que a vi. É impossível ficar indiferente a esta menina que finge ser mulher; que vive como pinta; com intensidade, amor, com muito amor e simplicidade, diz Demétrio de Oliveira. E Alfredo Lyrio sintetiza: Quem não conhece a pessoa de Netinha, jamais saberá que a arte é o reflexo do exercício de uma sempre rejuvenescedora fonte da vida”.
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1977: GALERIA JOÃO BATISTA (ILHA DO RETIRO), RECIFE (PE) 1978: GALERIA ESPAÇO E DANÇA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1979: GALERIA CAPELA, JUIZ DE FORA (MG) 1980: GALERIA DIVULGAÇÃO E PESQUISA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1981: MAISON DE FRANCE, (INAUGURAÇÃO DO SALÃO DE ARTE), RIO DE JANEIRO (RJ) 1982: CENTRO CULTURAL DE BRASÍLIA, BRASÍLIA (DF) 1984: MESANINO ODEON GALERIA DE ARTE, “INAUGURAÇÃO DA GALERIA SOB PATROCÍNIO DA CIA. METROPOLITANA”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1987: ESPAÇO DE ARTE DO RESTAURANTE BARBAS, RIO DE JANEIRO (RJ) 1988: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “PINTURAS E DESENHOS, COM LANÇAMENTO DO LIVRO DE POESIAS “MOMENTOS”, RECIFE (PE) 1991: POUSADA GERIÁTRICA JOÃO DE DEUS, RECIFE (PE).
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 1975: GALERIA NEGA FULÔ, “COLETIVA DE ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1977: CLUBE NÁUTICO CAPIBARIBE, “PINTORES BRASILEIROS”, (Promoção da Rodrigues Galeria de Artes), RECIFE (PE); CABANGA IATE CLUBE, “II LEILÃO DE ARTE BRASILEIRA NO NORDESTE”, (Promoção da Rodrigues Galeria de Artes), RECIFE (PE); SALÃO DE PERNAMBUCO EM BRASÍLIA (DF); MAC/PE, “II SALÃO DE ARTE”, OLINDA (PE) 1978: GALERIA HORÁCIO HORA/ RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “PINTORES BRASILEIROS”, ARACAJU (SE); MUSEU DE ARTE SACRA, “MOSTRA COLETIVA”, OLINDA (PE); UFPB, “MOSTRA COLETIVA”, JOÃO PESSOA (PB) 1982: EMPIRE STATE COLLEGE, “MOSTRA COLETIVA”, NEW YORK (USA) 1984: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “PINTORES BRASILEIROS”, RECIFE (PE) 1986: CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE GRAÇA ARANHA, “II SALÃO DE ARTES CIAGA”, RIO DE JANEIRO (RJ); CENTRO ADMINISTRATIVO SÃO SEBASTIÃO, “I SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS CANDIDO PORTINARI”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1987 e 1988: MUSEU DE ARTE MODERNA DE RESENDE, “SALÃO DA PRIMAVERA” e “MULHER TEMA MULHER”, RESENDE (RJ) 1988: ALIANÇA FRANCESA, (Com apoio da AIR FRANCE e ASSOCIAÇÃO.PERNAMBUCANA DOS ANTIGOS ESTAGIÁRIOS DA FRANÇA), “A FRANÇA, VISTA PELOS ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE); FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO, “IMAGENS DA MULHER”, RECIFE (PE) 1991: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “DESENHOS E GRAVURAS DE MESTRES E CONTEMPORÂNEOS”, RECIFE (PE) 1994: BIBLIOTECA PÚBLICA ESTADUAL PRES. CASTELO BRANCO, “RETROSPECTIVA”, RECIFE (PE).
PRODUÇÃO GRÁFICA: RODRIGUES, NETINHA. “MOMENTOS”. GRÁFICA E EDITORA GED LTDA., RIO DE JANEIRO, RJ., (1982).
BIBLIOGRAFIA
Rodrigues Galeria de Artes. Setor de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.

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