Percy Lau (Peru)

Percy Lau (Peru)

Percy Lau (Arequipa, Peru 1903 – Rio de Janeiro RJ 1972).
Desenhista, ilustrador, gravador e pintor.

Em 1921, transfere-se para Olinda, Pernambuco. É um dos fundadores do Movimento de Arte Moderna do Recife e lá compartilha o ateliê com Augusto Rodrigues (1913 – 1993). Em 1938, estuda no Liceu de Artes e Ofícios com Carlos Oswald (1882 – 1971), no Rio de Janeiro.
Durante 30 anos, é ilustrador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reedita Tipos e Aspectos do Brasil (1960), baseando-se em textos da Revista Brasileira de Geografia, com desenhos do artista. Cria ilustrações para os livros Arraial do Tijuco, de Aires da Mata Machado; E Eles Verão a Deus – o Drama do Aleijadinho, de Kurt Pahlen; Santa Maria do Belém do Grão Pará, de Leandro Tocantins; Vila dos Confins, de Mário Palmério; Guia Histórico e Sentimental de São Luís do Maranhão, de Astolfo Serra; e Maxabombas e Maracatus, de Mário Sette, entre outros.
Tanto no trabalho de ilustração, como no desenho e na gravura, Percy Lau destaca-se por registrar os aspectos físicos e humanos do Brasil. Em 1953, recebe medalha de prata no 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Dez anos depois, é premiado como melhor ilustrador pela Câmara Brasileira do Livro. Em 2000, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) promove a exposição Percy Lau: um Desenhista e seu Traço.

Comentário Crítico
O aspecto documental do trabalho de Percy Lau é sempre ressaltado pela crítica. Ilustrador em diferentes âmbitos, como o IBGE e as editoras Martins, Melhoramentos e Civilização Brasileira, destaca-se registrando a natureza brasileira, tanto humana como física.

Em Tipos e Aspectos do Brasil, de 1940, criado com base em textos da Revista Brasileira de Geografia e mais tarde reeditado pelo IBGE, o artista desenvolve, em bico de pena, ilustrações minuciosas e descritivas, ressaltando elementos característicos de cada região do país, em paisagens e cenas de trabalhadores exercendo suas atividades. A ilustração, ao contrário da fotografia documental, permite que se reúna numa mesma imagem vários elementos impossíveis de aparecerem juntos de outro modo. Como exemplo, Lau retrata, para a seção A Casa do Praiano, o pescador trabalhando na rede de pesca, enquanto a mulher, na casa de pau a pique, cuida da criança e outra traz água num pote que leva à cabeça. Em primeiro plano estão redes estendidas e, ao lado, as galinhas, o barco, o pilão, as cestas e, ao fundo, a Mata Atlântica. Posteriormente, esses desenhos viriam a ilustrar as páginas de vários livros didáticos.

Ao contrário das ilustrações didáticas, em seus desenhos e gravuras Lau substitui o caráter descritivo por uma forma mais sintética, já que sua linha apenas esboça os contornos das figuras em movimento. Ao trabalhar com aquarela, insere as figuras em um fundo quase abstrato, que apenas sugere o campo ou o pasto onde se dá a ação de agricultores e vaqueiros, por exemplo.

No que concerne à ilustração literária, o artista apresenta-se menos descritivo do que nas ilustrações didáticas, concebendo esse tipo de imagem mais como comentário do texto do que como descrição fiel de algum aspecto dele, como nos trabalhos para o romance Vila dos Confins, de Mário Palmério (1916 – 1996).

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