Rodolfo Mesquita (PE)

Rodolfo Mesquita (PE)

RODOLFO MESQUITA DO NASCIMENTO
Assina: Rodolfo Mesquita Recife, PE, 12/01/1952.
PINTOR, DESENHISTA E GRAVADOR.

As Artes Plásticas o entusiasma desde quando menino, na década de 60. A partir de 1973, torna-se constante sua participação em exposições, recebendo prêmios em algumas. Em 1977, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro concede-lhe o prêmio de viagem à França, onde permaneceu por um ano. Em 1979, volta-se no seu atelier a produzir desenhos e gravuras. No ano seguinte, publica o livro de desenhos Crítica do Horror Puro, através de Edições Pirata. Neste mesmo ano, colabora na revista Vidas Secas. Em 1982, produz pinturas e desenhos.

Em 1982, Montez Magno teceu a seguinte crítica: “Esta primeira mostra de Rodolfo Mesquita, na qual a linguagem pictórica substitui a linguagem gráfica revela que ele soube realizar uma pintura em que a cor e a matéria foram sabiamente dosadas e equilibradas, ou seja, a adequação entre o imaginário da sua temática e a execução técnica que a pintura, no seu caso, exigia, é extremamente convincente. Ainda há, é verdade, alguns resquícios dos seus desenhos como nas telas: Grupo de Carnaval e A Família onde o grafismo caricatural era o seu forte, mas isso não o compromete, pois estabelece, dentro da sua trajetória individual, um laço, um elo entre as duas linguagens.
A sua forte imaginação e a rica trama de idéias e sugestões, críticas e contestações, denúncias com larga dose de ironia se manifesta abundantemente em todos os trabalhos ora expostos, principalmente em O Refúgio dos Velhacos, Mapa-Mundi, O Cenário, Paisagem com Usina – esta uma evidente homenagem a Giorgio de Chirico. O uso da cor negra é feito com equilíbrio e justeza e constitui também um elo com o trabalho de Rodolfo, no qual durante anos ele fez o exercício visual do seu sentir e pensar.
Em alguns quadros fica evidenciado o seu apreço pelo surrealismo, como no caso óbvio das pinturas acima mencionadas em que dois grandes mestres (Max Ernst e de Chirico) daquele movimento servem como estímulo o mais gratificante, conseqüência apenas da empatia que o autor tem com aqueles geniais artistas, (não a tem, por exemplo, com os surrealistas acadêmicos, como Dali, ou com o surrealismo lírico de Tanguy) e com outros artistas da linha dadaísta, sendo que ainda podemos conotar alguns dos seus trabalhos com o expressionismo crítico (é o caso de George Grozs).

Em suma: Rodolfo realiza com essas pinturas uma síntese dos seus trabalhos anteriores (desenhos) dentro de uma nova roupagem pictórica, na qual e para a qual se debruça ainda ligado a um expressionismo crítico e, ao mesmo tempo, em alguns quadros, se aproxima do Surrealismo conseqüente, flertando também com certos aspectos do dadaísmo, como nas telas Caribe, Refúgio dos Velhacos e Mapa-Mundi, nas quais objetos retratados, principalmente a invenção de máquinas excêntricas e mecanismos esdrúxulos constituíram nesse movimento (o dadaísmo) uma tônica quase constante. Rodolfo, no entanto, embora colhendo material quer do surrealismo, quer do expressionismo e do dadaísmo, tende para uma síntese dessas três correntes com as quais empatiza e das quais extrai o impulso de suas realizações, sem prejuízo da abordagem de vários aspectos da nossa realidade (social e política), objetivando cada vez mais o uso de uma linguagem aguerrida, de humor contundente, com o amadurecimento de sua forma pessoal de expressão”.

Em 1982, Ismael Caldas escreveu: (…) “Desde os desenhos mais antigos Rodolfo Mesquita usa, ao lado das figuras, uma série de objetos, de máquinas malucas, mecanismos delirantes (ou inúteis) etc. As figuras, que no desenho tinham um caráter anedótico, caricatural, foram progressivamente ganhando um aspecto novo – mudança que significa a passagem do escárnio para a ironia. Nas primeiras pinturas (75/76) havia (compreensivelmente) a dificuldade de transpor a barreira entre as diferentes linguagens: o desenho tem suas regras (gramática própria) que não são aplicáveis no caso da pintura. Nas pinturas atuais Rodolfo Mesquita mostra claramente ter compreendido esse fato e usa a cor com sutileza e segurança. Veja-se na pintura Mapa-Mundi, onde três pranchas de madeira servem de suporte para um exercício de criatividade e humor. A dureza da realidade não deixa espaço para as ilusões ou mentiras piedosas ou esperançosas. Em seu ´Totem` – O Refúgio dos Velhacos – a crueldade como monumento”.
“Uma máquina inútil, doente, máquina desejante, pintada cuidadosamente, com muito respeito. Essas pinturas compõem, a meu ver, um conjunto muito coerente pela sua unidade de conteúdo e estrutura formal. Tendo conseguido equilíbrio e domínio da cor, Rodolfo utiliza da ironia de forma cirúrgica, tocando fundo no problema da injustiça, da intolerância e da violência – as doenças da loja”.

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1974: INSTITUTO GOETHE, SALVADOR (BA); STÚDIOS GALERIA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1975: CASA DE OLINDA, OLINDA (PE) 1976: MASP, SÃO PAULO (SP) 1982: GALERIA LAUTREAMONT, OLINDA (PE).
COLETIVAS: 1973: CASA DE OLINDA, “MOSTRA COLETIVA”, OLINDA (PE) 1974: MAC/PE, “I SALÃO DE ARTE GLOBAL DE PERNAMBUCO”, OLINDA (PE) 1975: JORNAL DO BRASIL, “SALÃO DE VERÃO JB”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1976: MAM/RJ, “BRASIL/AGORA I”, PRÊMIO DE VIAGEM À FRANÇA, RIO DE JANEIRO (RJ); CASA DE OLINDA, “RODOLFO MESQUITA E BAJADO”, OLINDA (PE); MEPE, “ARTISTAS DE BERLIM /ARTISTAS DO RECIFE”, RECIFE (PE) 1978: MEPE, “XXXI SALÃO OFICIAL DE ARTE”, PRÊMIO AQUISIÇÃO, RECIFE (PE) 1980: CAC DA UFPE, “I MOSTRA GESTUAL C.A.C.”, RECIFE (PE); MAM/RJ – FUNARTE, “III SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”, PRÊMIO AQUISIÇÃO, RIO DE JANEIRO (RJ) 1981: TEATRO GUAÍRA – FUNDAÇÃO CULTURAL, “III MOSTRA DO DESENHO BRASILEIRO”, PRÊMIO AQUISIÇÃO, CURITIBA (PR); MEPE, “XXXIV SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DE PERNAMBUCO”, PRÊMIO AQUISIÇÃO, RECIFE (PE) 1990: OFICINA GUAIANASES DE GRAVURA / MERCADO DA RIBEIRA, “GRANDE LEILÃO DE ARTE”, OLINDA (PE).

BIBLIOGRAFIA
Rodrigues Galeria de Artes. Setor de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999

Language »
× Fale conosco pelo WhatsApp?