SÉRGIO MOACIR DE ALBUQUERQUE
Assina: SÉRGIO ALBUQUERQUE Recife, PE, 1946 -?
PINTOR
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, Sérgio Albuquerque cursou o Pós-Graduação em Sociologia de Arte na Escola de Altos Estudos em Paris/França, durante quatro anos. Na época, hospedou no seu apartamento no Quartier Latin, o pintor brasileiro Adauto Machado, de Aracaju/SE, que he deixou algumas telas e pincéis quando retornou ao Brasil. Havia já em Sérgio certo interesse pelas artes plásticas, paralelo ao trabalho de criatividade literária que sempre desenvolveu.
A partir de então (1972), aprimora o seu conhecimento pictórico através do estudo em museus e galerias de telas originais de alguns dos maiores pintores. Utiliza as telas e os pincéis deixados pelo amigo e suas primeiras incursões foram feitas na Cidade Universitária de Paris. Chegou a assistir algumas aulas na Escola de Belas Artes, mas logo se desinteressou por elas, pois achava que os mestres tentavam impor a todo custo sua visão estética e acadêmica da pintura tradicional. Trancado em seu quarto, passou meses desenvolvendo mais de 300 obras representadas por bicos de pena, guaches, técnica mista, espátula e acrílico. Na literatura, é autor de 16 livros (dois publicados), entre romances, novelas, poemas, contos, crônicas e ensaios de crítica literária.
Ao regressar ao Brasil em 1973, continuou pintando, logo se integrando aos movimentos artísticos e artistas de Olinda e Recife. No ano seguinte, teve publicada a sua novela IRENE pela Civilização Brasileira, livro consagrado pela crítica nacional, contribuindo de certa forma para incentivá-lo ao seu outro mundo, das artes plásticas.
Em 21 de Junho de 1979, o jornalista Valdi Coutinho escreve sobre sua pintura: “Através de um grafismo maduro e intencional, a pintura de Sérgio Moacir de Albuquerque lembra paisagens topográficas, até certo ponto insólitas e agressivas, mas, sobretudo dinâmicas, como se o próprio caráter ecológico do seu clima revelasse um mundo sentimental de amor à natureza e à vida, na sua plena efervescência. O processo técnico, com a utilização de campos em tonalidades muito próximas nos quais sobrepõem as formas de um grafismo quase abstrato, contribui, em alto grau, não apenas para a amplificação do real, como também para seu verdadeiro enriquecimento”.
Em Maio de 1979, Marcos Cordeiro escreve: (…) “Nas suas telas, verifica-se logo que ele realiza uma arte de imaginação, nega a imitação e propõe a recriação que não é descrição nem tampouco abstração, mas uma nova realidade de luz e formas que nas suas inúmeras variações dentro de cada trabalho, não deixam de nos proporcionar certo lirismo original e gratificante. Ele se exprime no estilo “divisionista”, característico dos pintores neo-impressionistas, cujo grafismo delicado e sensível preenche todo seu espaço imaginário. Divisionismo tomado essencialmente como teoria e técnica, empregando como modo de expressão a mistura óptica dos tons e das tintas, criando campos distintos no mesmo espaço pictórico, de luminosidade colorida e alegre harmonia, resultando numa pintura de síntese. Nas telas de Sérgio Albuquerque as tonalidades e as cores adquirem uma nova dimensão com o agrupamento dos elementos formais de maneira lógica e atraente, sem cair no maneirismo tão ao gosto de alguns. Sua pintura torna-se crítica a uma realidade já estabelecida, ampliando horizontes e criando liberdade como convém ao artista. Em seus trabalhos os enfoques pictóricos, embora sejam vegetais, jamais se confundem com naturezas mortas. Nem tampouco com tratados de botânica sistemática. Podem significar, isto sim, um manifesto ecológico em defesa de um ecossistema ampliado ao infinito: o Universo”.
INDIVIDUAIS: 1979: GALERIA 3 GALERAS, OLINDA (PE).
COLETIVAS: 1977: MAC/PE, “IV SALÃO DOS NOVOS”, OLINDA (PE); MEPE, “XXX SALÃO OFICIAL DE ARTE”, RECIFE (PE); MEPE, (promoção do Consulado Alemão e Instituto Goethe/BA), “NOVOS ARTISTAS PERNAMBUCANOS”, RECIFE (PE) 1978: ABELARDO RODRIGUES GALERIA DE ARTE, “GUAIANASES I”, RECIFE (PE).
BIBLIOGRAFIA
CHAVES, Paulo Azevedo, Diário de Pernambuco, “Artes e Artistas”, Recife, PE, 19 de Junho de 1979.
CORDEIRO, Marcos, “Catalogo/Convite”, Galeria 3 Galeras, 1979, Olinda, PE.
COUTINHO, Valdi, Diário de Pernambuco, Recife, PE, Quinta-Feira, 21 de Junho de 1979.