Abelardo da Hora (PE)

Abelardo da Hora (PE)

ABELARDO GERMANO DA HORA
Assina: ABELARDO DA HORA São Lourenço da Mata, PE, 31/07/1924 – 23/09/2014+
ESCULTOR, DESENHISTA, GRAVADOR E CERAMISTA.

Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em que é visível a influência da obra de Candido Portinari . Na xilogravura Meninos do Recife denuncia a miséria por meio da representação de crianças esquálidas, apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que acrescenta um grau de sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista produz várias esculturas para praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos populares, inspirados na cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a admiração pela obra de Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem posteriores, como em Desamparados e Água para o Morro (ambos de 1974).

Ficou conhecido por retratar as mulheres e os temas regionais, se destacando como um dos maiores escultores do século XX em Pernambuco.

É reconhecido como um dos mais importantes artistas brasileiros e deixou um acervo com quase 300 peças, entre esculturas, telas e outras obras.

Funda a Sociedade de Arte Moderna do Recife, juntamente com Hélio Feijó (Presidente), Ladjane Bandeira, Reynaldo Fonseca, Augusto Reinaldo, Darel Valença, Delson Lima e outros artistas. Assume a presidência da SAMR em 1949, lançando as bases do Atelier Coletivo, que se inicia com cursos de Desenho no Liceu de Artes e Ofícios em 1950, tendo por alunos Gilvan Samico, Wilton de Souza, Wellington Virgolino, Ionaldo, Ivan Carneiro, Mário Lauritzen e José Cláudio – que foram junto com Abelardo – os fundadores. Em meados de 1952, perdendo a sala que ocupava no Liceu, com a colaboração dos alunos, o Atelier Coletivo se instala na rua da Soledade, nº. 57 e posteriormente na rua Velha, nº. 231, e nessa época entraram como alunos Celina Lima Verde, Rosa Pessoa, Bernardo Dimenstein, os irmãos Genilson e Cremilson Soares, Guita Charifker, Leda Bancovski, Corbiniano Lins, Antonio Heráclito Campelo Neto e Anchises. Em 1954, o Ateliê Coletivo realizou o primeiro Salão. A esse respeito, Abelardo afirma: “Todo trabalho que desenvolvíamos tinha no que diz respeito a nossa índole antiacadêmica, muita afinidade com Paris, mas, pela semelhança dos objetivos que já vínhamos palmilhando dentro do Atelier, era com o México nossa maior afinidade”. Neste mesmo ano, participa junto com outros artistas do Atelier Coletivo de uma exposição a convite do Clube da Gravura de Porto Alegre, que percorre vários países: Europa, China, União Soviética, Israel, Argentina e Mongólia. Eleito delegado, em Pernambuco, da Seção Brasileira da Associação Internacional de Artes Plásticas, filiada à UNESCO, desenvolvendo esforços no sentido da integração das artes plásticas com o teatro, a música e atividades artesanais. Amplia o movimento artístico-cultural congregando no Atelier Coletivo o Coral Bach do Recife dirigido por Geraldo Menuchi e, lança as bases de um grande movimento abrangendo: Artes Plásticas, Artesanato, Música, Canto, Dança e Teatro no Governo Municipal de Pelópidas da Silveira, como proposta para a utilização do Sítio da Trindade. Em 1956, o Atelier Coletivo se transfere para a Rua da Matriz, 117. Foi nessa época que ingressaram como alunos Adão Pinheiro, Nelbe Souza, entre outros. Segundo Abelardo “todas essas atividades teve como preocupação básica, a elevação do nível cultural da população, da educação do povo para a vida e para o trabalho e, para, a partir dessa mobilização e intercâmbio, consolidar nas manifestações culturais, um caráter brasileiro”. A importância desse movimento foi notada pela sensibilidade da arquiteta Lina Bo Bardi, em exposição organizada no Museu de Arte Popular da Bahia – Solar do Unhão – em Salvador, exposição, que teve por título “Civilização Nordeste”, declarando que: “na representação de Pernambuco havia certa unidade poética que a destacava das demais”. O projeto do Sítio da Trindade se concretiza em 29 de julho de 1958, na administração do Prefeito Miguel Arraes, com o nome Movimento de Cultura Popular, tendo um Conselho Diretor formado por Abelardo da Hora, Luiz Mendonça, Paulo Freire, Germano Coelho, Anita Paes Barreto e Geraldo Menuchi. Posteriormente, foi acrescentado um Setor de alfabetização. Ainda por iniciativa de Abelardo, houve a renovação dos Parques Infantis com esculturas que funcionariam como brinquedos, criando também Praças de Cultura. Em 1962, teve um álbum de desenhos com o título Meninos do Recife, lançado por essa entidade. O Movimento de Cultura Popular encerra suas atividades em 1964, transferindo-se para São Paulo em 1966, tornando-se exclusivo da Galeria Mirante das Artes. Em 1973, executa o busto do advogado, jornalista e escritor caruaruense José Condé, podendo ser visto na Casa da Cultura de sua cidade natal. Em 1995, recebe no Palácio do Itamarati, em Brasília, a comenda da Ordem do Rio Branco.
Os Estados Unidos, o Canadá e a Europa foram alvos de suas viagens de estudos. Sensível à obra de Portinari, traduziu a realidade nordestina recorrendo a energia do testemunho direto. Como escultor, cria obras impregnadas do ambiente regional. A Enciclopédia Barsa inclui Abelardo da Hora entre seis destacados escultores brasileiros.

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES: 1948: PREFEITURA MUNICIPAL DO RECIFE – D.D.C., “IV SALÃO DE ARTE MODERNA”, RECIFE (PE) 1949: SOCIEDADE DE ARTE MODERNA DO RECIFE, “I EXPOSIÇÃO DE ESCULTURA E DESENHO”, RECIFE (PE) 1950: MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, “SALÃO NACIONAL DE BELAS ARTES”, MEDALHA DE BRONZE EM ESCULTURA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1952: MEPE, “XI SALÃO ANUAL DE PINTURA” PRIMEIRO PRÊMIO, RECIFE (PE) 1953: CLUBE DE GRAVURA DO RECIFE, GRAVURA PREMIADA “ENTERRO DE CAMPONÊS”, RECIFE (PE) 1954: CLUBE DE GRAVURA DE PORTO ALEGRE,  “GRAVURAS BRASILEIRAS”, PORTO ALEGRE (RS) E EXIBIDA EM PAÍSES DA EUROPA E DA ÁSIA 4 ATELIER COLETIVO, “I EXPOSIÇÃO DO ATELIER”, RECIFE (PE) 1955: FUNDAÇÃO BIENAL, “O EXPRESSIONISMO NO BRASIL”, SÃO PAULO (SP) 4MEPE, “XIV SALÃO ANUAL DE PINTURA”, PRIMEIRO PRÊMIO, RECIFE  (PE) 1956: MEPE, “XV SALÃO ANUAL DE PINTURA”, PRIMEIRO PRÊMIO, RECIFE  (PE) 1957: MAM/RJ, “VI SALÃO NACIONAL DE ARTE MODERNA”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1963: MUSEU DE ARTE POPULAR DA BAHIA, “CIVILIZAÇÃO DO NORDESTE”, SALVADOR (BA) 1965: SEMINÁRIO DE OLINDA / ACF – RECIFE E CANADÁ, “FEIRA DE ARTE”, OLINDA (PE) 1966: MAM/RJ, “XV SALÃO NACIONAL DE ARTE MODERNA”, RIO DE JANEIRO (RJ) 1967: MAC/USP, “OFICINA PERNAMBUCANA”, SÃO PAULO (SP) 4FOP, “PANORÂMICA DE ARTE PERNAMBUCANA”, RECIFE (PE) 1975: MAC/PE, “I SALÃO DE NUS ARTÍSTICOS”, OLINDA (PE) 1978: GALERIA ARTESPAÇO, “MEMÓRIA DO ATELIER COLETIVO”, RECIFE (PE) 1981: GALERIA VILA RICA, “COLETIVA DE MAIO”, RECIFE (PE) 1984: FUNDAÇÃO BIENAL, “SÍNTESE DE ARTE E CULTURA BRASILEIRA – TRADIÇÃO E RUPTURA”, SÃO PAULO (SP) 1985: MAM/SP, “XVIII BIENAL INTERNACIONAL”, SÃO PAULO (SP) 1986: P.C.R., “ESCULTURAS NAS PRAÇAS”, RECIFE (PE) 4GALERIA DEBRET, “OBRAS DE ABELARDO DA HORA”, PARIS (FRANÇA) 4REDE GLOBO / FUNARTE, “50 ANOS DE ESCULTURA BRASILEIRA NO ESPAÇO URBANO”, RECIFE (PE) 1990: OFICINA GUAIANASES DE GRAVURA / MERCADO DA RIBEIRA, “GRANDE LEILÃO DE ARTE”, OLINDA (PE) 1992: CENTRO CULTURAL MARISTA, “ESCULTURAS E DESENHOS”, JOÃO PESSOA (PB) 1994: GALERIA LULA CARDOSO AYRES, “457 ANOS DO RECIFE”, RECIFE (PE).

ACERVO: MUSEU DE ARTE POPULAR DE SALVADOR (BA) 4 BIBLIOTECA DO CONGRESSO AMERICANO (USA) 4 MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA USP (SP) 4 MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES DO RIO DE JANEIRO (RJ) 4 COLEÇÃO PIETRO MARIA BARDI (SP) 4 COLEÇÃO RENATO MAGALHÃES GOUVÊA (SP) 4 MUSEU DE ARTE MODERNA ALOÍSIO MAGALHÃES (PE) 4 EUROMUSEU, (TCHECOSLOVAQUIA) 4 MUSEU STALIN (URSS) 4 BANCO ITAÚ (AG. PARQUE AMORIM) (PE) 4 SHOPPING CENTER RECIFE (PE) 4 MONUMENTOS, MURAIS e ESCULTURAS: PRAÇA JOAQUIM NABUCO, “Mural – Nabuco e a Abolição”, (PE); PRAÇA SÉRGIO LORETO, “Monumento à Restauração Pernambucana”, (PE); PRAÇA DA TORRE, “Escultura – Entra e Sai”, (PE); PARQUE TREZE DE MAIO, “Vendedor de Caldo de Cana” e “Violeiros”, (PE); UNIVERSIDADE CATÓLICA “Monumento à Juventude”, (PE); HORTO DE DOIS IRMÃOS, “O vendedor de Pirulito”, (PE); AVENIDA CAXANGÁ, “O Pescador”, (PE); UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO, “Monumento à Juventude” (PE) – entre muitas outras. Esculturas de Abelardo fazem parte do acervo de edifícios residenciais e comerciais no nosso Estado.

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