Cícero Dias (PE)

Cícero Dias (PE)

CÍCERO SANTOS DIAS
Assina: CÍCERO DIAS. Jundiá, PE., 05/03/1907.
PINTOR E DESENHISTA

Cícero Dias nasceu num engenho em Pernambuco e aos 17 anos (1925) foi para o Rio de Janeiro cursar Arquitetura e Pintura na Escola Nacional de Belas Artes – Enba, logo abandonando para se dedicar definitivamente à pintura. Enquanto São Paulo liderava o movimento modernista o Rio de Janeiro resistia, sendo a Escola Nacional de Belas Artes o epicentro dessa resistência. Foi adepto no Rio de Janeiro da escola modernista juntamente com Goeldi, Di Cavalcanti (que nessa época transitava entre Paris e São Paulo) e Ismael Nery.

Cícero possui obra diversificada que vai desde o surrealismo ingênuo e autodidata do início da sua carreira, passando pelo movimento abstrato geométrico da escola de Paris, para retornar na maturidade ao figurativismo, pintando cenas e paisagens do Recife de sua infância, uma reconciliação com suas raízes nordestinas.

1928: Cícero realiza sua primeira exposição individual, no Salão da Policlínica, com apoio dos amigos Di Cavalcanti e Murilo Mendes. No mural, ao lado de suas 50 obras, seu retrato por Israel Nery e um poema de Murilo Mendes. Integra-se como colaborador, ao Movimento Antropofágico (com Revista de mesmo nome) junto com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Segall, Anita Malfatti, Flávio de Carvalho, Oswaldo Goeldi, Murilo Mendes, Pedro Nava, Raul Bopp, Aníbal Machado… (São Paulo). Dedica-se a partir daí exclusivamente à pintura e ainda em 1928, expõe em Escada (Pernambuco), tendo seu convite prefaciado por Gilberto Freyre. Recebe críticas das mais elogiosas do intelectual Mário de Andrade.

1929: Colabora na organização do primeiro Congresso Afro-Brasileiro em Recife, movimento a favor da arte e da cultura, cujo principal organizador foi o sociólogo Gilberto Freyre e nesse mesmo ano, faz a sua segunda exposição no município de Escada (Pernambuco).
1930: Expõe no Museu Nacional Nicholas Roérich, em Nova York, junto com outros artistas contemporâneos brasileiros: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Guignard, Di Cavalcanti, Ismael Nery e Gomide.

1931: Expõe na XXXVIII Exposição Geral de Belas Artes, no Rio de Janeiro, uma tela medindo 15,00 x 2,50m., com o título “Eu Vi o Mundo… ele Começava no Recife”, causando um grande escândalo. Organizado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, esse Salão tomou o nome de Revolucionário, sendo considerado juntamente com a Semana de Arte Moderna de 1922, e o Salão de Maio de 1931, um dos grandes eventos renovadores das artes plásticas no Brasil. Participa ainda junto com Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Gomide, Tarsila do Amaral, Celso Antônio, Brecheret, John Graz, Menotti Del Picchia e Regina Gomide, da exposição na Primeira Casa Modernista no Rio de Janeiro, do arquiteto Gregori Varchavchik, na rua Toneleros, destacando-se a presença de Frank Lloyd Wright e Lúcio Costa, que renova a Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro.

1933: Ilustra com desenhos a obra histórica Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.

1935: Dedica-se ao ensino da pintura no Recife.

1937: Participa no ‘Esplanada Hotel’, em São Paulo, do I Salão de Maio. Sua carreira como artista, é marcada por acontecimentos que define um novo rumo para o pintor: A execução de cenários e costumes para o balé de Serge Lifar no Rio de Janeiro, a exposição na coletiva dos modernos em Nova Iorque e a partida para Paris, onde resolveu fixar-se, reunindo-se aos pintores brasileiros Di Cavalcanti e Noêmia Mourão, assim como com o escritor Paulo Prado. Henri Matisse, Picasso, Fernand Leger e o poeta Paul Eluard são seus novos amigos e a vanguarda artística francesa acolhe-o sem resistências, considerando que, o surrealismo e o exotismo nas cores de Cícero se combinam harmoniosamente.

1938: Realiza exposição individual na Galeria Jeanne Castel, em Paris, recebendo críticas de André Salmon (Aux Ecoutes), de Rimbaud, de Tavares Bastos (O Jornal – Rio de Janeiro) e de Pablo Picasso que declara: “Um grande poeta, um grande pintor”. Expõe ainda na Galeria Billit, em Paris e no II Salão de Maio, em São Paulo.

1939: Durante a guerra, freqüenta assiduamente o atelier de Picasso, na Rue des Grands Augustins, participando como membro da Resistência Francesa, um dos motivos de sua prisão num campo de concentração durante a ocupação nazista. Nas transmissões destinadas à América do Sul, fala na rádio francesa na companhia de Francis Carco, Léon-Paul Fargue, Di Cavalcanti, Charles Trenet e Noêmia Mourão. Ainda neste ano, expõe no III Salão de Maio em São Paulo, onde houve forte participação estrangeira: Magnelli, Calder, Arne Osek, Bernardo Rudofsky, Carl Holty, Eilen Holding, Hans Erni, Jéan Hélion, Josef Albers e W. Drews. Número especial da Revista Anual do Salão de Maio (capa metálica), inclui debates sobre as teses do abstracionismo e do surrealismo. Participa ainda da exposição “Latino-Americana” no Museu Riverside.

1941: Participa do Salão de Arte da “Feira Nacional da Indústria”, no Rio de Janeiro.

1942: Prisioneiro dos alemães em Baden-Baden foi libertado em troca de germânicos detidos no Brasil, retornando clandestinamente à França. Mantém ligação com os escritores e poetas franceses, um deles, Louis Parrot, que lhe envia o poema “Liberté” de Paul Eluard. Cícero Dias o faz chegar às mãos de Roland Penrrose em Londres, que provoca o lançamento de pára-quedas aos milhares pela Royal Air Force (RAF), sobre o solo francês.. Cícero Dias vive e pinta num pequeno quarto de hotel em Marselha, esperando poder deixar a França.

Vale a pena citar que a Associação Arte Mural interrompeu suas atividades em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Sain Maur era o “animador” e dela, além de Cícero Dias, fazia parte: A.Baudin, Bissière, Borès, Chagall, Robert Delaunay, Sônia Delaunay, Dewasne, Estève, Hélion, Le Corbusier, F.Léger, A.Masson, Magnelli, Matisse, Miró, Mondrian, Ozenfant, E.Pillet, Sain Maur, Severini, Vasarely e Villon.

1943: Cícero Dias se instala e pinta em Lisboa, mantendo relações estreitas e amigáveis com artistas e escritores portugueses: Mericia de Lemos, Almada Negreiros, Sara Afonso, Rui Cinatti, Antônio Dacosta, Carlos Queiroz, Adriano de Gusmão, Antônio Pedro, Gastão de Bettencourt, Casais Monteiro, Carlos Botelho e Luís Trigueiros. Expõe no Salão de Arte Moderna de Lisboa (recebendo prêmio) e na cidade do Porto, com catálogo prefaciado por um poema enviado por Paul Eluard, assim como por Alberto Serpa.

1944: Participa da abertura da Galeria Denise René, que organiza exposições de pintores abstratos. Participa ainda da Mostra da Pintura Moderna Brasileira, na Royal Academy of Arts, em Londres, com apresentação de Ruben Navarra e Sacheverell Sitwelll. Expõe na VIII Exposição de Arte Moderna em Lisboa. Litografias de sua autoria ilustram a obra de Camões “Ilha dos Amores”, editada pela Montalvor, Lisboa.

1945: Participa da IX Exposição de Arte Moderna em Lisboa. Pablo Picasso sob a forma de dedicatória no seu livro Le Plaisir Attrapé par la Queue apela para que Cícero Dias retorne à Paris, o que acontece e, em forma de agradecimento, Cícero transmite uma mensagem de Picasso aos jovens pintores brasileiros. No seu retorno à Paris após o término da guerra, integra-se ao Grupo Espace, que reunia um grupo de artistas abstratos mais em voga na época e que expunham na Galeria Denise René, então na Rue de la Boétie. Cícero define-se por um estilo abstracionista e de formas mais estruturadas. Participa da Exposição “Pintura Brasileira” em Londres, cujas vendas resultaram em benefício da Royal Air Force (RAF) e na Galeria Denise René em Paris.

1946: Participa da Exposição Internacional de Arte Moderna na UNESCO, em Paris. Os anos seguintes foram significativos para a pintura abstrata geométrica, expondo em Paris: Domela, Dewasne, Magnelli, Robert e Sônia Delaunay, Cícero Dias, Nicolas Schoffer, Vasarely. Houve também numerosas exposições de Kandinsky e de obras de Mondrian. Sobre Cícero Dias, Antônio Bento escreve: “No Brasil, o movimento construtivista só começou no fim da década de 40. Seu verdadeiro e primeiro pioneiro foi Cícero Dias que, em 1946, na capital francesa, começa a pintar telas em estilo geométrico. Com justiça, esse pintor ocupa essa posição. E mesmo fazendo parte da Escola de Paris, ele jamais rompeu ou renegou suas raízes brasileiras”.

1947: Realiza em Paris uma exposição na Galeria René Drouin e na Galeria Denise René, uma mostra de Pinturas Abstratas junto com Magnelli, Dewasne, Deyrolle, Duthoo, Hartung, Piaubert, Poliakoff e Vasarely.

1948: Cícero executa no Recife, sobre os muros do Ministério das Finanças, uma série de pinturas murais abstratas, consideradas as primeiras na América do Sul. Junto com Rubem Braga, Mário Pedrosa, Orígines Lessa e José Lins do Rego realizam uma viagem pelo Nordeste. Participa da exposição “Arte Mural” no Palácio dos Papas, em Avignon, na França. Participa ainda de inúmeras exposições; a organizada pelos estudantes da Faculdade de Direito em Recife/ PE; a da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro; a de Escada/ PE, representando sua III Exposição com prefácio de Gilberto Freyre e o catálogo com textos do romance autobiográfico de Cícero Dias “Jundiá”; a “Tendência da Arte Abstrata” na Galeria Denise René em Paris; do IV Salão de Arte Moderna em Recife/ PE.

1949: Na revista Art d’Aujourd’hui (Arte Hoje), foi publicado um artigo dedicado ao “Muro” de Michel Seuphor, com reproduções de pinturas de Cícero Dias, Kandinsky, Le Corbusier, Mondrian e Dewasne. Toma parte na Exposição “As Grandes Correntes da Pintura Contemporânea”, no Museu de Lyon, França, junto com Arp, Bonnard, Borès, Braque, Brauner, Cézanne, Chagall, Hartung, Hélion, Klee, Léger, Manet, Masson, Matisse, Matta, Miró, Mondrian, Picabia, Picasso, Redon, Puvis de Chavanne, Renoir, Signac, de Stael, Van Gogh, Vuilliard e outros. Charles Estiennes, no Cahiers d’Art (Cadernos de Arte), fez as seguintes citações: “Um pintor da forma vegetal, Cícero Dias”; “Em verdade, a linguagem plástica de Cícero Dias é feita de geometria, é um jogo preciso, se ela é lírica, de retas, de curvas e de elipses, de triângulos, de retângulos e de trapézios” (…) Neste ano, Cícero Dias participa das exposições “Da Arte Figurativa à Arte Moderna”, no Instituto de Arte Moderna e “Os Pintores da Escola de Paris”, em Buenos Aires. Realiza uma individual de pinturas abstratas no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com convite prefaciado por Gilberto Freyre e Maria Eugenia Franco. É citado por Silvio Porto, diretor do jornal A União, na secção Correio das Artes de 24/04/1949, pág.2, sob a orientação de Edson Regis, como ilustrador do referido periódico.

1950: Participante da fundação do Congresso da Escola de Altamira com Miró, Baumeister, Artigas e outros. Viaja para Itália tomando parte na XXV Bienal de Veneza.

1951: Participante da exposição “O Prato Pintado” na Christofle, em Paris, junto com Arp, Miró, Vasarely, Jean Cocteau, Man Ray, Borès, Beaudin, Masson, Estève, Braque e Gishia. Prefácio de Francis Ponge. Fez parte da criação do Grupo Espaço, por iniciativa de André Bloc e Felix Del Marle. Reagrupa arquitetos, construtores e artistas plásticos decididos a trabalharem juntos na perspectiva de uma arte não figurativa e realizando uma síntese dos artistas plásticos na sua integração ao espaço arquitetônico. Expõe no Salão de Maio, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris, na mostra “Os Jovens Pintores Abstratos”, da Escola de Paris, no IV Festival Belga em Knokke-le-Zoute e no Cahiers d’Art, em Paris.

1952: Participa da exposição “Vinte Obras de Vinte Artistas”, na Galeria Denise René, junto com os mesmos participantes da Exposição Klar Form, de Copenhague, Helsinque, Estocolmo, Oslo e Aarhus. Participa ainda das exposições “Pintores na Nova Escola de Paris”, na Galerie Babylone e na Galeria La Hune, com pintores e escultores inclusos na obra Témoignage pour l’Art Abstrait, publicada pelas Editions Art d’Aujourd’hui, Paris/França, e na XXVI Bienal de Veneza/Itália. Expõe no Museu de Arte Moderna de São Paulo, sendo o catálogo prefaciado por Sérgio Milliet, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com prefácio de José Lins do Rego e na Galeria R. Godfried, prefaciada por Pierre Descargues. Escrevem sobre Cícero Dias, Mário Pedrosa (Correio da Manhã-Rio de Janeiro) e Geraldo Ferraz (Diário de São Paulo).

1953: Na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Roma/Itália, participa da 82ª Mostra dell’Art Club, sendo o catálogo prefaciado por Léon Degand. Participa também no Museu de Arte Moderna da II Bienal de São Paulo.

1954: A Galeria Denise René, de Paris publica o segundo álbum de serigrafias onde, junto com Cícero Dias, estão; Bloc, Bozzolini, Breuil, Dewasne, Deyrolle, Dimitrienco, Istrati, Jacobsen, Lacasse, Leppien, Marie Raymond, Mortensen, Pillet, Poliskoff e Vasarely. Participa ainda em Bior, da exposição do Grupo Espaço, sob o patrocínio do ministro Claudius-Petit. Cícero apresenta uma maquete para o projeto de um museu moderno. Na sua estada em Antibes, obtém de Picasso a autorização para exibir “Guernica” na Bienal de São Paulo. Expõe no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com os artistas d’avant-garde da Escola de Paris. Ocorre um incêndio no atelier de Cícero Dias em Paris.

1955: Participa da Exposição Internacional de Pintura Contemporânea de Pitrsburg 1955, junto com Manessier, Tamayo, R.Birolli, Matta, Toti Scialoja, Corneille, Marjorie Eklind, Roger Dudant, John Hultberg, Zao Wou-Ki e Kenzo Okada. Completa a realização de sua maquete para o projeto de um museu moderno, viajando em seguida para a Grécia e para o Oriente.

1956: Léon Degand escreve o artigo “L’Abstration dite Geométrique” (A Abstração dita Geométrica), sobre a pintura de Cícero Dias.

1957: Participa das exposições “Arte Moderna no Brasil”, em Buenos Aires/Argentina, com prefácio de C.Flexa Ribeiro e “Arquitetura Contemporânea, Integração das Artes”, no Museu de Belas Artes, em Rouen/França, com catálogo prefaciado por André Bloc.

1958: Expõe suas obras em Sala Especial, na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas.

1959: Exposição retrospectiva (1926-1959), em Pernambuco, com prefácio de Odorico Tavares e, participação no XV Salão de Maio, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris.

1960: Participa das exposições “Arte na América Latina Hoje: Brasil”, em Washington, DC., EUA e “Artistas Brasileiros”, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris, prefaciado por C.Flexa Ribeiro.

1962: Participa da exposição “Arte Latino-Americana”, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris, com prefácio de Jean-Clarence Lambert.

1965: Grande retrospectiva das suas obras, em Sala Especial na Bienal de São Paulo, com catálogo prefaciado por Geraldo Ferraz. Neste mesmo ano, teve uma aquarela exposta na Feira de Arte realizada no Seminário de Olinda/PE, numa promoção da Associação Cristã Feminina.

1966: Exposições no Museu de Ixelles, com prefácio de Charles Estiennes e “Artistas Brasileiros em Paris”, na Galeria Debret, Paris.

1967: Participa de três exposições: Mostra retrospectiva no Recife/PE., no São Paulo Club – obras do autor – organizada pelos amigos paulistas do pintor e finalmente, na sede da Revista Manchete, no Rio de Janeiro.

1968: Exposição no Teatro Santa Isabel com o título “Pintores Pernambucanos”, promovida pelo Departamento de Educação e Cultura da Prefeitura Municipal do Recife e com o apoio do MAC/PE, FJN e da Escola de Belas Artes.

1970: Exposições na Galeria Portal em São Paulo, na Galeria Renot em Salvador e Galeria Ranulpho em Recife. Viaja ao litoral da Iugoslávia.

1972: O Museu da Manchete no Rio de Janeiro, adquire suas obras “Paisagem com 4 Figuras”, “Namorados”, “Paisagem com Casal” e “Paisagem com Figuras”, todas datadas de 1972.

1973: Expõe na Galeria S.Mamede, em Lisboa/Portugal.

1974: Participa de exposições na Galeria Portal e no Museu de Arte Moderna, “Tempo dos Modernistas”, ambas em São Paulo.

1975: Exposições na Galeria Renot, de Salvador e no Museu Lasar Segall, em São Paulo.

1976: Participa das exposições “Os Salões”, no Museu Lasar Segall, em São Paulo e “Brasil, Artistas do Século XX”, na Galeria Artcurial, em Paris. Realiza uma individual da Ranulpho Galeria de Arte, em Recife. Luiz Miranda Correia produz em Paris um filme sobre Cícero Dias.

1978: Participa das exposições “As Bienais e a Abstração”, no Museu Lasar Segall, em São Paulo; “Quatro Décadas da Pintura Brasileira”, no Jóquei Clube do Rio de Janeiro. Realiza individuais do Museu André Malraux, no Havre, com prefácio de Pierre Restany e nas Galerias Ranulpho de São Paulo e Recife. A Rede Globo de Televisão do Rio de Janeiro realiza filme sobre a sua vida e obra, com texto de Rubem Braga. Bertina R.R.da Cunha executa Tese sobre a vida e obra de Cícero Dias, em Nice.

1981: Participa das exposições “”Trinta Obras de uma Coleção”, na Sala de Exposição do Fórum, em Roubaix e, “Um homem, uma Paixão”, no Museu de Arte Moderna de Estrasburgo, na França. Participa ainda da Escola de Altamira, Fundação Santillana.

1982: É publicado La Grande Esperance des Poètes, obra de Lucien Scheler sobre a situação dos intelectuais franceses durante a última guerra. O autor faz referência a participação de Cícero Dias nas trocas de correspondência entre a Resistência francesa e Londres. Executa restauração das pinturas murais abstratas (as primeiras da América do Sul) executada em 1948 na Secretaria da Fazenda de Pernambuco, onde é homenageado com a colocação de uma placa de prata no referido órgão público. A Sra. Norma Pérégrini, realiza a restauração do grande painel pintado em 1929 “Eu Vi o Mundo, ele Começava no Recife”, em exposição permanente no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Participante do III Congresso Afro-Brasileiro em Recife e das exposições “Paul Eluard e seus Amigos Pintores”, no Centro Georges Pompidou e “Pinturas”, na Galeria Bellechausse, em Paris. Neste ano, Janira Bastos realiza em São Paulo, Tese sobre a vida e obra de Cícero Dias.

1983: Cícero Dias é homenageado em uma reunião da SUDENE, em Recife e, executa a instalação de um painel relatando a vida de Frei Caneca na Casa da Cultura. Jean-Charles Gateau publica a obra “Eluard, Picasso et la Peinture”, citando Cícero Dias entre os pintores que Picasso admirava na pintura.

1984: Participa da exposição “Electra, a Eletricidade e a Eletrônica na Arte do Século XX”, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris.

1985: Participa das exposições “Uma Arte Outra, uma Outra Arte – Os Anos 50”, na Galeria Artcurial de Paris e, “Rio, Vertente Surrealista”, na Galeria de Arte do BANERJ, no Rio de Janeiro.

1986: Participa da exposição “Os Americanos”, na Galeria Artcurial, Paris.

1987: Realiza exposição individual “Pinturas 1950-1965”, na Galeria Denise René, em Paris e, participa da exposição “Modernidade – arte brasileira do século XX”, no Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris.

1988: Expõe pinturas geométricas na Galeria Denise René, em Paris e, síntese de sua obra, comemorativa aos seus oitenta anos, no Rio Design do Rio de Janeiro. Toma parte na coletiva “Obras Raras”, na Ranulpho Galeria de Arte, no Recife.

1989: Participa das exposições “Denise René Presente”, na Galeria Del Naviglio, em Milão; FIAC, em Paris; Redferm Gallery, em Londres.

1990: Participa das exposições “Abstração Geométrica”, no Centro Cultural de Compiegne; “Pequenos Tamanhos”, na Galeria Denise René, Paris; “FIAC”, em Paris.

1991: Cícero inaugura um mural de 20 x 3 metros, na Estação Brigadeiro do Metrô de São Paulo. Participa das exposições “ARCO”, em Madrid e da “FIAC”, em Paris. Realiza exposição na Galeria Waldir Simões Filho, em Curitiba/PR. É inaugurada a Sala “Cícero Dias” no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. É realizada no MNBA a exposição do grande painel “Eu vi o Mundo. Ele começava no Recife”, com 15×3 metros, datado de 1929.

1992: No Centro Georges Pompidou, em Paris, participa da exposição “Art d”Amerique Latine”.

1993: Participa das exposições “Premiere Triennale des Ameriques”, em Maubeuge/França e, no The Museum of Modern Art, em New York. Um grupo de artistas naturais do município de Escada/PE., presta uma homenagem à Cícero Dias, com uma exposição realizada na Galeria Metropolitana do Recife sob o título “Visões Múltiplas de Cícero Dias”.

1994: Participa da exposição “O Papel da Arte II”, no Espaço Cultural Bandepe, no Recife/PE.

1995: Exposição Comemorativa dos 13 anos da Galeria Belas Artes do Rio de Janeiro.

1996: Exposição na Galeria Renot, em São Paulo.

1997: O American Express Off Gallery Especial apresenta Cícero Dias aos 90 anos, com crítica de César Leal e apoio institucional da Prefeitura do Município de São Paulo.

1998: Obras de sua autoria fazem parte do acervo dos museus de Arte Moderna da Bahia e de Arte Moderna de São Paulo. O Governo da França na figura do primeiro ministro francês Eduard Balladiur, entrega ao pintor a insígnia só conferida a heróis nacionais, como membro da Ordem Nacional do Mérito da França, (27/05/98).

1999: É homenageado com a Comenda da Ordem do Mérito dos Guararapes, no grau de grande oficial, pelo Governo do Estado de Pernambuco. Obras de sua autoria fazem parte da exposição Opera Selecta na Rodrigues Galeria de Arte, Recife – PE.

Gilberto Freyre, em 1928, escreveu “Cícero Dias desarruma as coisas, as pessoas e os animais da terra para juntar depois objetos que nunca ninguém viu juntos: às vezes o deste mundo com os do outro. Bois voando e peixes com camisa de mulher. E tudo numa nova escala. Alteram-se as proporções e as relações, nas muitas das coisas das pessoas, das mulheres, dos animais que andam descasados pelos quadros de Cícero, são nossos conhecidos velhos, gente de casa, pessoas da família, tias gordas, bacharéis de pince-nez, primas filhas de Maria, negras velhas, cabriolés de engenho, vacas de leite, carros de boi, censores de colégio, cabras cabriolas, mulas sem cabeça, luas de Boa Viagem”.

Mário de Andrade publicou no Diário Nacional, em 1929: “Eu não sei se pode interessar aos meus leitores saber que o desenhista pernambucano Cícero Dias está em São Paulo, nos vendo. Pouco ou nada o leitor sabe sobre este artista delicioso. E se vissem os desenhos e aquarelas dele, na certa que oitenta por cento dos leitores pensaria: É um maluco. É ainda vivemos convencidos de que são malucos todos que escapolem do senso comum… Mas Cícero Dias não é maluco não… Os desenhos dele formam, por isso, outro mundo comoventíssimo, em que as apresentações atingem as vezes uma simplificação tão deslumbrante que perdem toda a caracterização sensível. Os animais dele, por exemplo. Creio mesmo que Cícero Dias é o primeiro indivíduo que já chegou a representação do animal. Ele tem calungas que não são nem de cachorro, nem de boi, nem de burro. Tem aves que não são nem pombas, nem urubus, nem galinhas. É o animal. É a ave”.

Josué Montello publicou na Revista Manchete, em 1931: “(…) Cícero Dias levou ainda mais longe a expansão nordestina – deu-lhe universalidade, nas telas em que a fixou. Os muitos museus do mundo em que seus quadros são exibidos correspondem à flagrância de nossa autenticidade. Mesmo a pintura abstrata do mestre é cor e é luz genuinamente brasileira. Com a claridade viva do Nordeste”(…)

BIBLIOGRAFIA
Rodrigues Galeria de Artes. Setor de Pesquisa – Arquivo, Recife, 1999.

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