Montez Magno, artista intermídia pernambucano, morre aos 89

É com pesar que informamos a morte do grande artista pernambucano Montez Magno.

Montez era pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador.
Estuda desenho e pintura, entre 1953 e 1966. Em 1957, realiza sua primeira exposição individual no Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Recife. A partir de 1960, publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros.
Várias de suas obras passaram aqui pela Rodrigues Galeria de Artes.

“Montez era um homem de rara sensibilidade, era grande amigo, irmão, estou arrasado.” declarou o artista plástico Sergio Lemos.

100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922

A Rodrigues Galeria homenageia os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.                                                                                                  

  Esse movimento consistiu na realização de uma série de manifestações culturais, concertos, recitais e exposições de artes plásticas no Teatro Municipal de São Paulo, para “reverificação e mesmo a remodelação da inteligência nacional”… viria a dizer Mário de Andrade mais tarde sobre o movimento do qual era um dos prógonos.  Essa data marca o início do movimento modernista como movimento coletivo no Brasil.                                                                                                                                                      

Em agosto de 1933, jovens artistas organizaram no Recife, um salão particular de pintura. Essa ação coletiva representou, sobretudo, uma ruptura com a arte tradicional. Esse período foi ousadamente documentado com competência por nossa querida Nise de Souza Rodrigues no seu livro “O Grupo dos Independentes – Arte Moderna no Recife em 1930″ – Influenciados pelo movimento nacional e internacional, nossos jovens artistas também marcaram a história das artes.  Augusto Rodrigues, Cícero Dias, Elezier Xavier, Hélio Feijó, Percy Lau, Ismael Nery e tantos artistas que desejavam a liberdade para criar …

Viva os 100 anos de Arte Moderna!

Miguel dos Santos – “Cavaleiro”

Miguel dos Santos (PE) – “Cavaleiro” – Serigrafia s/Papel – c/mold – Ass.cid1983 –

MIGUEL DOMINGOS DOS SANTOS

Assina: Miguel dos Santos – Caruaru, PE, 03/11/1944.

PINTOR E CERAMISTA

Os bonecos de Vitalino foram seus brinquedos na sua infância em Caruaru. Seu primeiro contato com a arte aconteceu nas agitadas feiras semanais, repletas de artistas populares. Miguel dos Santos se tornou pintor, escultor e desenhista sem nunca abandonar esse universo estruturado em raízes brasileiras. Inicialmente pintor, dedicou-se também a cerâmica em 1967. Autodidata, vivendo em João Pessoa desde 1960, participou da primeira mostra coletiva no Teatro Santa Rosa, na Paraíba. Na trajetória de seu trabalho realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior.

O crítico de arte Frederico Morais escreveu: “Vistas em conjunto, as peças sugerem uma espécie de procissão ou ritual, cuja origem e significado se perdem na geografia do tempo ou por aqui mesmo naquelas míticas e mágicas terras do sertão nordestino. Enfim, cada peça de cerâmica de Miguel dos Santos tem um toque pessoal e diferente, e o artista, com desenvoltura e imaginação, surpreende continuamente. Sobre Brennand disse certa vez que sua pintura tem cheiro e cor de terra. Acho que posso dizer o mesmo de Miguel dos Santos. Ambos retratam o meio natural, com toda sua força bruta, a vida vivida intensamente, de corpo presente. Mas se Brennand, nas cores e temas representa, sobretudo, a Zona da Mata, com sua exuberância tropical, a mesa posta e farta, Miguel é muito mais um sertão, seco e áspero, cortante e despojado”.

Disse o escritor Ariano Suassuna: “Os nordestinos vão levando adiante seu trabalho criador de modo cada vez mais atuante, mais profundo, mais ligado às raízes da Cultura Brasileira. O melhor, porém, é que escritores ou artistas como Miguel dos Santos, para ficar só no seu caso não se contentam em repetir o que os regionalistas e modernistas fizeram: vão adiante, abrindo novos caminhos ou levando outros no sentido diferente. Como se pode ver pelo trabalho de Miguel dos Santos, a diferença principal entre nós escritores e artistas atuais do Nordeste – e os anteriores, o que nos caracteriza e distingue mais, é a ligação com o realismo mágico do Romanceiro popular nordestino. Realismo mágico – brasileiro nordestino e de raiz popular – e não surrealismo. Veja-se bem que existe uma diferença bastante acentuada entre os pintores surrealistas, ou ligados aos precursores do surrealismo e um pintor como Miguel dos Santos, cuja garra popular e cuja força brasileira são as mesmas dos folhetos e xilogravuras do Romanceiro popular nordestino. É verdade que sou suspeito para falar assim, porque é à mesma linhagem de Miguel dos Santos ou de Gilvan Samico que eu pertenço, tanto em minha poesia, como em meu Teatro, ou no meu Romance A Pedra do Reino. Mas, só sei falar com entusiasmo daquilo que realmente me toca – e a pintura de Miguel dos Santos é algo que me entusiasma, povoando seus quadros a óleo, ou cerâmicas, de bichos estranhos: dragões, metamorfoses, cachorros endemoninhados, santos, mitos e demônios – uma obra tão ligada ao Romanceiro e por isso mesmo, tão expressiva da visão tragicamente fatalista, cruelmente alegre e miticamente verdadeira que o povo brasileiro tem do real”.

Acesse nosso Galeria virtual e confira mais obras .

José Barbosa (PE) – “Paisagem”

jose barbosa paisagem

José Barbosa (PE) – “Paisagem” –

Técnica Mista s/Papel – 070×100 –

Emoldurado Ass.CID84 – R$ 3.400,00

 

 

 

 

 

JOSÉ BARBOSA DA SILVA – OLINDA, PE, 1948 – PINTOR, GRAVADOR, ENTALHADOR E ESCULTOR
Realizou inúmeras exposições individuais no Brasil e no exterior. Em 1972, transfere-se para aEuropa, fixando-se em Colônia/Alemanha e posteriormente em Paris/França, montou atelier em Meudoncom Roseline Granet, Jean Paul Riopelle e Frondrerie Berjac. Além de restaurar trabalhos (esculturas) deMiro, fez restauração em uma mansão em Conque, Rouergue. Em 1977, retorna ao Brasil e trabalha emnível de exclusividade com Renato Magalhães Gouveia – Escritório de Arte, tornando-se posteriormenteseu representante.Gil Vicente, no catálogo 30 Anos de Arte, registrou: “(…) Todas as referências e influências sefundem há anos em Zé Barbosa. A tradição do seu povo e a cultura pictórica do mundo atual derreteem seu fogo interior. Essas obras não é mais isso nem aquilo. Nem Jota Borges nem Chagall. Nem SeuLourenço nem Picasso. Nem o branco nem o preto. Nem o índio. É apenas tudo isso: José Barbosa”.José Roberto Teixeira Leite, em 1980, registrou em catálogo a seguinte crítica: “O nome de JoséBarbosa costumava ser relacionado até bem poucos anos atrás exclusivamente com um meio expressivoque ele, muito jovem ainda, sozinho conseguira consagrar no ‘Sul-Maravilha’: a talha nordestina, deextração popular. Lembro-me, por exemplo, de uma primeira exposição organizada no Rio de Janeiro, nafinada Galeria Goeldi, em que o então garoto José Barbosa conseguiria impressionar críticos e arquitetos,artistas e colecionadores com seu talento forte, com sua originalidade: a talha, até então o patinho feiode nossas artes visuais, espécie de tourist art para americanos de gosto duvidável, tinha enfim seurepresentante maior, e através ele se conquistava foros de maioridade”.
Expos com grande sucesso (mar/2012) na Galerie Mailletz, em Paris, França.

Satyro

SATYRO DE MELO MARQUES

Assina: Satyro n Maceió, AL, 1935.

PINTOR E DESENHISTA

                De formação autodidata, iniciou seus estudos de desenho e de pintura no seu Estado natal. Fez curso de aplicação de cores no Rio de Janeiro, onde permaneceu por dois anos. No Recife, em 1972, com o apoio do cronista José de Souza Alencar (Alex) realiza a sua primeira individual na Galeria Firenze. Antes de se fixar definitivamente no Rio de Janeiro em 1976, realizou exposições em Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

                Walmir Ayala no livro Dicionário de Pintores Brasileiros registrou: “A concentração, disciplina e tenacidade de Satyro Marques, pintor alagoano residente no Rio de Janeiro, ressaltam a qualidade cada vez mais evidente de seus trabalhos, nos quais o refinamento e a transfiguração convivem em perfeito equilíbrio. Apesar da sabedoria com que fixa manchas e transparências, a habilidade com que cria dimensões espaciais de um caráter onírico não distancia este pintor do magnetismo da figura. Esta fatalidade conta ainda como dada de interesse e propriedade, num momento em que mesmo pintores abstracionistas de renome, como Manabu Mabe, tentaram ou tentam uma reaproximação com formas codificadas dentro do plano das imagens figurativas. Satyro nunca se afastou desta referência, construindo sobre a sutil revelação de seus grupos de animais ou pessoas a atmosfera mágica que é o forte de seu testemunho. Ao avançar para uma série unitária dos chamados rituais, ele desenvolve situações de amorosa luta, ou combativo amor, nas quais os personagens permanecem envolvidos numa trama luminosa, forjando um instante exaltado e dionisíaco”. (…)

                O crítico Mário Margutti na análise do trabalho do artista diz que: “… Observando-se atentamente as temáticas preferidas pelo artista, pode-se notar uma rica travessia do regional ao universal. De um lado, as suas raízes brasileiras: rituais de candomblé, bumba-meu-boi, cangaceiros, garimpeiros de Serra Pelada, trabalhadores subterrâneos das Minas Gerais e cenas esportivas. Do outro lado, o mergulho apaixonado na dimensão dos mitos, das lendas e dos arquétipos: Cavaleiros do Apocalipse. Amazonas, pássaros simbólicos em plena metamorfose, guerreiros, peregrinos trilhando misteriosas paisagens. Todas as suas pinturas, apesar da forte presença do abstracionismo, nascem de estudos prévios através do desenho… O artista reconhece que, no campo exclusivo do desenho, a dinâmica gestual vai para um segundo plano. Mas como não admite o desenho convencional, muito definido, o artista acrescenta nos trabalhos a força rítmica das abstrações, abrindo caminho para maior liberdade das formas e da sua rica imaginação”.

                Já na observação de Geraldo Edson de Andrade, da Associação Brasileira de Críticos de Arte: “Satyro Marques não se filia a nenhuma das correntes em voga na pintura brasileira contemporânea, nem tampouco está imbuído de inovações estéticas revolucionárias, objetivando atrair as atenções da crítica especializada… Pintor com obra personalíssima, ele tem se mantido, no decorrer de sua carreira, numa posição discreta, porém reconhecida pelo público, com quem mantém grande empatia. Fiel a figuração, expande-se tematicamente nas aglomerações humanas naqueles instantes do movimento, jamais na imobilidade do gesto puro e simples. Dessa maneira, jogadores de pólo, lanceiros, saltadores de obstáculos, tanto quanto garimpeiros e personagens ligados aos cultos afro-brasileiros convivem nas suas telas. Sua pintura reflete um refinamento criativo que é uma de suas qualidades como artista”.

Romero de Andrade Lima

ROMERO DE ANDRADE LIMA

Assina: Romero de Andrade Lima 4 Recife, PE, 1957.

PINTOR, AUTOR DE PEÇAS TEATRAIS, CENÓGRAFO E FIGURINISTA.

Romero de Andrade Lima é um artista múltiplo. A desenvoltura do seu sucesso prende-se ao êxito obtido através de suas pinturas, cenários, peças teatrais e figurinos. Em 1993, a mostra que apresentou ao público em seu atelier no Poço da Panela nasceu em função de algumas molduras antigas que comprou em uma feira de antiguidades em São Paulo. E, como disse Kethuly Góes em sua reportagem, (…) “ele se rendeu ao charme das peças e decidiu pintar, para cada uma, um quadro que lhe completasse”. Romero fez renascer paisagens e personagens através de vinte e duas pinturas e duas esculturas recriadas dos textos do escritor francês Marcel Schwob.

Em Romero há uma predominância nostálgica na produção de suas obras. Em cada exposição realizada ele evoca e transporta para a pintura imagens de textos de grandes escritores, além de reminiscências da sua própria adolescência. E como escreveu a jornalista Lydia Barros: “A busca de uma linguagem nova: ingênua e rebuscada, antiga e contemporânea, é que move Romero de Andrade Lima no sentido maior de sua arte: literatura, teatro e artes plásticas. Não é outra senão essa motivação que o leva à Escola Teatro Brincantes – espaço alternativo dele e do ator Antônio Carlos Nóbrega, em São Paulo – onde exercita a cenografia, direção, pintura. No rumo de um trabalho cada vez mais universal, com a preocupação (quem sabe) de se integrar a uma corrente mundial: uma idéia plural”. Em 1993 expõe na Galeria Estúdio A painéis com 200 por 60 centímetros cada sobre o retrato de Ana Pedra Nova.

 

Queralt Prat

ISIDRO QUERALT PRAT

Assina: QUERALT PRAT 4 Tarrasa (Barcelona), ESPANHA, 09/03/1921. Falecimento 2011.

PINTOR, DESENHISTA E PROFESSOR.

             Estudos de Arte na Escola Municipal de Artes e Ofícios da sua cidade natal. Diplomado pela Escola Superior de Belas Artes de Barcelona, cidade onde morava e onde frequentou durante muitos anos os ateliers de pintura e desenho do Real Círculo Artístico. Em 1963 foi contratado pela Universidade Federal de Pernambuco para lecionar na Escola de Belas Artes, onde ministrou as cadeiras de Pintura de Modelo Vivo e Composição de Pintura. Posteriormente lecionou Composição nos cursos de Desenho Industrial e Comunicação Visual e regeu o Atelier de Pintura III (pintura, modelo vivo e composição), ocupando ainda o cargo de diretor da Escola de Belas Artes e de chefe do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística da UFPE. Fez viagens de estudo à França, Itália, Grécia, Bélgica, Holanda, Portugal e também em países da América Latina onde se incluem Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, absorvendo conhecimentos sobre a Arte Colonial e as culturas Pré-incaicas. Participou de inúmeras comissões em concursos para cargos de professores.

             Como artista plástico realizou sua primeira exposição individual de pintura em Terrassa, sua cidade natal, seguida de várias outras nesta cidade e em Barcelona (Espanha).

             No Brasil, expôs em Recife, Olinda, São Paulo e Rio de Janeiro, participando também de coletivas no Brasil e no exterior.

             Os professores Regina Souza Lima e Oscar Uchôa são autores do livro “Queralt: 30 Anos de Ensino e Pintura“, lançado na Rodrigues Galeria de Artes no dia 05 de Abril de 1994, com a presença do artista.

             Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, escreveu: “Isidro – isto é facílimo constatar – é um surrealista moderado, mais de uma verve pontilhada de idéias e de imaginação. Nada de ocasional e de equívoco, mas uma ideia diretriz de um modo de ver, construir e afirmar.  Artista de sólido preparo, e artista de clara personalidade.  Consegue ao mesmo tempo agradar, alegrar as paredes e convencer pela simplicidade de sua arte: possibilidade hoje não fáceis à encontrar nas Galerias.  Isto naturalmente, sem infirmar o labor dos pesquisadores do labirinto da nova bossa, do qual eu mesmo participo, porém as vezes encabulado por ver lá dentro tantos intrusos”.

             Vicente Masip, diretor do Centro Cultural Brasil-Espanha, fez o seguinte comentário sobre a doação que Queralt fez de quinze (15) quadros à óleo (A Via Sacra), para a Matriz de Iputinga, em 28/11/1990: “Isidro Queralt Prat dispensa apresentações. Espanhol de nascimento, catalão de Terrassa, é muito conhecido no meio artístico pernambucano. Como professor da Escola de Belas Artes e do Centro de Artes da UFPE, orientou toda uma plêiade de pintores, e descobriu grandes valores, que souberam absorver seu talento para o desenho, a pintura e a composição. A Via-Sacra de Queralt de quinze estações, segundo prescrição do Concílio Vaticano II, que acrescentou a ressurreição às quatorze tradicionais – é fruto do seu espírito religioso e da sua atração por desafios. Desde o momento em que concebeu a ideia, foi obrigado a enfrentar e resolver uma série de problemas antropológicos, históricos e teológicos, além dos plásticos e pictóricos” (…).

             Laerte Baldini, em 11/04/1972, escreveu: “O ‘mundo paranoico’ de Isidro Queralt Prat, tem sua origem na exploração do inconsciente, talvez, ou, quem sabe, no campo da endocrinologia. Mas o fato da sua concretização visual é sem dúvida obra da razão, clara, lúcida, pensada, tecnicamente sábia, realizada de acordo com normas aprendida ao longo de muitos anos. Qual o resultado do choque dessas duas componentes que parecem contraditórias? Reivindica uma arte que expressa o desejo do ‘estado em bruto’, do desassossego interior não refreado? A vontade lúcida, consciente de ir ‘além’ da realidade? Ou um romantismo incurável, debruçado sobre si mesmo em contemplação fatal, e que teimosamente espera contra toda a esperança”?

             Celso Marconi publicou no Jornal do Commercio de 18/05/1971: “(…) Sua pintura possui um clima surrealista, embora ele afirme que para chegar até “essas liberdades”, passou por um longo caminho de estudos e pesquisas.  Nas suas obras ele busca ironizar certos aspectos da vida, mais precisamente alguns sentimentos menos nobres”. (…)

             Baltazar da Câmara escreveu em 26 de outubro de 1967: “Dificilmente encontraremos, hoje, no âmbito figurativo, uma pintura que, mais do que esta se apresenta com discrição sem redundâncias formais e ênfase ideológica; Queralt Prat com a coerência indicadora de uma atitude que não admite dúvidas, ignora as fáceis manipulações, as estruturações epidérmicas, as técnicas mais ou menos ocultas de persuasão, que vemos largamente empregadas com uma oscilação ambígua entre a aceitação e a denúncia”. (…)

             Fernando Lience, crítico de arte espanhol, escreveu: “Sobre la doble temática por la que se mueve la jugosa pintura de Queralt Prat, hay um soplo de vida indiscutible. Su gran domínio del dibujo es otra de sua cualidades.”

Chalita

PIERRE GABRIEL NAJM CHALITA

Assina: CHALITA 4Maceió, AL, 30/01/1930.


PINTOR
, DECORADOR, ARQUITETO E PROFESSOR.

                Diplomado pela Faculdade Nacional de Arquitetura da antiga Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, onde terminou o curso iniciado em 1950, na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.  Foi professor nessa mesma Escola, de Técnicas de Composição Artística no curso de professorado do Desenho.

                No início de sua carreira, a par de revelar gosto pela pintura, estudou técnica de piano, tornando-se intérprete de Bach, Chopin e Schumann.

                Estudante de arquitetura na Escola de Belas Artes do Recife recebeu o apoio do pintor Murilo La Greca, que o influenciou no sentimento da forma e da cor.  Ainda estudante de arquitetura e já no Rio de Janeiro, pintou num velho deposito do prédio da Reitoria da então Universidade do Brasil, o quadro “Mulher de Baalbeck”, que despertou o interesse do Reitor, enviando-o por seis meses à Madri, por intermédio do Instituto de Cultura Hispânica.  Chalita então levou para a Espanha a sua série de pinturas “Baile do Teatro João Caetano”, cuja exibição não pôde ser feita. Tentando pela segunda vez expor essa série nas “Cuevas de Cezano”, por ocasião do concurso literário anual promovido pelo proprietário, esta mostra mais uma vez foi impraticável, visto que o concurso havia atraido ao local considerável número de pessoas.  Ainda na Espanha, sob impressões adquiridas na sua visita ao Museu do Prado, pintou a “Crucificação”, óleo sobre tela de 3 x 2 metros, que enviou para a Exposição de Arte e Cultura sul-americana, realizada no Colégio Nossa Senhora de Guadalupe.  Não se fez, porém, sua apresentação.

                Depois de estudar sob a orientação do pintor Valverde, da Academia Real de Santiago, transferiu-se para Paris, onde, em 1958, estudou na Escola de Belas Artes sob a orientação de Chapelain-Mydi.  Em 1959, foi contratado como decorador-chefe do filme de longa-metragem “Un jour comme les autres”, de Paul Bordry e, em 1960, do filme “Les mines orienteaux et occidentaux”, de Jean Doat e Bordry, para a UNESCO.  Ainda em Paris, realizou exposição na Galeria Nord, inaugurada pelo Embaixador André-François Pancel, da Academia Francesa e presidente da Cruz Vermelha da França. Em 1961, realizou exposição em Beirut, no Líbano e fez uma palestra sobre a arte em geral e arquitetura no Brasil, através da televisão francesa.

                Chalita volta ao Brasil em 1962, assumindo a Cadeira de Composição de Pintura na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife, passando depois, a reger a Cadeira de Técnica do Curso de Professorado de Desenho da mesma Escola. Apesar de morar em Macei’/Alagoas, manteve por longo período um atelier na Rua Camboa do Carmo, em Recife, onde ministrou aulas de pintura para muitos alunos, entre os quais, hoje alguns participantes ativos e de destaque no cenário das artes plásticas.

                 Jean Labathe publica em Paris no La Depeche du Midi, em 1958: “O pintor, de grande sensibilidade, não busca o escândalo. Quis somente exprimir o que viu, tanto o chocou, e de que conserva cruel recordação. Seus quadros se caracterizam pela espontaneidade e sinceridade. São realistas, mas com tendência Expressionista. Chalita é um trágico”.                José Roberto Teixeira Leite, escreveu em 1969: “Há nele alguma coisa de um romântico e muito de um barroco, pertencendo o nosso artista aquela nobre estirpe a que se filiaram entre tantos Rubens e Delacroix. Sua execução é rápida e nervosa limitando o artista a um mínimo possível seus meios materiais, tanto assim que joga com duas ou três cores somente, criando todo um mundo de nuanças, e utiliza o suporte em branco como valioso elemento cromático. Não sem motivo interessou-se ele no inicio da carreira, pela música, e não sem razão já foi dito que toda a arte aspira a condição da música”.

                Ruy Sampaio escreveu: “Desde os seus começos, o trabalho desse alagoano é dividido em duas séries: O BAILE e O PARAÍSO. Na primeira, temos uma determinada categoria de indivíduos retratada na tortura de duas verdades existenciais em choque com as meias verdades do Estabelecido. Na segunda temos questionado esse ordenamento de conceitos passados em julgado, que uma civilização, por inércia, sancionou como valores”. 

               “No Baile, em princípio, os tons são quentes, há a elétrica vibração de um phatos acentuada pela composição diagonal e a larga pincelada dos barrocos; aí é forte, nas fisionomias, como nos fundos enigmáticos, a presença do expressionismo. No Paraíso, de maneira geral, estão os verdes, os violetas, os azuis, tons frios de uma pureza inútil, de uma harmonia estéril, de uma bem-aventurança estereotipada em que anjos com asas de morcego se acotovelam com curas de batinas e chapelões vieux jeu; trata-se de uma série de inegável estilo satírico, onde a ironia põe requebros na Respeitabilidade, traveste a Beatitude, maquia a Ordem e faz falar em falsete a Hierarquia”.

                “Em termos ontológicos a primeira série é um registro do drama do homem enquanto circunstância pessoal; na segunda esse registro questiona os valores do espaço cultural em que essa tragédia se move. É altamente enriquecedor esse processo, na medida em que, de uma a outra série, o artista contextualiza seus personagens numa problemática que os transcende enquanto visão meramente individual e os coloca diante das propostas, das perplexidades, dos impasses do nosso tempo. Nesse sentido é importante notar que há, no mínimo, uma simplificação (e todos sabemos quanto são elas perigosas em estética) na corrente que pretende para a obra de Chalita uma simbologia ao nível da simples crônica das minorias eróticas. Creio, pelo contrário, que, nesse trabalho, fiel aos mesmos motivos temáticos há mais de 20 anos, essas minorias mais servem do que são. Ao advogar para elas posição de pura referência fabular, eu diria, por exemplo, que Pierre utiliza sodomitas como Hitchcock utilizou pássaros. Aliás essa será talvez a maior qualidade de sua obra: exigir nossas capacidades de analogia e mimese”. (…) 

               “Denso e tenso no seu exercício de ironia e indagação, ele conduz, como um meneur circense, a maneira de Fellini, os personagens de sua saga sem heróis, camuflada em burlesco ou em provinciana crônica de costumes, mas na verdade, portadora de uma carga de contestação muito mais poderosa que essas descomprometidas aparências.  Saga menos que da facilidade dos adjetivos, merecedora de discussões e repensagens”.PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES: 1954: ESCOLA NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1961: BEIRUT, (LÍBANO) 1962: TEATRO SANTA ISABEL, ESCOLA DE BELAS ARTES e GALERIA DO ROSÁRIO, em RECIFE (PE); GALERIA DA RIBEIRA, OLINDA (PE); TEATRO DEODORO DA FONSECA, MACEIÓ (AL); GALERIA QUIRINO, SALVADOR (BA) 1967: TEATRO POPULAR DO NORDESTE, RECIFE (PE) 1968: MIRANTE DAS ARTES, SÃO PAULO (SP) 1969:  GALERIA CONTEMPORÂNEA, RECIFE (PE); GALERIA OCA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1970: FUNDAÇÃO ALVARES PENTEADO, “RETROSPECTIVA” e GALERIA PORTAL, SÃO PAULO (SP) 1971: MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE PERNAMBUCO, OLINDA (PE); GALERIA IPANEMA, RIO DE JANEIRO (RJ); BRASÍLIA (DF) 1972: SUCATA DECORAÇÕES, RECIFE (PE); GALERIA RECANTO DO OURO PRETO, FORTALEZA (CE) 1973: MUSEU DE ARTE SACRA, SALVADOR (BA); ESCOLA DE ARTE DA UFPE, RECIFE (PE); FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, NATAL (RN); GALERIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA, JOÃO PESSOA (PB) 1974: MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO (RJ) 1975: MAC/PE, “I SALÃO DE NUS ARTÍSTICOS”, OLINDA (PE) 1976: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “INAUGURAÇÃO”, RECIFE (PE); GALERIA SETA, SÃO PAULO (SP) 1977: MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PARANÁ, CURITIBA (PR) 1978: RANULPHO GALERIA DE ARTE e RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “ACRÍLICOS”, RECIFE (PE) 1979: RODRIGUES GALERIA DE ARTES, “30 ANOS DE CHALITA”, RECIFE (PE) 1983: GALERIA DE ARTE DA CASA DO BRASIL (EMBAIXADA DO BRASIL), ROMA (ITÁLIA); GALERIA HONTAKT-ZENTRUM, VIENA (ÁUSTRIA); CASA DO BRASIL, MADRI (ESPANHA); EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DA PAZ, ASSIS (ITÁLIA) 1985: GALERIA GAMELA, JOÃO PESSOA (PB); FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, NATAL (RN); GALERIA METROPOLITANA ALOISIO MAGALHÃES, RECIFE (PE) 1988: GALERIA CEZANNE, “O TRANSEXPRESSIONISMO DE CHALITA”, RECIFE (PE); FUNDAÇÃO ESPAÇO CULTURAL DA PARAIBA, “RETROSPECTIVA”, JOÃO PESSOA (PB) 1989: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, MACEIÓ (AL); PINACOTECA DE SÃO PAULO, “SURREALISTAS BRASILEIROS”, SÃO PAULO (SP); GALERIA PORTOFOLIO, BRASÍLIA (DF) 1990: GALERIA BETTY BARRETO, SÃO PAULO (SP); CENTRO DE ESTUDOS BRASILEIROS, BUENOS AIRES (ARGENTINA) 1991: GALERIA PERFORMANCE, BRASÍLIA (DF).

PARTICIPAÇÕES: 1955: Conclui o curso de Arquitetura na FACULDADE NACIONAL DO RIO DE JANEIRO. 1957: Estuda com o mestre VALVERDE, na REAL ACADEMIA DE SÃO FERNANDO, Madri, Espanha. 1958: Trabalha em pintura na ESCOLA DE BELAS ARTES DE PARIS, sob a orientação de Chapelain-Mydi. 1959: Realiza a cenografia do filme “UN JOUR COMME LES AUTRES”,  longa-metragem de  PAUL BORDRY,  em Limoges e Paris. 1960: Realiza a cenografia do filme “LES MINES ORIENTEAUX ET OCCIDENTAUX”, de BORDRY e JEAN DOAT, em Paris. 1962: Volta ao Brasil como Professor Catedrático da ESCOLA DE BELAS ARTES da UFPE, em Recife/PE. 1968: Projeta e restaura o PALÁCIO DO BARÃO DE JARAGUÁ, em Maceió/AL. 1971: É nomeado presidente da SOCIEDADE DE CULTURA ARTÍSTICA, em Maceió/AL. 1972: Funda o MUSEU PIERRE CHALITA, Maceió/AL. 1973: Como arquiteto, restaura a ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA de Maceió/AL e foi autor do projeto de RESTAURAÇÃO DAS CIDADES HISTÓRICAS DE ALAGOAS. 1974: Arquiteto-restaurador do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESTADO DE ALAGOAS e Recebe o título de Sócio-Benemérito do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESTADO DE ALAGOAS. 1977: Ilustra o livro “PEQUENOS POEMAS EM PROSA”, de BAUDELAIRE, traduzido por AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA. 1978: Profere palestra sobre “ARTE IMPRESSIONISTA”, na Rodrigues Galeria de Artes, Recife/PE. 1979: Recebe a Comenda “Pedro Alvares Cabral” da SOCIEDADE GEOGRÁFICA DE SÃO PAULO/SP e é eleito presidente da ASSOCIAÇÃO DE CULTURA FRANCO-BRASILEIRA, em Maceió/AL. 1980: Preside o V Encontro de Trabalho no 1º ENCONTRO DE ARTISTAS PLÁSTICOS PROFISSIONAIS, Rio de Janeiro, Cria a FUNDAÇÃO PIERRE CHALITA, Maceió/AL, Pinta um retrato do Papa JOÃO PAULO II, para a Coleção do Museu do Vaticano, Itália. Expõe suas pinturas dos Monumentos Históricos e Artísticos de Alagoas, em São Paulo e Rio de Janeiro e Coordena a exposição “DEZ PINTORES DA FUNDAÇÃO PIERRE CHALITA”, no Museu do Estado de Pernambuco. 1982: É nomeado professor da UNIVERSIDADE FEDERAL, Maceió/AL e Ilustra o livro “ANTOLOGIA CONTISTAS ALAGOANOS”, editado por RICARDO RAMOS, São Paulo/SP. 1983: Representa o Brasil na EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DA PAZ, em Assis/Itália. 1986: A convite da UNIVERSIDADE DE ROMA, profere palestra sobre a ARQUITETURA BRASILEIRA, em Roma/Itália. 1987: Lança  nacionalmente o livro “UM ANJO NO GALINHEIRO”, ilustrado com suas pinturas e texto de MIGUEL JORGE, publicado pela Barlendis & Vertecchia Editores e inaugura o MUSEU DE ARTE da FUNDAÇÃO PIERRE CHALITA, em Maceió/AL.

BIBLIOGRAFIAS

Louzada, Júlio. Artes Plásticas Brasil. Júlio Louzada, São Paulo, v.3 e 5, p.259 e 235.Anuário Ernani de Arte. Léo Christiano Editorial, Rio de Janeiro, Edição 1984, p.52 e 259.Cavalcanti, Carlos. Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Inst.Nac.do Livro/MEC, Brasília, v.1, p.399.Ayala, Walmir. Dicionário de Pintores Brasileiros. Spala Editora, Rio de Janeiro, v.1, p.195. 

Obs: Dados Biográficos colhidos no Século XX.

Marcelo Peregrino

MARCELO PEREGRINO SAMICO

Assina: Marcelo Peregrino ou Peregrino 4Rio de Janeiro, RJ, 11/08/1964.

PINTOR E GRAVADOR

                A tendência de Marcelo para as Artes Plásticas originou-se na sua infância, através da convivência com o seu pai, o destacado artista Gilvan Samico.  Observar quotidianamente, no atelier, seu pai produzindo obras que se encontram hoje fazendo parte dos mais importantes acervos e coleções, levou-o ao entusiasmo de produzir com talento gravuras e pinturas, com temática voltada especialmente para as paisagens de Olinda.

                Guita Charifker escreveu: “Vi Marcelo começar a pintar. Penso que todo ser humano nasce criativo. Desenvolver esse potencial é uma questão de oportunidade, de vida. Marcelo teve essa oportunidade. nasceu dentro de um atelier. Seu pai o gravador Gilvan Samico e Célida, sua mãe, são artistas totalmente dedicados à arte”.

                “Da vivência de Marcelo com gravuras e pinturas, ao momento de passar a freqüentar um atelier ao ar livre, foi um longo aprendizado. Daí Marcelo começou a pintar com calma e com segurança surpreendentes”.

                “A sensibilidade é cultivada e o conhecimento é cumulativo. E Marcelo desenvolveu essa sensibilidade e acumulou conhecimentos. Sempre viveu cercado de arte. O desenho equilibrado e a aventura da cor foi uma curta e intensa experiência vivida por ele durante o atelier de campo, onde trabalhávamos juntos, ele, Samico, Célida e eu: Itamaracá, Vila Velha, arredores…  Marcelo é mais um jovem pernambucano a se juntar a nós, artistas que fazemos o nosso Estado ser respeitado e conhecido – a ascendente Escola Pernambucana, que, segundo José Cláudio, começou com os holandeses de Maurício de Nassau. Marcelo, viva “!

                Gil Vicente, em novembro de 1994, fez a seguinte crítica: (…) “Desenvolvendo seu trabalho, Marcelo tem forte atração pela imagem figurativa – representational, como dizem acertadamente os americanos, não limitando a denominação à figura e também escapando das confusões provocadas pelo termo ‘realista’. Com especial atenção para a paisagem, nos enquadramentos fechados ou em planos mais abertos, Marcelo vem revelando muita expressividade na interpretação do que observa ou imagina. A habilidade no artesanato da pintura lhe coloca mais perto do gesto e do impulso gráfico, sem desprezar o que merece detalhes, não havendo titubeios técnicos na execução dos quadros”.

                “As influências acontecem em Marcelo como no trabalho de todo artista jovem e sério: adquiridas na necessidade de referências, digeridas na dialética da assimilação e transformadas em aprendizado. E, com a bagagem e os recursos de que já dispõe, ele é justamente mais expressivo e intenso nos temas e trilhas pictóricas pessoais, criando atmosferas que atraem o espírito e oferecendo, já dentro da obra, densidade cromática, composições e ricos equilibrios de valores que conduzem com sensibilidade a fruição estética do espectador”.

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