MÁRIO LUNA DE CASTRO NUNES
Assina: MÁRIO NUNES 4Recife, PE, 27/10/1889– Recife, PE, 1982.
PINTOR
Começou a pintar aos nove anos de idade. Nasceu no bairro de Casa Amarela, no Recife, fazendo seus estudos primários com a professora Maria Barbosa e o curso médio no Instituto Ayres Gama, onde fundou um jornal manuscrito intitulado A Paleta, do qual era ilustrador. Na pintura, teve como mestre o Pintor Telles Júnior. Era catedrático com tese sobre paisagem. Hoje, suas obras, são disputadas por colecionadores, principalmente de Pernambuco.
Lucilo Varejão afirmou: “O que há de notar em Mário Nunes é que a sua obra não se parece com a de nenhum outro pintor aqui vivido. Nem na preferência dos assuntos, nem sequer na obstinação pessoal por certas tintas. A paixão de Telles pela Terra de Siena corresponde em Mário a exaltação pelos Cádmios e Vermelhão da China. (…) Olinda, com as suas igrejas e conventos centenários, seus sobradões do tempo dos Afonsinhos, suas casas de biqueira e seus decrépitos balcões de gosto hispano-árabe, constitui o seu imediato interesse de interpretação”.
Em 1907, criou com um grupo de amigos o Grêmio Dramático Espinheirense e logo em seguida, iniciou-se na pintura de cenários para várias companhias teatrais, ao lado do pintor Álvaro Amorim. A cenografia das operetas “Amor de Príncipe”, “Mazurca Azul”, “Madrinha dos Cadetes” e “Aves de Arribação”, são alguns trabalhos de sua autoria. Em 1919, participa do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro e três anos depois (1922), realiza no Recife sua primeira exposição individual, no Gabinete Português de Leitura. Em 1928, foi laureado com Medalha de Bronze no Salão Nacional de Belas Artes e dois anos depois (1930), com a Medalha de Prata conferida pelo Governo do Estado de Pernambuco com a obra “Igreja de São João – Olinda”, tela que pertence ao acervo do Palácio Campo das Princesas, no Recife. Foi professor da Escola Doméstica de Pernambuco, do Instituto Carneiro Leão do Recife e da Escola Normal Pinto Júnior. Foi contratado de 1930 a 1932 do Ginásio Pernambucano e em 1934, da Escola Normal Oficial de Pernambuco. Em 1932, junto com Álvaro Amorim e Balthazar da Câmara, monta um atelier no segundo andar da rua Joaquim Távora, 105, no bairro da Encruzilhada. Neste mesmo ano, no dia 29 de março reuniram-se neste atelier seus proprietários e Murillo La Greca, Henrique Elliot, Emílio Franzosi, Luiz Matheus, Heinrich Moser, Bibiano Silva e Georges Munier e fazem a abertura do livro de atas, fundando a Escola de Belas Artes de Pernambuco. Escolhem para diretor o escultor Bibiano Silva, para secretário o engenheiro Jayme Oliveira e para tesoureiro o pintor Balthazar da Câmara. Ocupou na referida escola a Cadeira de Paisagem durante 27 anos, até chegar à compulsória. Em 1942, é agraciado com o 2º Prêmio no I Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco. Em 1947, com 58 anos, viaja para a Europa junto com Balthazar da Câmara, onde pinta vários quadros. Gostou muito de Lisboa e ficou deslumbrado com Paris, onde visita o atelier de Cícero Dias. Além de freqüentar museus e exposições de pintura, trabalhou bastante, fixando algumas paisagens da capital francesa em suas telas. Até o final de sua vida, a recordação dessa fase de sua existência sempre o emocionou profundamente.
Mário Nunes faleceu na sua cidade natal aos 93 anos de idade e, segundo a artista plástica Lúcia Uchoa de Oliveira; “o que fez de seus quadros, mágicos e coloridos momentos, foi o domínio que tinha sobre a cor e suas variações infinitas, expressando-se através de riquíssimas harmonias cromáticas”. No convite da sua última exposição retrospectiva, consta a seguinte mensagem; “O talento de Mário Nunes não envelheceu. Ele foi fiel a sua vocação: amou-a com paixão até a morte e fez dela o sentido de sua vida”.